Todas
desastrosas, as ditaduras governamentais são temidas pela maioria das pessoas,
sejam elas de direita, de centro ou de esquerda.
No
momento, vivemos outro tipo de ditadura, tão contundente quanto àquelas - a da
moda e da beleza.
Ao
contrário das outras, esta vem se estabelecendo lentamente e, graças ao seu
forte poderio econômico, foi fazendo uma lavagem cerebral subliminar na
humanidade.
Quanto
mais subdesenvolvido o país, maior a facilidade na inserção de novos
estereótipos de beleza e de comportamento. As indústrias da moda e da beleza
estão em grande ascensão e ávidas por lucros cada vez maiores.
Com
a eficiência desse processo, as pessoas foram se tornando cada vez menos
diferenciadas, adaptando-se no dia-a-dia aos moldes preconizados pela indústria
do corpo.
Mulheres
de cabelos longos e lisos, olhos amendoados emoldurados por cílios postiços,
bocas botoxadas, seios siliconados e figuras esquálidas, quase etéreas.
Homens
musculosos, com braços tatuados, abdômen com músculos trabalhados, pelos
corporais escassos e olhar vago e desinteressado.
Já
se torna difícil de encontrar em festas ou em baladas seres com características
próprias e, principalmente, com o orgulho de se sentirem únicos.
As
reuniões sociais festivas se transformaram em verdadeiros desfiles militares,
tal a uniformização de homens e mulheres.
As
mulheres, sempre mais exuberantes, montam o seu modelo Barbie. Muitas vezes,
algumas delas são confundidas com as tias ou avós da Barbie – dependendo da
idade.
A
modernidade está conseguindo que sejamos únicos apenas nas impressões digitais.
Até
bem pouco tempo atrás as bacias ginecoides, sonho erótico da maioria dos
homens, eram veneradas como símbolos de fertilidade.
O
tão falado erotismo dos anos sessenta rolava tranquilo, sem o uso de
medicamentos estimulantes, e o envelhecer ocorria sem sofrimentos e sem
cobranças, tudo muito natural, com a dignidade trazida pelos anos vividos.
Mas
os tempos são outros e, com eles, a tortura geral de corresponder aos modelos
estéticos vigentes que levam tantas pessoas a estados de anorexia e depressão.
Cada
vez mais nos tornamos clones de nós mesmos, numa tentativa vã de busca da
juventude eterna.
Junto
com toda essa aberração física vemos, a cada dia com mais frequência, a
anormalidade dos comportamentos, cuja frieza e desinteresse chegam às raias da
robotização.
Aliás
, segundo previsões científicas, em alguns anos será difícil a diferenciação
entre o homem e a máquina - o robô.
Gabriel Novis Neves
02-12-2013
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