sábado, 29 de dezembro de 2012

Agarrativa e linda


A cidade onde nasci - muito mais que agarrativa e linda - é a cidade das oportunidades.
Moderna, na concepção filosófica de perdoar as fraquezas humanas, a minha quase tricentenária cidade é de uma generosidade surpreendente.
Acolhe, sem preconceitos, todos aqueles que a procuram: trabalhadores, empresários, intelectuais, estudantes, artistas, desocupados, gente com passado respeitável e outros nem tanto - estende a eles a sua compreensão infinita.
O tecido social hoje da ex-Cidade Verde é constituído do que há de disponível em termos humanos.
Não conheço outro lugar onde tantos equívocos se reuniram para tomar conta dos nossos destinos.
A maioria dos cuiabanos devotos de São Benedito deixou-se envolver com a fantasia de alguns migrantes.
Os nativos não estão se importando, especialmente com a genética dos ocupantes dos cargos de mando neste Estado.
Gente que em país civilizado dificilmente estaria caminhando nas ruas, aqui são professores de moral e ética.
Preocupo-me, e muito, em saber que essa gente que tanto mal causa aos moradores desta terra, gostou do poder conquistado pela vontade de interesses que não são os mesmos dos nativos da terra agarrativa e linda.
Encastelados e protegidos pelas armas do poder transformam esta relíquia que é Cuiabá, em ponto de negócios para as suas ilimitadas ambições.
O que mais se ouve nesta terra abençoada é sobre falcatruas de alguns poderosos.
A rendição do bem produziu condições ideais para a instalação do mal entre nós.
Como cidadão, sinto-me envergonhado com os valores dominantes na minha cidade.
Contrariando sabedorias milenares, para recuperar Cuiabá dos seus algozes, teremos de seguir exemplos, não de cima, mas aqueles que estão no fundo do poço das nossas misérias.
Triste cidade agarrativa e linda que, no seu desespero sedutor, não se preocupou em separar o joio do trigo.
Mas nada se perde quando sentimos a força da nossa história.
Gritemos um basta a essa ocupação despreparada e desenfreada de aproveitadores e assaltantes do nosso passado.
Cuiabá continuará cidade agarrativa e linda, com a limpeza de tantos santos de pés de barro em trânsito por aqui.
Paciência sim, negociar com a desonra, jamais.

Gabriel Novis Neves
22-12-2012

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

MARQUETEIROS


Passadas as eleições municipais, sobraram aos especialistas sociais a análise do acontecido e as suas consequências.
Até o final do ano a discussão central para estes jornalistas será o exercício da futurologia.
O cronista do dia-a-dia fica com as reminiscências pitorescas desta grande festa circense encenada na televisão com o patrocínio do Tribunal Regional Eleitoral.
As situações hilárias foram tão frequentes que, no imaginário do eleitor, ficaram as extravagâncias.
Promessas aos montes com soluções imediatistas ninguém mais lembra, porque de tão idiotas, que saíram pelos ralos do esgoto do esquecimento.
Sei que muitos jornalistas que participaram das campanhas eleitorais, estão anunciando o lançamento de seus livros contando a verdade sobre as mazelas e as intervenções teatrais criadas pelos marqueteiros.
Quer situação mais absurda do que o enredo do alinhamento político?
Parecia filmes de Mister Bean.
As crianças adoravam a estrelinha em voo rasante trazendo os personagens que eram alojados no painel no alto de um edifício em Cuiabá.
Todas as vezes que me lembro da abertura deste programa tenho vontade de rir, como faço diante das trapalhadas do cômico inglês Bean.
Outro espetáculo que me obrigou a uma regressão ao tempo do rádio foi o quadro impagável do primo pobre e primo rico na peça do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), tendo como atores dois importantes políticos.
Esta cena foi uma criação genial de um jovem cineasta que nasceu na antiga maternidade de Cuiabá.
Tinha até candidato que jurava amores por esta cidade dizendo que tinha no próprio nome - cuiabano.
Depois de eleito, o cuiabano renunciou dizendo que seria mais útil  à cidade, na Assembleia Legislativa.
Durante semanas estes e outros quadros humorísticos foram exibidos em rede, proporcionando um prazer obrigatório à nossa população, já que foi financiado com os recursos dos impostos.
Agora que Inês é morta, só nos resta esperar o momento para cantar o Adeus Ano Velho, Feliz Ano Novo.
Ainda bem que estes momentos de lazer acontecem de dois em dois anos.
Sem transmissão obrigatória pelo rádio e televisão a folia do circo continua, para desespero dos necessitados.

