terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Sinal


Uma das perguntas mais frequentes em meu consultório feitas pelas clientes é saber quando começa o envelhecimento.
Alegam que são cuidadosas e gostariam de fazer prevenção estética.
Com o passar do tempo todos pagamos uma taxa de sobrevivência, vendo as modificações anatômicas surgirem em nosso corpo.
É um pezinho de galinha no canto dos olhos. As inevitáveis bolsas oculares, causando um ar de cansaço. A incômoda papadinha, com o afinamento dos lábios. Rugas pelo pescoço, flacidez dos músculos do braço e as mãos de aspecto traidor.
Tórax e abdome sofrem alterações “incomentáveis", quando não há mais dúvidas da chegada do envelhecimento.
A resposta para essas cobranças, de há muito tenho prontas.
É simples saber quando a idade desembesta a subir.
Em primeiro lugar começamos a achar que todo mundo é muito jovem.
Segundo, as pessoas que encontramos, e não fazem parte do nosso cotidiano, sempre dizem que estamos muito bem.
Esses dois sinais fecham o diagnóstico da idade avançada.
Vivo estes sinais.
Acho todo mundo muito jovem e as pessoas  sempre me saúdam com o famoso: “você está bem, heim?!!!”
Sinal de envelhecimento não deve nos preocupar. Esses sinais citados aparecerão normalmente.
Difícil é aprender administrar as substituições passadas pelo nosso organismo e, principalmente, as alterações emocionais, grande conquista desse período da nossa idade.
Nessa fase em que não devemos mais explicações, o nível de tolerância para com as bandalheiras dos nossos políticos com o nosso dinheiro é zero.
Esse sinal explícito de envelhecimento, que é a intolerância, ao contrário do que muita gente pensa, é a grande conquista do idoso.
Exemplos temos diários, em uma população de jovens que lutam pela sua sobrevivência trabalhando e estudando.
Não adquiriram ainda direito ao tempo, nosso grande mestre.
Citarei alguns exemplos de envelhecimento, que são notícias insuportáveis para os idosos:
"Vistoria reprova 70% das rodovias de MT".
Simplesmente inaceitável, que o governo do Estradeiro tenha deixado essa herança.
"Governo de MT assume funções do governo federal e compra 10 carros na Rússia para fiscalizar as nossas fronteiras com a Bolívia".
Depois de denunciado pela imprensa, o negócio foi desfeito menos o adiantamento da comissão exigida pela empresa.
Enquanto isso o JN no Ar mostra ao mundo a situação da nossa saúde pública.
"Pronto-Socorro desmanchando", e o governo preocupado com a cobrança das emendas dos deputados estaduais.
"O governo federal criou um toma-lá-dá-cá para 'convencer' o Congresso Nacional a aprovar a proposta de emenda constitucional que prorroga por quatro anos a Desvinculação de Recursos da União (DRU), que acabaria no próximo dia 31 de dezembro".
Foi reservado para esse convencimento dos nossos representantes no Congresso Nacional, a bagatela de R$ 6,188 bilhões para emendas parlamentares.
Basta!
Estou muito velho para continuar a escrever sobre sinais de envelhecimento.

Gabriel Novis Neves
20-01-2012

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

CORAJOSO


Alguns empresários me disseram que investir em Mato Grosso é um ato de muita coragem. Quis saber o motivo.  Eles foram muito convincentes e objetivos nas suas ponderações.
Infelizmente, foi institucionalizada por aqui, a propina. A propina está presente em todos os níveis de poder - salvo honrosas exceções. O que torna quase impossível montar um novo empreendimento no Estado de Rondon pelas vias legais e éticas.
Espontaneamente, citaram vários e muitos casos de indústrias que se frustraram com o modo Mato Grosso de governar, e estão expandindo os seus negócios para lugares onde a taxa de zelo é menor e há respeito no trabalho deles.
Estamos ficando como filiais de muitas empresas que nasceram aqui, e que mandaram as suas riquezas para fora.
Não irei citar nomes, mas perdemos uma importante indústria, que seria única, para Anápolis (Goiás).
Nossos genuínos empresários estão investindo em Estados do nordeste e no exterior.
Empresário de qualquer ramo de atividade, senão estiver com a sua carteira de vacinação atualizada, com certeza, morrerá de raiva diante às inúmeras mordidas que receberá para montar o seu negócio.
É tão séria essa situação, que o empreendedor tem que vestir o uniforme do poder para garantir o seu aético sucesso.
Quando uma empresa de grande porte e nome internacional por aqui aparece, pode estar certo que aí tem.
“Facilidades” são concedidas a ela e, provavelmente, uma participação por vias de laranjas.
O Estado brasileiro sempre foi um grande e desumano assaltante, obrigando a sua população a trabalhar cinco meses por ano para sustentá-lo, sem nada receber em troca.
Pelo menos, educação, saúde e segurança, deveriam ficar a salvos dessa extorsão compulsória.
O sistema de chantagem foi tão bem montado nesta nação que, quando alguém da cúpula criminosa é citado, logo é defendido dizendo que esse bandido, não é qualquer um.
Bandido é bandido! E todos são iguais perante a lei - onde há leis e estas são cumpridas.
O nosso Estado, segundo relato de empresários que só desejam trabalhar e serem respeitados, está todo dominado pela falta de ética com o patrimônio público. Repito: com as honrosas exceções para confirmar a regra.
A dificuldade em combatê-los, é que corruptos e corruptores se associaram, vivendo na mais perfeita paz e harmonia.
Com relação “As Cartas Marcadas,” o programa contaminou grande parte dos poderes constituídos e a imprensa. Ficou fácil compreender por que existe secretário imexível. Se ele abrir a boca e der nome aos bois, antes que isso aconteça, será um candidato sério a uma viagem forçada para salvar o Estado.
Possui a relação completa e a história das Cartas Marcadas, Precatórios, compra de maquinários etc. Melhor ficar por aqui.
Montar negócios atualmente em Mato Grosso, é um ato de coragem empresarial.

