quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Inutilidades


Com a divulgação pela imprensa do balancete do ano que passou e do trabalho dos nossos políticos, é que tomamos conhecimento “das coisas inúteis e dos homens inúteis.”
Como coisas inúteis - só para ficar com as mais recentes - temos a promessa da vigilância das nossas fronteiras para evitar a entrada de drogas, realizadas pelos aviões invisíveis e pelas barreiras do exército nacional por terra.
Não passou de alguns programas de televisão do Horário Político Obrigatório e Gratuito (!) do  Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O pó maldito continua entrando livremente em nosso país, considerado por muitos, o maior corredor de exportação da droga para o mundo.
Outra coisa inútil é considerar a educação como prioridade nacional. A última avaliação do nosso ensino nos deixou em uma situação bastante desconfortável diante do mundo contemporâneo.
Financiamento para a saúde pública com centenas de reuniões e audiências públicas, foi a coisa mais inútil do ano que passou. O Brasil vai tão mal com a saúde ofertada pelo governo, que todos os integrantes dele procuram os hospitais privados, passando recibo que a saúde pública no Brasil é uma coisa inútil.
A nossa vizinha presidente fez uma cirurgia de complexidade no hospital universitário do subúrbio de Buenos Aires.
O presidente da Venezuela procurou um hospital socialista e pobre do Caribe (Cuba) para tratar da sua grave enfermidade.
A famosa transparência nos atos públicos e a ética tão repetida nos discursos é uma coisa inútil.
Não colou nem deu liga - como dizem os pragmáticos - nenhum desses compromissos, e estão na enorme fila das coisas inúteis que “assolam este país,” diria o Stanislaw Ponte Preta.
Nunca, jamais, na história deste país (Presidente Lula), encaminharam tantos projetos casuísticos e inconstitucionais como na legislatura finda.
A mais inútil de todas foi uma encaminhada ao apagar das luzes que absolve o criminoso portador de um mandato popular.
A logomarca das coisas inúteis é a outrora badalada Lei da Ficha Limpa. Como exemplo da inutilidade dessa lei, temos a posse, durante o recesso parlamentar (férias), do senador do ranário.
O excesso de ministérios no Brasil é de uma inutilidade gritante. Há estudos adiantados realizados pelos partidos de sustentação política do governo, para se criar um ministério de Inutilidades, que ficaria responsável pela coordenação dos 38 ministérios atuais. Facilitaria em muito o trabalho da presidente, que despacharia em grupos e ganharíamos mais um ministério para alojar correligionários.
Como inutilidade regional a lista é enorme. Ficarei com o Relógio da Copa, cuja inauguração foi uma festança e a sua triste retirada em uma madrugada.
A inauguração do programa federal pela prefeitura de Cuiabá na Praça Alencastro de uma VAN - chamada de consultório de rua - merece destaque local. Coisa inútil globalizada pela criatividade da cópia francesa que tinha retaguarda de apoio, impensável por aqui.
Essa inutilidade veio substituir um programa revolucionário do período eleitoral chamado de UPAS (Unidade de Pronto Atendimento à Saúde), que se tornou uma coisa inútil, pois não saiu do papel.
Vou ficar por aqui para não desanimar minha gente em ano eleitoral com essa verdade azeda que são as coisas inúteis, que não foram inventadas por nós, mas temos culpa no cartório em toda essa situação.
Tatu não sobe em pau, como político de coisas inúteis, nós é que os colocamos no pau, digo nos cargos políticos.
“Quem faz coisas inúteis são homens inúteis,” diz o poeta.
A receita é esquecer-se dos “homens inúteis no seu próprio abandono.”
“E as coisas inúteis ficam para a poesia.”

Gabriel Novis Neves
12-01-2012

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