quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

CHUVA DE DINHEIRO


As chuvas de verão com as suas catástrofes, longe de ser uma surpresa desagradável, há muito fazem parte do nosso calendário.
Com o crescimento das grandes cidades brasileiras, os trabalhadores procuraram habitar os morros, criando verdadeiras cidades em locais próximos ao seu serviço.
Certa ocasião, no Rio de Janeiro, um governo resolveu “limpar” os morros e transferiu os seus moradores para casas populares na zona rural.
A ideia era maravilhosa, mas na prática, esse pessoal ficava muito distante dos seus postos de trabalho.
Meses após, as casas estavam totalmente destruídas e, novamente, os morros ocupados. É isso que acontece quando o governo toma decisões que implicam diretamente na vida da sua gente sem consultá-la.
A natureza, protetora das encostas, foi substituída por barracos construídos sem investimentos do governo em uma ocupação criminosa e irracional. Resultado: cada início de verão, centenas de vítimas são atingidas pela ausência do poder público.
O resto do enredo nós conhecemos, pois o cenário é o mesmo, mudando somente os personagens.
Visita das autoridades maiores nos locais mais atingidos pelas inundações e promessas, promessas e mais promessas.
Alguns recursos são enviados pelo governo federal, e a rede de solidariedade humana surge em todo o país para ajudar nossos irmãos desabrigados, vítimas da insensibilidade dos nossos governantes.
Este ano aconteceu um fato novo: choveu dinheiro em Pernambuco, segundo informações dos jornais. É isso mesmo!
Enquanto o Estado de Minas Gerais era destruído, o Rio de Janeiro muito atingido e São Paulo demonstrando sinais de fragilidade, o governo federal liberou para o Estado onde a presidente obteve uma das suas maiores vitórias nas últimas eleições, 90% do orçamento destinado às catástrofes por inundações.
A gerentona, como é conhecida a presidente, no seu estilo de governar, controlando tudo, soube da notícia pelos jornais.
Desesperada liga para o governador de Minas, que não é do seu partido, hipotecando solidariedade e apoio de recursos federais.
Mandou a Chefe da Casa Civil interromper as suas férias e retornar a Brasília para comandar o caos das esperadas inundações.
Esta chama o ministro das chuvas, que estava de férias, para reassumir as suas funções e explicar a notícia dos jornais.
Por uma dessas incríveis coincidências, o ministro que fez chover dinheiro na praia das Galinhas, faz política nesse Estado.
Claro que as explicações apenas contemplaram o ritual de alguém que irá pedir demissão por motivos pessoais.
Este chuvisco de início de temporada provou para os crédulos que no Brasil não existe planejamento, prioridade e, o mais grave, controle dos gastos do dinheiro do Tesouro Nacional.
A presidente, acertadamente, encerrou antes do tempo previsto o seu período de férias para controlar o barco desgovernado.
Presidente: “Quem quer faz, quem não quer manda.”
Recoloque o dinheiro que choveu em Pernambuco no orçamento do ministério das chuvas. A temporada está iniciando e outras regiões precisarão de ajuda do governo federal.
Tire daqueles 20% aprovados na última sessão legislativa, onde a senhora pode gastar como quiser, de tudo que arrecadar.
Falo sobre a Desvinculação de Receitas da União (DRU).
Chuva de dinheiro só tinha visto em programa de televisão...

Gabriel Novis Neves
05-01-2012

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