Gabriel Novis Neves
21-12-2012

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Sintomas


Nem sempre um sintoma significa uma patologia grave. Na maioria das vezes é consequência de uma defesa do nosso organismo perante uma agressão.
Basta valorizarmos esse alarme biológico para corrigi-lo, sem necessidade de uso de fármacos.
O nosso organismo é extremamente vulnerável à insatisfação, seja no trabalho, na família, na economia e nesse mar de lama em que vivemos, e que cada vez aumenta mais.
Outras vezes, um simples sintoma revela uma doença gravíssima.
Uma leve dorzinha no peito pode ser o sintoma de uma isquemia do miocárdio.
Citei um sintoma médico, assim como poderia pinçar sintomas sociais, econômicos, trabalhistas, afetivos e tantos outros.
Gostaria de pedir ajuda ao leitor sobre o significado da preferência do engenheiro responsável pelas necessárias obras da Copa do Mundo pela Secretaria de Obras do município.
As obras comandadas pelo engenheiro demissionário seriam entregues em curto prazo de tempo, coroando profissionalmente o engenheiro competente, trabalhador e honesto, nessa verdadeira revolução no nosso sistema modal.
Assumindo uma Secretaria de Obras de um município que tão bem ele conhece, cujo orçamento da prefeitura é inferior ao do VLT, que será inaugurado daqui a dezoito meses, fica difícil julgar esse sintoma como simples.
Então essa permuta do engenheiro das obras da Copa, todas de grande visibilidade e cuja conclusão é determinada pela FIFA para que Cuiabá receba os jogos, é um sintoma gravíssimo.
O discreto e trabalhador engenheiro para tomar essa decisão, que deixou muito mal o governo do Estado, talvez tenha recebido influência do poeta Vandré: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.
O excelente profissional sentiu que o convite honroso que recebera, seria uma boa oportunidade para sair - para não ficar como responsável pela não conclusão das obras da Copa.
A vaidade sem limite dos homens que se ofereceram para bancar obras caríssimas em um Estado pobre de recursos do Tesouro, e com necessidades básicas inadiáveis não atendidas, vai fazer com que não vejamos as obras da Copa concluídas.
Deixará sem dúvida algumas para o seu sucessor, um Estado falido e com problemas de toda ordem.
Ninguém costuma trocar o certo pelo duvidoso, especialmente em se tratando de obras públicas pagas pelo contribuinte.
Fiquei alegre e preocupado com essa decisão do engenheiro.
Alegre, porque o novo prefeito não poderia ser mais feliz na escolha, trazendo um profissional de currículo invejável para ajudá-lo na transformação de Cuiabá.
Preocupado, porque nenhum profissional correto deixaria por livre e espontânea vontade, ainda mais em sua cidade, um projeto quase concluído.
Essa permuta é um sintoma gravíssimo. É um forte indicador que as obras da Copa estão embananadas e sem os recursos necessários para atender todas as frentes de trabalho.
O governo federal só faz barulho.
Empenha verbas que nunca chegam a tempo útil para atender o cronograma do caderno da FIFA.
Recentemente foi publicada a situação das obras dos estádios nas doze cidades sedes. Recebemos a classificação de cinquenta por cento de conclusão da tal da Arena Pantanal.
Essa construção está sendo custeada com recursos estaduais e empréstimos que o governo fez para a conclusão de um futuro elefante de quase um bilhão de reais.
Torço para que tenha me equivocado nesse diagnóstico, pois amo Cuiabá.
Nasci nesta cidade, assim como meus filhos e netos. A minha mulher descansa na Piedade.
Se esse sacrifício de endividamento do Estado irá contribuir para seu desenvolvimento, é tarefa da história.