Gabriel Novis Neves
19-12-2011

domingo, 29 de janeiro de 2012

Machado de Assis


Joaquim Maria Machado de Assis foi cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, crítico e ensaísta.
Filho de um operário mestiço – negro com português - e de uma mulata brasileira. Perde sua mãe muito cedo e é criado pela madrasta, também mulata, que se dedica ao menino e o matricula na escola pública - única que o autodidata Machado de Assis frequentou.
Machado nasceu no Rio de Janeiro e passou a sua juventude no morro do Livramento, onde ajudava na celebração da missa na igreja Lampadosa.
Com a morte do pai, torna-se vendedor de doces num colégio do bairro de São Cristovão. No colégio tem contato com professores e alunos e, é até provável, que assistisse às aulas nas ocasiões em que não estava trabalhando.
Aprendeu francês com um forneiro de uma padaria. De saúde frágil, epiléptico, gago, sabe-se pouco de sua infância.
Machado foi casado, mas não teve filhos. Fundador e primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras. Sua oração fúnebre foi proferida pelo acadêmico Rui Barbosa.
Foi funcionário público do Ministério de Obras e Agricultura. Resumidamente foi isso que aprendemos na escola.
O GUIA Politicamente INCORRETO da HISTÓRIA do BRASIL, de Leandro Narloch, nos enriquece com informações que constam nos arquivos das grandes bibliotecas. Por exemplo:
“Machado de Assis é um tipo incomum de gênio - aquele que alcançou a fama muito antes de publicar os primeiros romances. Seu primeiro cargo público, pela sua genialidade de crítico, foi o de censor do império, comum naquela época, e odiado hoje: agente da censura”.
“Machado foi censor do Conservatório Dramático, o órgão da corte do imperador dom Pedro II, encarregado de julgar as peças que poderiam ser levadas ao público. Entre 1862 e 1863, avaliou dezessete peças, proibindo três delas”.
A Mulher que o Mundo Respeita não ganhou a licença porque o censor achou a comédia “um episódio imoral, sem princípio nem fim, uma baboseira”.
O drama, As Conveniências, foi reprovado com uma justificativa curta, que zelava pelos bons costumes: “Não posso dar o meu voto de aprovação ao drama As Conveniências. É um serviço à moral proibir a representação dessa peça.”
O professor João Roberto Faria, da Universidade de São Paulo, detalha as regras que Machado de Assis tinha que seguir em seu trabalho de censor.
Primeiro: “proibir a história que tivesse assuntos e expressões que ferissem o decoro, pois era preciso garantir que “pudesse a Imperial Família honrar com a Sua Presença o espetáculo”.
Segundo: “barrar as peças contrárias à religião e às autoridades brasileiras.”
Para Machado isso era pouco. Gostaria de praticar uma censura ainda mais cruel do que aquela que lhe era permitida fazer.
Hoje em dia, com tanta peça ruim nos teatros, novelas, mini-séries, livros e publicações, um censor como Machado de Assis não seria nada mal.

