“São
narrativas para explicar fatos da realidade e fenômenos da natureza. Não
explica racionalmente a origem das coisas e é tido como verdade por causa da
pessoa que a relata”.
Houaiss
diz que os mitos não passam de uma lenda; fantasia que não existe na realidade.
Outros defendem a tese que os mitos fazem parte da nossa cultura.
Um
dos muitos mitos utilizados pelos nossos gestores públicos maiores, é que não
falta dinheiro para a nossa tão combalida saúde pública. Dinheiro tem de sobra
para se fazer um belo programa de saúde pública - modelo Hospital Sírio Libanês
em São Paulo - para beneficiar a nossa população mais necessitada.
O
que falta não é verba orçamentária, e sim, gestão - numa afirmação de
prepotência sem fim. Debocham quando dizem que, geralmente, os secretários de
saúde são médicos, péssimos administradores da coisa pública. Mas, imbatíveis
quando gerenciam o seu tempo de trabalho, pois são obrigados a ter vários
empregos para sobreviverem.
O
bom gestor, mesmo em setor especializado, tem de ter o perfil empresarial. Essa
é uma historinha que há muitos anos ouvimos dos plantonistas do poder.
Então,
ficamos assim: o culpado pelo desastre na saúde pública é sempre o médico
ocupante do cargo de secretário. Sai governo, entra governo e o desdém com a
nossa saúde pública continua piorando.
O
executivo, para esconder o quadro de terror que é o atendimento médico ao pobre
(dever do Estado e direito do cidadão), resolve divulgar números otimistas de
produtividade que, por não serem mitos, não convencem ninguém.
O
executivo-empresário para resolver o problema, que na verdade é de falta de
financiamento público, demite o secretário incompetente, que não sabe construir
hospital sem dinheiro.
Daí
a grande rotatividade de secretários de saúde em um mandato de quatro anos.
Pois
bem. Há um ano foi convocado para assumir a gestão da saúde em nossa capital um
médico. Um médico com experiência profissional de mais de trinta anos,
vitorioso e competente. No entanto, nunca tinha sido, até então, funcionário
público.
Além
de médico, é um empresário e empreendedor em negócios de saúde. Liderou um
grupo de colegas para a fundação da primeira clínica privada especializada em
atenção à saúde da mulher e da criança, tornando-se referência, não só em nosso
Estado, como em toda a região norte do Brasil.
Por
dois mandatos consecutivos transformou uma pequena Cooperativa de Serviços
Médicos em uma das empresas modelo do Brasil, recebendo inúmeros prêmios de
entidades nacionais com farta matéria na mídia especializada de São Paulo.
Foi
diretor tesoureiro dessa Cooperativa Central, onde exerceu um mandato cheio de
elogios, e a Cooperativa caminhou para frente.
Nessa
época teve a sua primeira experiência no setor público. Aceitou o convite para
ser Secretário Estadual de Saúde. Sua permanência na pasta foi de apenas trinta
dias. Não suportou trabalhar em uma secretaria cujos cargos estavam loteados
por ocupantes de méritos políticos.
Como
todo empresário audacioso, sempre esteve engajado na política partidária,
sendo, inclusive, um dos fundadores do PSDB.
Com
Luis Soares, foi candidato a consolidar o partido no Estado. Quando, por longos
anos seu partido estava no poder, foi “esquecido”, por ser empresário, e o viés
era de “esquerda”.
Acredito
que a sua última experiência pública como gestor está encerrada.
Desencantado
por não poder realizar seus projetos para salvar a nossa saúde pública no ano
da Copa, solicitou a sua exoneração, após um ano de sacrifícios.
A
saída do Kamil da pasta da saúde significa a quebra de mais um de tantos tabus
que povoam esta cidade de lendas e crendices.
O
problema da nossa saúde pública é de falta de financiamento público, e não, de
gestão, como querem os mitólogos.
Gabriel Novis Neves
07-01-2013
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