Gabriel Novis Neves
22-12-2012

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

MUSEU RONDON


Recebi o seguinte email de um professor da nossa Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT):
“Fiquei sabendo que o departamento de antropologia quer mudar o nome do Museu Rondon. Parece que levaram a solicitação à atual reitora, que teria dito que, na administração dela, nada seria mudado. Fiquei estarrecido com essa triste notícia.”
Tratando de assunto de uma universidade pública famosa internacionalmente com apenas quarenta e dois anos de existência, se verdadeiro, o fato não é somente estarrecedor, mas também, inacreditável, inaceitável e criminoso.
A UFMT é hoje o que é, graças aos ensinamentos de Rondon, um dos poucos heróis nacionais.
O legado do sertanista, considerado um dos cinco maiores andarilhos deste planeta, com relação ao papel do conhecimento produzido na nossa universidade para a ocupação racional da Amazônia, respeitando os povos da floresta e o meio ambiente, foi o compromisso da Universidade da Selva, que viabilizou e consolidou a UFMT em uma década.
A primeira obra construída na UFMT foi exatamente o Museu Rondon, marco de um novo tempo para o “estado curral”.
Rondon foi por mérito pessoal um dos poucos a ter o seu nome encaminhado à política Academia da Suécia para receber o Prêmio Nobel da Paz.
Por pertencer a um país de bananas, viu o seu nome preterido por grandes assassinos da humanidade.
Injustiçado e esquecido, Rondon teve a sua memória restaurada, em parte, pela antiga universidade da utopia.
Agora, o departamento de antropologia quer banir Rondon da sua casa – logo este departamento, quem diria!
Talvez tenha recebido ordens superiores para essa cassação e colocar em seu lugar um dos inúmeros equívocos históricos criados nesses últimos anos!
Nunca, jamais, em tempo algum, vi em toda a minha vida sinal mais evidente de alienação acadêmica.
Enquanto índios xavantes lutam pelos seus direitos, aquele departamento tem como meta mudar o nome do museu. A exemplo de Rondon deveria, isto sim, encontrar soluções para a pacificação dos povos pré-colombianos.
A atual reitora participou da implantação da UFMT, e lembra-se da função do Museu Rondon naquele momento histórico.
Durante o seu mandato nada será feito, mas nada nos garante que esse projeto de apagar a memória de Rondon do nosso campus universitário do Coxipó, não seja uma missão a ser cumprida.
O governo conseguiu acabar com a nossa educação.
Agora é apagar a memória nacional.
Pobre país que construímos para os nossos filhos!
Péssimo exemplo aos jovens, que perdem as suas referências.
Mudar o nome do nosso Museu Rondon!

Gabriel Novis Neves
15-12-2012

Surpresa


Na vida tudo pode ser possível.
A surpresa me condiciona a situações agradáveis, embora nem sempre isso funcione assim.
Telefonemas pela madrugada em casa de médico não são surpresa. Durante todo o período profissional da atividade médica, esse tipo de chamada não causa nenhuma sensação desagradável, mesmo interrompendo um processo fisiológico que é o sono.
Nos casos de dúvidas mais simples, a situação é resolvida ali mesmo, pelo telefone, de forma a aliviar o paciente.
 Finalizada a conversa o telefone é desligado e o sono continua como se nada houvesse acontecido.
Até sonhos podem continuar, tal qual um capítulo de novela.
Surpreendo-me com a perfeição do nosso organismo e com as suas perfeitas conexões entre o corpo e a mente.
Outras vezes somos obrigados a deixar precocemente a cama e sair, com a lua nos iluminando, em direção ao hospital ou até mesmo à residência do paciente.
A surpresa desagradável é sempre desagradável, independente do dia ou da hora.
O leque das surpresas é tão ilimitado, que sempre estamos sendo assaltados pelo ineditismo delas.
Penso no tipo dessa energia misteriosa, que tanto bem nos faz emocionalmente e que surge, às vezes, como a melhor das terapias em momentos tão carentes.
Os poetas têm razão em traduzir aquilo que nos acontece e nós não entendemos. Eles não são ilusionistas ou falsários dos seus sentimentos, falando sempre com a beleza das fantasias, combustível indispensável a uma vida saudável, onde o inconsciente nunca é freado pelo consciente.
Essa é a surpresa que assusta alguns.
Neste vai e vem sobre as surpresas, não existe a última. Ela só desaparecerá com a saudade.
As surpresas, mesmo as jamais esperadas, às vezes demoram anos para acontecer, mas a sua energia jamais será perdida.
Essas surpresas retidas são como o vinho. Quanto mais antigas melhores.
Ah! Como seria bom acordar sempre com uma surpresa agradável!