Gabriel Novis Neves 
 08-01-2012

sábado, 28 de janeiro de 2012

MEU ANALISTA


Todo ser humano fica desesperado quando enfrenta fortes dificuldades, sejam materiais ou não.
Na teoria, essas questões são fáceis de resolver, e existem especialistas em todas as áreas do sofrimento humano dispostos a emitirem os seus pareceres, mesmo sendo cortesias.
Acho que foi por isso que surgiu aquele velho e conhecido ditado popular, mas sempre atualizado e repetido pelas pessoas: “Se conselho fosse bom ninguém daria de graça.”
Certas pessoas, diante das dificuldades que a vida lhes apronta, preferem a própria morte aos conselhos ofertados em atacado.
O meu analista certa ocasião, quando lhe apresentei um problemão - que não era meu -, mas que, inconscientemente o tinha assumido, causando-me sofrimento, ele tranquilamente esperou o final da história.
Na resposta à minha indagação, disse-me que eu desejava era resolver os problemas da humanidade e esquecendo os meus.
Lembrou-me que o filho de Deus, que veio com carta branca para resolver essas pendengas da vida, foi assassinado aos trinta e três anos de idade, em uma cruz, ladeado com dois ladrões.
Se, quem tinha competência foi assim tratado pela humanidade, imagine você que não tem competência ou direito de julgar as pessoas, muito menos é capaz de saber o que é certo ou errado. Ou você pensa que é Deus?
Entendi a mensagem do analista e voltei à minha insignificância, diante de tamanha grandiosidade que é a vida e o papel do ser humano.
Se todos os humanos se esforçassem para cuidar de si, o mundo seria bem melhor. Só ama o próximo, aquele que ama a si mesmo.
Somos educados para sermos heróis. Diante da impossibilidade de alcançar esse objetivo, passamos a namorar a antevida, que é a própria morte.
Essa é a vida como ela é - como diria o Nelson Rodrigues. O meu analista acha que somos eternos imaturos, achando que diante de uma dificuldade existencial, podemos resolver tudo como imaginamos.
Somos humanos, e como tais, sofremos e amamos.

Gabriel Novis Neves
16-012012

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Horário


Não sei se herdamos da civilização pré-colombiana, dos europeus ou dos africanos, a cultura de não se cumprir os horários e valorizar o atraso em nossos compromissos.
Quando um horário é respeitado desconfiamos que alguma coisa está errada - chega a nos causar estranheza.
Tudo neste país funciona na base do atraso. A televisão nos informa que os atrasos nos voos de avião estão na média de sete horas.
Único horário respeitado hoje é o horário do nascimento das crianças que, na ausência do parto normal, todas nascem em dia e hora marcada de cesariana.
A falta de cumprimento com o horário do casamento religioso, aliado à carência de sacerdotes, fez a igreja católica adotar punições severas para os infratores da boa educação.
Após uma pequena tolerância no atraso da noiva a multa é elevadíssima. Melhorou um pouco para os padres que, em uma noite, às vezes, tinham vários casamentos a fazer, inclusive em paróquias diferentes e distantes.
Para os convidados não alterou em nada, pois nos convites era colocado um horário com antecedência, geralmente de uma hora, e com o padre os noivos combinavam um horário mais tarde.
Neste caso não havia multa, mas o convidado, muitas vezes, desistia da peregrinação completa. Fiz isso várias vezes, pois não consigo me atrasar nos meus compromissos.
Sou médico, e cedo aprendi a administrar o tempo. Os economistas consideram os médicos os melhores administradores do tempo. Conseguem estar em vários lugares na mesma hora, para desespero dos gestores de médicos.
Disseram-me na escola que para mudar a cultura de um povo levam-se séculos. Não tenho mais tempo de vida útil para usufruir de uma civilização onde os horários serão cumpridos e os atrasos penalizados.
Observo certas conversas e noto a alegria quando alguém comenta, por exemplo, que a noiva estava linda, apesar do atraso de quase três horas.  
Existe o atraso estratégico, para se evitar o encontro com o beltrano ou com a sicrana.
O mais comum é o atraso promovido pelos políticos, em todas as modalidades. De uma simples visita, a uma inauguração ou a uma festa de colação de grau.
Talvez o não cumprimento do horário não merecesse essas observações, se isso, muitas vezes, não tenha sido a causa do atraso do nosso Estado
Vamos cumprir os horários, gente?

