O
período de férias do brasileiro, também chamado como a época de descanso para
repor energias perdidas, só perde em duração para os meses que trabalhamos para
pagar impostos, sem nenhum retorno social à população.
No
momento, ninguém pensa em trabalhar, e sim, utilizar-se da promiscuidade dos
transportes para descansar para o carnaval.
Não
conheço ninguém, neste paraíso de contradições, que não esteja de férias
merecidas.
Um
ligeiro contratempo metereológico no centro sul do Brasil, foi o suficiente
para interromper o descanso dos dirigentes do poder, trazendo-os de volta para
Brasília.
Como
o castigo anda a cavalo, o ministro das chuvas curtia o sol causticante das
praias de Recife, onde o céu era de brigadeiro. A presidente, na Bahia, soube
pela televisão da tragédia que assolava Minas, destruía o Rio, colocando em
risco os barracões das escolas de samba, as únicas escolas brasileiras com
aceitação pelos organismos internacionais como de qualidade.
Dizem
que, inclusive, a presidente interrompeu as suas férias caríssimas e retornou
para comandar as enchentes e a nova crise política, tão comum nesse governo.
Brasília
tem, nestas férias, mais ministros que candangos de imunidade parlamentares,
tudo motivado por uma simples bobagem.
O
ministro das chuvas, que faz política em Recife, liberou 90% do orçamento
destinado a atender cidades inundadas do Brasil, para a região do Porto de
Galinhas, que é uma praia para milionários nacionais e estrangeiros.
Tudo
foi previamente combinado, e o combinado sempre foi barato. Para os cientistas
da numerologia: a presidente, que teve em Pernambuco quase 90% dos votos na
última eleição, logo, 90% dos recursos foi entregue de porteira fechada ao
ministro de lá.
Quando
Mato Grosso tinha força política em Brasília, recebemos dinheiro federal para
combater os danos do El Nino, que só tomamos conhecimento pelos noticiários da
televisão.
Interessante
que dizem que esses recursos foram utilizados e que a prestação de contas
aprovada pelos órgãos competentes.
E
ainda tem gente esclarecida que não acredita na flatulência da Chapada dos
Guimarães, produzindo intensa ventania.
A
esculhambação com o dinheiro público é tamanha, que ninguém mais se importa com
essas tragédias programadas.
“A
vida pública brasileira é um circo de anões bem sucedidos,” disse Otto Lara
Resende. Vivemos a época da imbecilidade premiada. Quanto mais imbecil for o
gestor público, mais chance de uma progressão de sucessos.
Recebi
a visita de um velho amigo, que escolheu o meu refúgio como acampamento para
descansar. De que, não sei, nem irei perguntar. Talvez do cansativo nada para
os principiantes.
Aqui
o que não falta é silêncio e tranquilidade, onde todos os dias se parecem com o
domingo e a sua solidão protetora.
A
liberdade parece até incomodar aos não adeptos desta filosofia de vida, em que
perguntar é ofensa grave.
Horas
de silêncio, com cada um fazendo o que gosta num mesmo espaço, é uma conversa
confortadora.
Não
entendo o furor dos aeroportos, com tanta gente procurando aquilo que possuímos
em excesso: a beleza da simplicidade de quem mora pertinho do céu e, de onde
escrevo, vejo-o encontrar-se com a terra.
Acho
que lá, nem de escadinha preciso para entrar no paraíso. Sofro pressão de
familiares, parentes e amigos, para sair daqui para descansar.
Com
a chegada do meu amigo, continuo sofrendo pressão, desta vez, não para viajar,
mas para medir a sua pressão arterial de duas em duas horas.
Diante
das pressões recebidas, irei à rodoviária, sem meu medidor de pressão e, para me
ver livre delas, escolherei uma viagem para algum lugar que não complique a
minha viciada solidão.
Não
suportarei pressão para tirar férias e, muito menos, pressão para medir a
pressão arterial do meu hóspede.
Vou
descansar das pressões.
Gabriel
Novis Neves
10-01-2012
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