domingo, 26 de janeiro de 2014

CONTOS

Conheço vários “contos” onde vigaristas profissionais conseguem, num trabalho teatral, convencer inocentes, ou ambiciosos, com as suas histórias de caipira analfabeto.
Quem nunca ouviu alguém contar, ou já leu em jornais, a incrível história de um matuto que trocava um bilhete de loteria premiado por uma passagem de ônibus na rodoviária e, mais algum dinheiro em espécie, para providenciar o enterro do pai falecido em um distante município do Estado? E o pseudossortudo fazia o bom negócio com o falso “artista”.
O termo “artista” foi massificado recentemente como sinônimo de esperteza pelo ex-presidente da Câmara de Vereadores de Cuiabá, ao se referir aos seus colegas vereadores.
“Lá só tem artista”, teria dito o presidente da Câmara para se defender das acusações de deslizes administrativos.
Um ex-presidente da República, quando deputado federal dos mais relapsos, afirmou que no Congresso Nacional existia, pelo menos, trezentos “picaretas”, que é uma forma rude de tratar seus colegas.
Em sendo assim, é promissor o futuro político do criador de “artistas” na Câmara de Cuiabá.
O tempo responderá!
São tantos os “contos”, antigamente chamados de golpes, que o mais utilizado hoje, com grande margem de segurança e sucesso, é o de exportar jovens para arrumar empregos rentáveis, especialmente na Europa, com infindáveis alternativas, inclusive para a indústria do entretenimento cantando nas melhores boates e com chances de ingressar no cinema.
E as “espertas” brasileirinhas vão correndo para o continente das artes e dos jogadores famosos de futebol de todo o mundo atrás dos fáceis euros.
Logo descobrem que caíram no “conto” das escravas do sexo, e que agora pertencem a um empresário que nunca viram.
Algumas conseguem fugir para o Brasil, outras morrem por lá, vítimas da exploração do comércio das escravas.
Já conversei com muitas dessas meninas. Confesso que mesmo para um velho médico acostumado a acompanhar muitas misérias humanas, é impossível não se emocionar perante essa tragédia social.
Assistimos de braços cruzados ao desespero de centenas de famílias vítimas desta audácia do crime organizado no nosso país.
Em uma nação que fornece bolsa alimentação para cerca de 10% da sua população, a fome faz com que uma menina aceite ser bem “empregada” na Europa. Assim, poderá salvar da fome, miséria e analfabetismo seus irmãozinhos e ajudar seus pais.
Não são apenas os bandidos os responsáveis por essa rota do crime de prostituição, e sim, os nossos governos que abandonaram a nossa juventude.
Oh! Gente! Vamos criar “contos” sociais para evitar essa desumanidade?

Gabriel Novis Neves
02-01-2014

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