Gabriel Novis Neves
03-01-2012

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

FINAL DO MUNDO


Sou da geração que cresceu sabendo que o mundo acabaria no ano 2000. A princípio, para quem nasceu em 1935, a data do apocalipse estava muito distante.
Como o tempo custa a passar para as crianças, esqueci aquela previsão e toquei tranquilamente a minha vida.
Concluí o ensino básico em Cuiabá, depois morei doze anos no Rio de Janeiro, onde achei que tudo já tivesse acontecido comigo.
Fiz o meu curso de Medicina, servi o exército brasileiro, casei-me com uma argentino-brasileira, vi nascer a bossa nova, participei e acompanhei muitos fatos históricos da recente história verdadeira do Brasil.
Retorno à minha Cuiabá. Aqui nasceram os meus três filhos, e percebi que o tempo começou a andar bem mais rápido quando os meus filhos se casaram e o meu ninho ficou vazio. Todos os meus seis netos nasceram antes do ano 2000.
De repente lembrei-me da história que ouvi quando criança sobre o fim do mundo. O ano 2000 estava chegando às minhas portas - a data fatal – e, em um rápido exame de consciência, percebi que tinha feito tão pouco, que precisava de uma prorrogação.
Enfrentei, abraçado com a minha família - todos vestidos de branco e rezando - a meia-noite do dia 31 de dezembro de 1999. Alegria, choro, abraços, solidariedade, os fogos de artifício pipocando pela cidade e o mundo continuou, não acabou.
Logo fomos presenteados com o amanhecer de um novo dia, e mais tarde, com o crepúsculo, anunciando outro anoitecer.
Apenas um equívoco dos alarmistas intérpretes do futuro. “Tudo não passou de uma brincadeira” - disse-me minha mãe, antes de completar noventa anos de expectativa da data final da humanidade.
Passado uma década desse susto, não tenho mais a companhia vital da minha mãe e da minha mulher.
Nova ameaça ganha as manchetes de revistas e jornais. Desta vez não há erro, - o final do mundo será no dia 21 de dezembro de 2012.
Baita sacanagem! Estamos gastando uma nota preta para fazer essa Copa do Mundo em Cuiabá, para o mundo acabar antes? Reclamar pra quem?
Ou tentamos com a NASA uma viagem apressada para a lua, onde conhecemos bem o caminho e não fica tão longe assim, ou pereceremos todos.
Arca de Noé? Nem pensar. O mundo evoluiu. Não concebemos mais tafuiá alguns privilegiados em um barco para se salvarem.
Diante do imponderável, sugiro que, daqui para frente, ninguém mais trabalhe e receba salário mínimo ultrapassando o teto constitucional - com direito a verba indenizatória de gabinete, auxílio moradia e para compra de livros e revistas.
Aluguel de avião pequeno, carro e moto. Correio, telefone, passagens de avião - sendo uma para o Rio de Janeiro - e emendas parlamentares a todos os cidadãos brasileiros.
O único plano de saúde será o atendimento no Hospital Sírio Libanês, podendo fazer convênio com outros congêneres como Albert Einstein, Samaritano, Oswaldo Cruz e alguns da rede privada do mesmo padrão. Fica extinto o SUS.
Falta tão pouco tempo para que tudo se acabe, que seria bom parar de gastar esse dinheirão nas obras da Copa e direcionar esses recursos para exterminar a miséria e fome neste país.
Fica também acertado que não adianta mais roubar dinheiro público, pois mesmo sendo uma atividade que goza de imunidade e impunidade no Brasil, de nada adiantará diante da catástrofe eminente.
Preparemo-nos para que, no dia marcado, estejamos vestidos com trajes elegantes. Todos de roupas importadas de grifes e barriga cheia de comida, com direito a chefes de cozinha, com os melhores vinhos do mundo, igual aquele que se tomou para comemorar uma eleição presidencial.
Iremos unidos para o mesmo lugar em situação de igualdade. E se falhar a previsão como das outras vezes?
Teremos um país mais justo, igualitário e humano.

Gabriel Novis Neves
12-01-2012

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Descanso


O período de férias do brasileiro, também chamado como a época de descanso para repor energias perdidas, só perde em duração para os meses que trabalhamos para pagar impostos, sem nenhum retorno social à população.
No momento, ninguém pensa em trabalhar, e sim, utilizar-se da promiscuidade dos transportes para descansar para o carnaval.
Não conheço ninguém, neste paraíso de contradições, que não esteja de férias merecidas.
Um ligeiro contratempo metereológico no centro sul do Brasil, foi o suficiente para interromper o descanso dos dirigentes do poder, trazendo-os de volta para Brasília.
Como o castigo anda a cavalo, o ministro das chuvas curtia o sol causticante das praias de Recife, onde o céu era de brigadeiro. A presidente, na Bahia, soube pela televisão da tragédia que assolava Minas, destruía o Rio, colocando em risco os barracões das escolas de samba, as únicas escolas brasileiras com aceitação pelos organismos internacionais como de qualidade.
Dizem que, inclusive, a presidente interrompeu as suas férias caríssimas e retornou para comandar as enchentes e a nova crise política, tão comum nesse governo.
Brasília tem, nestas férias, mais ministros que candangos de imunidade parlamentares, tudo motivado por uma simples bobagem.
O ministro das chuvas, que faz política em Recife, liberou 90% do orçamento destinado a atender cidades inundadas do Brasil, para a região do Porto de Galinhas, que é uma praia para milionários nacionais e estrangeiros.
Tudo foi previamente combinado, e o combinado sempre foi barato. Para os cientistas da numerologia: a presidente, que teve em Pernambuco quase 90% dos votos na última eleição, logo, 90% dos recursos foi entregue de porteira fechada ao ministro de lá.
Quando Mato Grosso tinha força política em Brasília, recebemos dinheiro federal para combater os danos do El Nino, que só tomamos conhecimento pelos noticiários da televisão.
Interessante que dizem que esses recursos foram utilizados e que a prestação de contas aprovada pelos órgãos competentes.
E ainda tem gente esclarecida que não acredita na flatulência da Chapada dos Guimarães, produzindo intensa ventania.
A esculhambação com o dinheiro público é tamanha, que ninguém mais se importa com essas tragédias programadas.
“A vida pública brasileira é um circo de anões bem sucedidos,” disse Otto Lara Resende. Vivemos a época da imbecilidade premiada. Quanto mais imbecil for o gestor público, mais chance de uma progressão de sucessos.
Recebi a visita de um velho amigo, que escolheu o meu refúgio como acampamento para descansar. De que, não sei, nem irei perguntar. Talvez do cansativo nada para os principiantes.
Aqui o que não falta é silêncio e tranquilidade, onde todos os dias se parecem com o domingo e a sua solidão protetora.
A liberdade parece até incomodar aos não adeptos desta filosofia de vida, em que perguntar é ofensa grave.
Horas de silêncio, com cada um fazendo o que gosta num mesmo espaço, é uma conversa confortadora.
Não entendo o furor dos aeroportos, com tanta gente procurando aquilo que possuímos em excesso: a beleza da simplicidade de quem mora pertinho do céu e, de onde escrevo, vejo-o encontrar-se com a terra.
Acho que lá, nem de escadinha preciso para entrar no paraíso. Sofro pressão de familiares, parentes e amigos, para sair daqui para descansar.
Com a chegada do meu amigo, continuo sofrendo pressão, desta vez, não para viajar, mas para medir a sua pressão arterial de duas em duas horas.
Diante das pressões recebidas, irei à rodoviária, sem meu medidor de pressão e, para me ver livre delas, escolherei uma viagem para algum lugar que não complique a minha viciada solidão.
Não suportarei pressão para tirar férias e, muito menos, pressão para medir a pressão arterial do meu hóspede.
Vou descansar das pressões.

