Não
tenho um referencial para definir o atual conceito de beleza. Houaiss nos diz
que beleza é a “qualidade do que é belo ou bom”. Para mim, um conceito muito
vago.
Prefiro
a descrição feita por S. Tomás de Aquino. Diz ele que beleza é aquilo que
provoca um conhecimento gozoso, uma emoção que nos é provocada pelo estético.
Assim
sendo, beleza é o que toca os nossos sentimentos e estimula o nosso sistema
nervoso central, com o seu arsenal de glândulas distribuídas em pontos
estratégicos do nosso organismo.
Ao
longo dos tempos os padrões de beleza sofreram inúmeras alterações. Atualmente,
a beleza é vendida nos comerciais de TV, nas revistas e na mídia de um modo
geral. A moda e a sociedade impõem regras – muitas vezes prejudiciais à saúde –
para o belo.
Os
jovens, e os não tão jovens assim, são influenciados pelo que veem e leem. E,
para satisfazer a sua necessidade de parecer belo, chegam a correr risco de
vida com cirurgias altamente complexas.
Para
mim a beleza é filha da natureza. Só ela para parir tanta beleza, inclusive com
os seus caprichos marcantes. Nascer com a assinatura da natureza é o prêmio
maior que alguém possa ganhar. Um sinalzinho de nascença, por exemplo, é uma
marca maravilhosa.
As
brincadeiras da natureza, o homem poderá e deverá corrigir, e somente nesses
casos.
Sou
inimigo do conceito de beleza imposta atualmente pela mídia. O que seria das
feias, na classificação midiática, se há gosto para tudo? A ditadura da beleza
me incomoda pela truculência e pela impossibilidade da livre escolha.
Fico
meditando o que leva uma linda adolescente a enfrentar um centro cirúrgico, em
uma idade em que não existe feiúra. Muitas vezes essas lindas marcas são
produzidas pelo tempo de uma vida ainda não vivida, como recordação de momentos
de conquistas.
Alguém
já pensou em apagar a felicidade, que é o conjunto de momentos felizes, e os
não muito felizes, das nossas conquistas?
A
banalização da beleza, que tem que ser obtida a qualquer custo, tem um elevado
preço emocional, produzindo, às vezes, sequelas para a vida toda.
A
intervenção do homem na beleza humana, sem justificativa convincente, é como o
desvio forçado do leito de um rio. Ninguém sabe sobre o final da modificação.
Se houve compensação, muito bem, então valeu todo o esforço nessa difícil
solução custo-benefício-natureza.
Creio
que os meus conceitos não acompanharam o avanço dessa sociedade tão
extravagante em que vivemos.
Para
evitar conversas prolongadas com antropólogos, sociólogos, educadores,
filósofos, poetas, psicanalistas, procurei saber o conceito de beleza de uma
escritora francesa (1620-1705) - Ninon de Lencios: “A beleza é uma carta de
recomendação em curto prazo.”
Fiquei
satisfeito pela modernidade do conceito que procurava - cuja idade tem quase
quatro séculos.
Gabriel
Novis Neves
01-12-2011
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