sábado, 28 de janeiro de 2012

MEU ANALISTA


Todo ser humano fica desesperado quando enfrenta fortes dificuldades, sejam materiais ou não.
Na teoria, essas questões são fáceis de resolver, e existem especialistas em todas as áreas do sofrimento humano dispostos a emitirem os seus pareceres, mesmo sendo cortesias.
Acho que foi por isso que surgiu aquele velho e conhecido ditado popular, mas sempre atualizado e repetido pelas pessoas: “Se conselho fosse bom ninguém daria de graça.”
Certas pessoas, diante das dificuldades que a vida lhes apronta, preferem a própria morte aos conselhos ofertados em atacado.
O meu analista certa ocasião, quando lhe apresentei um problemão - que não era meu -, mas que, inconscientemente o tinha assumido, causando-me sofrimento, ele tranquilamente esperou o final da história.
Na resposta à minha indagação, disse-me que eu desejava era resolver os problemas da humanidade e esquecendo os meus.
Lembrou-me que o filho de Deus, que veio com carta branca para resolver essas pendengas da vida, foi assassinado aos trinta e três anos de idade, em uma cruz, ladeado com dois ladrões.
Se, quem tinha competência foi assim tratado pela humanidade, imagine você que não tem competência ou direito de julgar as pessoas, muito menos é capaz de saber o que é certo ou errado. Ou você pensa que é Deus?
Entendi a mensagem do analista e voltei à minha insignificância, diante de tamanha grandiosidade que é a vida e o papel do ser humano.
Se todos os humanos se esforçassem para cuidar de si, o mundo seria bem melhor. Só ama o próximo, aquele que ama a si mesmo.
Somos educados para sermos heróis. Diante da impossibilidade de alcançar esse objetivo, passamos a namorar a antevida, que é a própria morte.
Essa é a vida como ela é - como diria o Nelson Rodrigues. O meu analista acha que somos eternos imaturos, achando que diante de uma dificuldade existencial, podemos resolver tudo como imaginamos.
Somos humanos, e como tais, sofremos e amamos.

Gabriel Novis Neves
16-012012

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