Gabriel Novis Neves
10-01-2012

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

FALTA DE NOTÍCIAS


Muitos jornalistas dos grandes centros reclamam que janeiro é um mês onde se trabalha contra um grande inimigo - a falta de notícias.
Se Mato Grosso possuísse um bom serviço de comunicação oficial, essa inimiga soaria como excepcionalidade para o experiente jornalista.
Por aqui, se existe uma coisa que não falta são notícias - as mais extravagantes, em todos os setores de atividades.
 - O governo está sem projeto e dinheiro para tocar a principal obra que ficará como legado da Copa do Mundo em Cuiabá, que será sem dúvida o projeto da mobilidade urbana chamado de VLT.
 - O governo do Estado, nesses primeiros dias de janeiro, anuncia que tentará em Brasília, a liberação dos recursos que estavam destinados ao BRT, vetados pela atual administração estadual. A justificativa é que o antigo projeto, aprovado pelo governo federal, estadual e FIFA, é obsoleto, ultrapassado, não mais utilizado no mundo moderno.
A luta para passar esses recursos para o VLT moderno necessita do projeto aprovado pelos organismos federais competentes e, até agora, não possuímos esses documentos. Além do mais, o recurso que o governo federal colocou em seu orçamento, corresponde a menos da metade do previsto para a conclusão das obras.
 - Outra batalha surge: a liberação pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) de uma quantia semelhante a algo em torno de setecentos milhões de reais.
Quem trabalha com o governo sabe a velocidade dessas solicitações e o prazo inadiável da competição em que serão necessárias.
- No início do ano, os governos realizam um corte em seus orçamentos aprovados pelas Câmaras Legislativas - por motivos de segurança para monitorarem se a arrecadação está compatível com os gastos.
Preocupante, especialmente para as cidades sede da Copa, é que as agências destinadas a nos emprestar recursos estão pegando dinheiro no mercado em valores insuficientes às nossas necessidades.
- A história da privatização da Sanemat, transformou-se em assunto jurídico. Tema excelente para o TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) dos alunos de Direito.
A agenda é tão extensa e repleta de conflitos de interesses pessoais, que a ajuda do Nelson Rodrigues torna-se indispensável.
“Não se faz política com bons sentimentos,” dizia o autor da “Vida como ela é.”
Continua o Anjo Pornográfico, - “Muitas vezes é a falta de caráter que decide em política, e também em outras atividades.”
Para abrir os cofres do Tesouro, o nosso maior dramaturgo nos ensina que devemos nos despir de qualquer resíduo de pudor.
Como se viu, temos notícias robustas, não só para as férias, mas para o ano todo.
Chorar por falta de notícias por aqui, é chorar de barriga cheia.