Gabriel Novis Neves
09-12-2012

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

POBREZA


O governo vive apregoando que a sua meta é exterminar a miséria do nosso país.
O povo brasileiro, independente de ideologia, filiação partidária, simpatia pelos que estão no poder, torce para que esse resultado seja alcançado.
As estatísticas oficiais (IBGE) dizem que existem cerca de 16 milhões de pessoas em situação de extrema pobreza.
Outras fontes afirmam que 60 milhões situam-se abaixo da linha de pobreza.
Entendo que quase um terço da população brasileira está a exigir cuidados especiais e urgentes para restituir a dignidade desta nação.
A metodologia escolhida pelo governo para enfrentar essa vergonhosa guerra, está sendo questionada com a sua política pública de assistência social.
A distribuição de farto cardápio de bolsas assistencialistas nos parece uma solução paliativa, e não, o remédio ideal para a cura desse sério distúrbio social.
A única arma para exterminar a miséria e pobreza é a educação.
Nesse sentido pouco tem feito o governo. A presidente do Brasil conhece muito bem essa situação, tanto que comunicou ao povo que irá investir fortemente em educação. Anunciou esta decisão no seu último pronunciamento à nação.
Prometeu que os recursos financeiros para essa revolução na nossa educação surgirão após a comercialização do petróleo da camada do pré-sal e a aprovação pelo Congresso Nacional de uma lei que determina que somente os novos contratos tenham os seus lucros distribuídos, também, para os Estados não produtores e cinquenta por cento do lucro seria do governo federal para educação.
O faminto e desnutrido sistema educacional não suportará tamanha espera e, com certeza, sucumbirá.
O Brasil não sobreviverá na era do conhecimento e competição. Os recursos para salvar a nossa educação têm que serem liberados já.
Um pouco de respeito à população brasileira faria bem à democracia.
Com a educação que hoje temos, o Brasil está definitivamente excluído das nações civilizadas.
Educação de péssima qualidade é a maior geradora da miséria, pobreza e exclusão social.

