quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

ÁGUA MOLE


Como diz um amigo, há mais de quatrocentas luas, volta e meia, caio no mesmo assunto: a fixação do médico no interior e o lamentável descaso com a nossa saúde pública.
É um problema nacional, e o governo não demonstra a menor preocupação em resolver essa miserável situação.
Por falta de políticas públicas e vontade política, o interior do nosso econômico rico Estado, está sem médicos para atender, exatamente, a população produtora das nossas riquezas.
Estatísticas recentes nos colocam em classificação abaixo da recomendável pela Organização Mundial de Saúde na relação médico/paciente.
Mesmo em Cuiabá há falta de médicos. Em algumas especialidades a situação é seríssima. Uma variedade de fatores contribui para essa vergonha nacional, em um país “democrático-socialista-capitalista.”
Governado pela esquerda mais direita do mundo, privilegia o capital e os banqueiros. Esse modelo tropical de governo não prioriza a qualidade de vida do trabalhador, e sim, a das “zelites.”
Recente divulgação da preferência dos candidatos para a Residência Médica, que hoje é uma obrigação necessária ao graduado de Medicina, assustou o Brasil. As especialidades mais procuradas pelos médicos recém formados foram aquelas de retorno financeiro mais digno do sacrifício e investimento do aluno para se tornar médico.
Em primeiríssimo lugar está a Dermatologia Estética, seguido de Oftalmologia e Neurocirurgia. As especialidades das áreas básicas, da qual muito necessitamos, quase não pontuam mais. São: Pediatria, Clínica Geral, Cirurgia Geral e Ginecologia e Obstetrícia.
Estes profissionais, que constituem a base da grande pirâmide da assistência médica, estão em extinção. Não encontram, da parte do Estado brasileiro, condições para trabalhar e nem salários compatíveis com as suas formações.
E o interior do Estado continua inaugurando aparelhos médicos sem médicos para operá-los. O governo, insensível ao sofrimento da sua gente, inventa moda, quando a moda seria fixar, oferecer condições para os médicos ficarem no interior e valorizá-los profissionalmente.
Tão simples e tão difícil! A simplicidade não faz parte do calendário político, mesmo quando está em jogo a saúde do seu povo.
O IBOPE está na direção das UPAS (Unidades de Pronto Atendimento à Saúde) - dizem que são feitas de latão. O consultório de Rua, sem médico. E o “fortalecimento”, sem terminalidade do atendimento médico, é igual a zero para os pacientes dos PSF (Programas Saúde da Família).
É triste voltar sempre ao assunto saúde pública, mesmo agora em que o governo Estadual se encantou com a produtividade e o nível de atendimento das Organizações Sociais.
Medicamentos continuam faltando para aqueles pacientes que, sem eles, morrem. A seleção de atendimento hospitalar continua privilegiando os de baixa complexidade. Única diferença é que os repasses mensais aumentaram, e as tabelas do SUS não são respeitadas para as OSS.
Continuo na minha luta ao lado da verdade sobre o que acontece com o usuário do serviço público médico e também de alguns planos de saúde, como é o caso do MTSaúde, no qual mais de cinquenta mil usuários não sabem o que fazer para conseguir um atendimento médico.
Acredito na história que minha mãe me contou: água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. Embora eu ache difícil, pois o senhor governador aumentou o valor das emendas dos deputados estaduais de Mato Grosso, desde que todos designassem esse valor para asfaltar cidades.
Em Brasília, o governador acertou com a bancada federal para que todas as suas emendas parlamentares tivessem um só destino: pavimentação de rodovias.
Saúde fica com as OSS. Haja água mole, para minorar o sofrimento dos nossos doentes.

Gabriel Novis Neves
01-12-2011

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