Gabriel Novis Neves
12-01-2012

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Tragédia


Os jornais locais noticiam em sua primeira página a tragédia que comoveu Cuiabá. Um dos elevadores de um prédio em construção despenca de uma altura razoável, matando operários e encaminhando outros às UTIs.
A nossa Cidade Azul está se transformando em um paliteiro que surge do dia para a noite. É a tal da especulação imobiliária em uma cidade que está crescendo sem a mínima infra-estrutura.
Basta lembrar o nosso eterno problema da água tratada e o saneamento básico - sem contar a mobilidade urbana, totalmente imóvel.
Esses trabalhadores que morreram em serviço trabalhavam onde antigamente passeavam os passarinhos e outros animais voadores.
Lembro-me do espetáculo da saída dos morcegos do seu esconderijo, que era a torre da Catedral de Cuiabá, e seus vôos rasantes em grupos enormes, que surgiam como um tapete no céu até se perderem no infinito.
Um dia pedi explicação ao meu pai sobre o voo diário, com hora marcada, dos morcegos. Ele me disse que os morcegos vão se abastecer de alimentos. Voltam de madrugada e ninguém vê. A saída para a caça era sempre ao crepúsculo.
Meu pai explicou-me também da importância da revoada dos morcegos: além de se alimentarem, traziam um estoque de alimentos que era, basicamente, sementes. No trajeto muitas sementes eram perdidas, iniciando um novo ciclo da flora nativa.
Manoel de Barros conta que onde nasceu só tinha bicho, solidão e árvore. Assim era a minha cidade de nascimento, com um montinho de casas baixas.
O João de Barro, por exemplo, tinha uma casa num poste mais alto que a minha casa.
Nesse cenário é que aprendi o sentido da liberdade, só reencontrado após quarenta anos - no Quarup do Xingu, conversando com Orlando e Cláudio Villas Boas.
As crianças de agora são criadas dentro de caixotes de concreto.

A solidão benigna do silêncio da natureza, só era interrompida pela orquestra dos pássaros, pelo barulho do vento e pelo som das águas dos rios.

Ela nos tempos modernos, foi substituída pela solidão de símbolos da dor: sirenes de ambulâncias, Corpo de Bombeiros, viaturas da polícia, ruídos de helicópteros procurando bandidos - fazendo manobras na altura do nosso dormitório.
Batidas de automóveis e gritos de dor ecoam pelas madrugadas junto às músicas das caixas de som dos carrinhos dos filhinhos de papais ricos e irresponsáveis.
Os operários que, na maioria das vezes, moram em barracões, pagaram com a própria vida a audácia de querer viver decentemente na terra do medo.
Esses trabalhadores sacrificados pelo crescimento e especulações do mundo dos lucros econômicos, não estão mais conosco. Eles deixaram família. Muitos eram arrimos dela. 
E os seus filhos, mulher, pai, mãe, irmãos, amigos que desconheciam a solidão da aglomeração, como ficam após um corte inesperado nos seus trajetos?
Que me perdoem aqueles que não me compreendem - o progresso é a principal causa da solidão dos valores verdadeiros da vida.

Gabriel Novis Neves
07-01-2012

domingo, 22 de janeiro de 2012

FEIJOADA


A feijoada tem origem européia - quem diz é Câmara Cascudo, em uma citação de Narloch. Ele conta que nem índios nem negros tinham o hábito de misturar feijão com carne.
A técnica do preparo da feijoada vem do Império Romano. Os europeus latinos faziam cozidos de mistura de legumes e carnes.
Cada região de influência romana adotou sua variação: o cozido português, a paella espanhola. O cassoulet da França, criado no século XIV, é parecidíssimo com a feijoada: feito com feijão branco, linguiça, salsicha e carne de porco.
Com o feijão preto, espécie nativa da América, que os europeus adoraram, o prato virou atração entre os brasileiros endinheirados, conclui Narloch.
Muita gente repete a história que a feijoada nasceu nas senzalas, criada pelos escravos com feijão e carnes desprezadas na casa-grande.
Eis um daqueles mitos que, de tão repetidos, se tornam difíceis de derrubar. A feijoada era uma refeição que ficou bem longe das senzalas.
Esta história que aprendemos na escola, que a feijoada veio para o Brasil através dos africanos, é pura fantasia.
O brasileiro abrasileirou a feijoada européia, a ponto de colocar nos cardápios grã finos da época: “feijoada à brasileira”, que era feita com feijão preto.
Hoje é um dos pratos mais populares do Brasil, sendo um dos favoritos, tanto entre as classes sociais menos privilegiadas, até aos ricaços.
O que me fascina na feijoada brasileira é o seu ritual. Sábado é o dia dedicado à feijoada. O aperitivo é aquela bebida feita da cana-de-açúcar para abrir o apetite.
Feijoada brasileira tem tantos ingredientes que virou comida oficial das Escolas de Samba, com os seus milhares de componentes. Até a laranja entra no pacote da feijoada completa.
Com boa pimenta malagueta, uns copinhos da estupidamente loura gelada e ao som do cavaquinho e do cantar das pastoras, é a genuína feijoada brasileira, genérica da européia.
De comida de endinheirados do Brasil colônia e europeus sofisticados, a feijoada virou marca nacional, com o samba e rebolados das mulatas.
A feijoada é a comida mais democrática do Brasil. Dos restaurantes de luxo às favelas. O seu dia, repito, tem que ser sábado para alguns emendarem com o domingo. Outros, como eu, pego uma soneca que, às vezes, me leva a acordar no dia seguinte.
E quem diria que a feijoada é européia, heim?

