Muito
já li sobre o médico e seus familiares como pacientes. Durante a minha carreira
profissional tive oportunidade de atender médicas e seu núcleo mais próximo -
esposo, mãe, filha, neta, nora e demais parentes. Esposas de médicos de um modo
geral, e vice-versa, é um caso a parte.
Diante
desses atendimentos, lembrava-me sempre de uma doença relativamente recente,
chamada de esmeraldite.
Ela
costuma atacar de preferência pessoas com esse perfil genealógico. A causa da
esmeraldite são as concessões técnicas que os médicos, de um modo geral,
concedem aos seus colegas por insistência deles, na maioria das vezes.
O
insucesso dessa quebra de rotina foi apelidado, pelos próprios médicos, com o
nome da pedra preciosa de cor verde, símbolo da Medicina - esmeraldite.
Nos
livros modernos de medicina, já existe um capítulo sobre a esmeraldite.
Felizmente, poucas vezes em minha vida fui paciente, sempre de ações voltadas à
prevenção e à correção dos estragos da natureza.
Costumo
dizer que idoso deve pagar uma taxa de pedágio para a hipertensão, distúrbios
da glicose, doenças auto-imunes e as corriqueiras próprias do envelhecimento.
Estou
saindo da minha mais recente experiência de médico paciente - estendido em uma
mesa cirúrgica para me livrar de uma grave patologia.
Podia
decidir, e preferi a anestesia local com infiltração dos nervos da face e do
local da cirurgia, para conversar com o pessoal durante a cirurgia de mais de
duas horas.
Esse
tempo alongado não foi causado por dificuldades técnicas, mas pela espera do
resultado da patologia, período em que a cirurgia ficou interrompida.
Juro
que não senti o tempo passar pelo papo bastante animado durante a cirurgia. A
conversa foi de A até Z. A equipe do hospital deu liga com a equipe de
cirurgiões e o velho conversador então paciente.
A
dor durante a cirurgia notou que não teria ambiente naquela sala e, depois da
infiltração foi-se embora. Eu sabia que estava sendo cauterizado pelo cheiro de
carne queimada, e só.
Esse
tipo de cirurgia, onde é proibido o uso de esmeraldite, é o que todo o cidadão
brasileiro tem direito, e não é atendido.
O
combate à esmeraldite será um duro golpe em certos hospitais, que montam um
circo para atender certos pacientes, dando um péssimo exemplo ao brasileiro.
A
medicina, assim como a natureza, não tolera desaforos. A esmeraldite e o
espalhafatoso recebimento em alguns bons hospitais privados, mas não os
melhores do Brasil, são castigados com essa conduta.
Pacientes
são explorados e, às vezes, inutilmente depenados numa casa de lucros das
doenças, mesmo sem o sucesso procurado.
A
natureza mal tratada pelo homem produz fenomenais catástrofes com milhares de
vítimas.
Essa
experiência em que o médico tem de ser paciente é a mesma daquele antigo ditado
que diz que um dia é da caça e outro do caçador.
Gabriel
Novis Neves
23-12-2011
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