Segunda-feira
é um dia que não tem muitos simpatizantes. Agora, quando a segunda-feira
coincide com o primeiro dia útil do ano, aí é angustiante e surpreendente.
Faço
consultório pela manhã todas as segundas, quartas e sextas feiras. Saí de casa
para o trabalho no horário habitual nesta primeira segundona de 2012, e logo
achei o aspecto da cidade estranho.
Quase
não vi gente pelas ruas. O movimento de veículos era baixíssimo. A cidade
estava silenciosa. Literalmente abandonada.
Chego
ao hospital. O estacionamento, que habitualmente é sempre lotado, nesta
segunda-feira encontrava-se praticamente vazio.
No
trajeto até ao meu consultório, não encontrei viva alma. Até a cantina do
hospital estava às moscas, assim como a sala de espera do meu consultório.
Os
outros consultórios estavam fechados, pois os meus colegas necessitam de férias
reparadoras. A maioria escolheu o Rio de Janeiro com as suas praias famosas:
Angra dos Reis, Búzios, Mangaratiba e tantas outras criadas pela generosidade
da natureza.
Santa
Catarina e Rio Grande do Sul são Estados também muito procurados pelos novos
mato-grossenses - especialmente os de chapa branca.
Para
quem gosta de praia com chuva foi uma decisão acertada.
O
Nordeste, com os seus resorts maravilhosos, foi o local preferido para o
pessoal com muito dinheiro, segundo o Jornal Nacional.
Deixei
o meu material de trabalho em cima da mesa do consultório e avisei à minha
enfermeira que iria ao laboratório de patologia.
Embora
soubesse do resultado da minha cirurgia, gostaria de ter o laudo em mãos
visando o futuro, pois esse bichinho que me atacou costuma voltar.
Encontrei
uma patologista da cota de sacrifício. Os outros estavam tomando chuva em algum
lugar de férias.
A
conversa com a patologista, para a primeira segundona do ano, foi maravilhosa.
Ao me entregar o resultado da microscopia da lesão extirpada da asa do meu
nariz, ela me disse:
- Você é sortudo. Foi atacado pelo menos virulento dos bichinhos causadores do
câncer da pele.
Agradeci
comovido o esclarecimento da minha colega. Passei pelo Pronto Atendimento - não
confundir com as UPAS (Unidades de Pronto Atendimento e Assistência Social) do
governo federal - e o número de pacientes era também diferente do habitual.
Quase zero.
Retorno
ao meu consultório e a minha enfermeira me informa que a paciente da primeira
consulta marcada havia telefonado remarcando para outro dia.
A
primeira segunda-feira de 2012 foi um ponto facultativo motivado pelas
circunstâncias. Não deixa de ser um ato de protesto civil pela inutilidade de
se trabalhar nestes primeiros meses para cobrir as despesas das férias dos
poderosos.
Este
primeiro dia útil do ano nos dá uma dimensão de como será o restante do ano. O
comércio já começou a reclamar, pois este ano bateremos o recorde de feriados.
Imaginem
na Copa do Mundo...
Gabriel
Novis Neves
03-01-2012
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