Gabriel Novis Neves
29-12-2012

sábado, 21 de janeiro de 2012

A importância da leitura


A notícia que o Brasil é a sexta economia do mundo, pouco efeito, ou nenhum, produziu no brasileiro trabalhador.
Excluindo os super-homens de negócios, em minoria absoluta neste país, cujo programa prioritário do governo federal é o combate à miséria, essa informação não teve impacto de um jogo de terceira divisão do Campeonato Brasileiro de Futebol.
Nenhum “ser humano qualquer” é torcedor do, quanto pior melhor, muito pelo contrário, pois são os que mais sofrem com os desacertos do governo.
Os próprios propagandistas oficiais dessa conquista reconhecem que somos deficientes em políticas sociais - educação, saúde, segurança, cuidado com crianças, idosos, deficientes físicos, dependentes químicos, pobres e miseráveis.
Insistem em vender números econômicos e, ao mesmo tempo, ressaltam as conquistas na educação e saúde (!) da fraquíssima economia de Cuba. Isso me parece uma contradição.
Claro que nos alegramos com os números da nossa economia, mas nos entristecemos ao constatarmos que todo esse esforço nacional está se perdendo pelos ralos do pouco zelo com a coisa pública.
O nosso povo está mal e, o que é pior, está acostumado com aquilo que lhe é fornecido diante de tanta riqueza.
Como diz o meu neto, não dá pra entender. Pequena parcela do povo brasileiro soube que somos mais ricos que a Inglaterra e a nossa qualidade de vida nem se compara com a dos ingleses.
O sonho de todo o brasileiro que estuda é um dia poder aprimorar os seus conhecimentos na Inglaterra ou trabalhar lá.
A fotografia do Brasil, mesmo utilizando a tecnologia do photoshop, não é das melhores no mundo civilizado, que é aquele que prioriza a educação e o conhecimento aplicado.
Quem tem também essa visão são os próprios brasileiros abonados, que procuram a felicidade viajando pelo mundo.
Na traseira dos caminhões é comum aquela frase que diz que dinheiro não compra felicidade, manda vir.
Sem educação e saúde, principalmente, além dos ralos abertos que aumentam o custo Brasil, seremos sempre a pobre menina rica do cancioneiro brasileiro.
O ministro da Fazenda, para animar os animados correligionários, profetisa que daqui a vinte anos, mesmo em sexto lugar, teremos socialmente o padrão europeu.
Para quem não está ligando o nome à pessoa, os europeus habitam aquele continente que enfrenta a maior crise econômica da sua moeda, o fortíssimo euro.
A leitura é importante, embora, como nesse caso, inoportuna para os brios nacionais.

Gabriel Novis Neves
06-01-201

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O DESESPERO DE VIAJAR


Menino do interior, no período das férias escolares ficava descobrindo lugares na cidadezinha onde nasci.
A nascente de um riacho, o esconderijo das rãs, o ninho dos passarinhos, o buraco do tatu, o restaurante dos urubus, a casa das pombas, os lambaris visíveis na correnteza do rio Coxipó,  com as suas águas sempre límpidas.
O moço pescando, o velho no barco - não esquecendo nunca do misterioso morro da prainha que ficava em frente à casa que nasci.
O rio Cuiabá piscoso e propício à navegação comercial com saída pela Bacia do Prata beijando as águas salgadas do Atlântico.
Suas lavadeiras, suas crianças e o banho dos cavalos, meio de transporte predileto na minha infância.
As férias passavam muito rápidas, e ninguém nunca pensou que, em outra época, nesse período tão cheio de ensinamentos, fossem se tornar obrigatório uma viagem.
Com o progresso perdemos todo esse cenário de beleza. Acho que por esse motivo inventaram as viagens de férias.
Fuga à procura de um mundo perdido e a ilusão de reencontrá-lo em algum lugar. Além do pavor das novas gerações em parecer o que não é.
Viajar no verão tornou-se um hábito dos tempos modernos, quase um dever. Permanecer na sua cidade bisbilhotando os seus mistérios passou a ser considerado um fracasso financeiro.
A falta de dinheiro traduz hoje uma situação difícil de ser administrada e suportada. Estamos no apogeu do mundo das grifes.

Conheço famílias que, para não exporem as suas dificuldades econômicas no verão, estocam alimentos na dispensa, dizem que vão viajar e ficam dias escondidas para não se sentirem diminuídas.
Assim nasce a sociedade da hipocrisia - onde aquele que tem recurso não mostra o que possui por motivos de segurança e quem não tem prefere se esconder fisicamente a perder a sua identidade atingida pelo consumismo.
Queiram ou não, no imaginário popular conseguiu-se criar o estímulo da necessidade de viajar, principalmente, no verão.
Viagens das promiscuidades, surgidas nas aglomerações dos aeroportos desconfortáveis, dos aviões, onde por horas, dormem-se ao lado de um desconhecido. Hotéis, restaurantes lotados e com filas para tudo e, a grande estrela desse pacote, as visitas e compras, enchendo sacolões nos shoppings.
Nem um tempinho para trazer o que não temos: a história dos povos dos países visitados e a sua arte.
Os produtos de consumo nós temos aqui, na primeira esquina. Com facilidade levamos para casa, sem alterações e, às vezes, com preços mais compensatórios, livres das revistas das malas na alfândega onde, para humilhar o passageiro sorteado, peças íntimas são lançadas ao chão.
Compensa manter essa tradição? Não sei, mas há muito abandonei, conscientemente e sem remorsos, esse ritual sofredor.
O homem não tem horário para ser feliz, é a minha religião. De repente ela aparece onde vivo, trabalho e amo.
E se Ela não me encontrar? O meu desejo de ser feliz ou encontrar a felicidade é maior que o desejo de viajar no verão.

Gabriel Novis Neves 
11-01-2012

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Inutilidades


Com a divulgação pela imprensa do balancete do ano que passou e do trabalho dos nossos políticos, é que tomamos conhecimento “das coisas inúteis e dos homens inúteis.”
Como coisas inúteis - só para ficar com as mais recentes - temos a promessa da vigilância das nossas fronteiras para evitar a entrada de drogas, realizadas pelos aviões invisíveis e pelas barreiras do exército nacional por terra.
Não passou de alguns programas de televisão do Horário Político Obrigatório e Gratuito (!) do  Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O pó maldito continua entrando livremente em nosso país, considerado por muitos, o maior corredor de exportação da droga para o mundo.
Outra coisa inútil é considerar a educação como prioridade nacional. A última avaliação do nosso ensino nos deixou em uma situação bastante desconfortável diante do mundo contemporâneo.
Financiamento para a saúde pública com centenas de reuniões e audiências públicas, foi a coisa mais inútil do ano que passou. O Brasil vai tão mal com a saúde ofertada pelo governo, que todos os integrantes dele procuram os hospitais privados, passando recibo que a saúde pública no Brasil é uma coisa inútil.
A nossa vizinha presidente fez uma cirurgia de complexidade no hospital universitário do subúrbio de Buenos Aires.
O presidente da Venezuela procurou um hospital socialista e pobre do Caribe (Cuba) para tratar da sua grave enfermidade.
A famosa transparência nos atos públicos e a ética tão repetida nos discursos é uma coisa inútil.
Não colou nem deu liga - como dizem os pragmáticos - nenhum desses compromissos, e estão na enorme fila das coisas inúteis que “assolam este país,” diria o Stanislaw Ponte Preta.
Nunca, jamais, na história deste país (Presidente Lula), encaminharam tantos projetos casuísticos e inconstitucionais como na legislatura finda.
A mais inútil de todas foi uma encaminhada ao apagar das luzes que absolve o criminoso portador de um mandato popular.
A logomarca das coisas inúteis é a outrora badalada Lei da Ficha Limpa. Como exemplo da inutilidade dessa lei, temos a posse, durante o recesso parlamentar (férias), do senador do ranário.
O excesso de ministérios no Brasil é de uma inutilidade gritante. Há estudos adiantados realizados pelos partidos de sustentação política do governo, para se criar um ministério de Inutilidades, que ficaria responsável pela coordenação dos 38 ministérios atuais. Facilitaria em muito o trabalho da presidente, que despacharia em grupos e ganharíamos mais um ministério para alojar correligionários.
Como inutilidade regional a lista é enorme. Ficarei com o Relógio da Copa, cuja inauguração foi uma festança e a sua triste retirada em uma madrugada.
A inauguração do programa federal pela prefeitura de Cuiabá na Praça Alencastro de uma VAN - chamada de consultório de rua - merece destaque local. Coisa inútil globalizada pela criatividade da cópia francesa que tinha retaguarda de apoio, impensável por aqui.
Essa inutilidade veio substituir um programa revolucionário do período eleitoral chamado de UPAS (Unidade de Pronto Atendimento à Saúde), que se tornou uma coisa inútil, pois não saiu do papel.
Vou ficar por aqui para não desanimar minha gente em ano eleitoral com essa verdade azeda que são as coisas inúteis, que não foram inventadas por nós, mas temos culpa no cartório em toda essa situação.
Tatu não sobe em pau, como político de coisas inúteis, nós é que os colocamos no pau, digo nos cargos políticos.
“Quem faz coisas inúteis são homens inúteis,” diz o poeta.
A receita é esquecer-se dos “homens inúteis no seu próprio abandono.”
“E as coisas inúteis ficam para a poesia.”

Gabriel Novis Neves
12-01-2012