Gabriel Novis Neves
18-12-2012

domingo, 23 de dezembro de 2012

Ano que vem


Dezembro é um mês totalmente diferente dos demais. Não por ser ele o das tradicionais festas de final de ano - em que brindamos os doze meses que se findam com os seus feriadões prolongados - o mês do Papai Noel, festinhas, presentes ocultos ou não, abraços, viagens e o décimo terceiro salário, que para alguns chega ao décimo sexto. Dezembro é diferente porque possui uma característica única.
Em dezembro, e só em dezembro, todos os nossos problemas serão resolvidos no “ano que vem”.
Vou citar alguns exemplos, mesmo correndo o risco de cometer injustiças ao esquecer-me de alguns.
Sem ordem de prioridades escolhi a nossa economia, que teve este ano um desempenho fraco, ficando muito abaixo das previsões do governo. Este não é um bom sinal e lembra recessão, inflação e desemprego.
O governo tomou a iniciativa de acalmar a população, avisando que tudo voltará ao normal - no ano que vem.
A saúde pública brasileira totalmente sucateada, desmoralizada, indigna de uma nação civilizada, terá um tratamento diferenciado, pois os repasses aos municípios não sofrerão atrasos ou calotes, e o médico se fixará no interior - no ano que vem.
O ensino brasileiro sofreu uma humilhante avaliação dos organismos internacionais, deixando o mundo sem entender como um país que possui a sexta economia ocupa as últimas colocações de um rol de oitenta universidades dos países de melhor desempenho econômico.
O governo acusou o golpe, e a presidente citou como prioridade nacional a educação, que será bancada com os recursos que virão do pré-sal - no ano que vem.
No Brasil o número de usuários de crack, superou o dos dependentes do álcool. Políticas públicas serão incrementadas para corrigir esse grave mal social, destruidor da nossa juventude, mas - no ano que vem.
Será feito um permanente mutirão cívico em todo o Brasil com equipes multiprofissionais treinadas e motivadas para reverter esse câncer destruidor das nossas esperanças - no ano que vem.
Os constantes apagões de energia elétrica traduzem a falta de investimento na área e excesso de publicidade enganosa.
Voltamos ao período do racionamento de energia, mas o governo controlará a situação - no ano que vem.
A má administrada Petrobrás deixou um rombo de país rico na nossa conta. Prejuízos bilionários foram plantados e o período é de colheita do fracasso da empresa que era nossa.
As falhas foram detectadas nos seus pontos de vazamento, e tudo será recuperado com juros e correção monetária - no ano que vem.
Os casos de corrupção que pipocam em todo o país, com revelações semanais de como eram investidos o nosso dinheiro, com a punição do independente Supremo Tribunal Federal dos figurões da República, que não são qualquer um, serão totalmente extirpados do nosso país - no ano que vem.
As inexistentes malhas viárias para escoamento dos nossos produtos agrícolas, que são a nossa principal riqueza serão totalmente recuperadas e ampliadas nos moldes alemães, no ano que vem.
A deficiência de aeroportos com tecnologia de ponta será sanada com a construção de cerca de oitocentos aeroportos - ano que vem.
Haverá ampliação do transporte por via férrea premiando, em especial, os Estados campeões no agronegócio tornando os seus produtos mais competitivos no mercado internacional com modernização dos nossos portos de exportação - mas tudo só no ano que vem.
O asfaltamento da estrada Cuiabá-Santarém será concluído - no ano que vem.
O governo fará concurso para o ingresso no serviço público acabando com os milhares de cargos comissionados e de contratos por prazo determinado - no ano que vem.
Será implantada a meritocracia nos órgãos públicos e a obesa maquina oficial será lipoaspirada - no ano que vem.
O Congresso Nacional terá expediente normal durante a semana e legislará em benefício do povo - no ano que vem.
O Judiciário trabalhará em velocidade de Fórmula 1 e nenhum processo ficará retido por anos - no ano que vem.
Todos os nossos problemas sociais terão prioridade - no ano que vem.
Finalmente, as obras atrasadas da Copa do Mundo terão os seus cronogramas reajustados e todas serão entregues e funcionando - no ano que vem.
Feliz ano que vem.

Gabriel Novis Neves
19-12-2012

ORÇAMENTO


Os jornais informam que o prefeito eleito solicitou ao atual que alterasse o orçamento já aprovado pela Câmara Municipal para o próximo exercício, forçando um aumento de vinte e um milhões de reais.
Houve consenso entre os vereadores e o desejo foi atendido.
O que chamou a atenção do leitor foi a multiplicação por cinco dos recursos destinados ao gabinete do vice-prefeito de Cuiabá. Pulou de R$272,9 mil para R$1.4 mil!
Mais confuso ficou ainda o contribuinte com essa prioridade explícita pelos números, quando não é segredo nesta cidade que o eleito vice, com todo esse agrado, ameaça não tomar posse no cargo.
Prefere retornar as suas funções de deputado estadual.
Então, por que lutou tanto para ser candidato em eleição que não precisa de votos para se eleger?
Para ser vice de prefeito, governador ou presidente da República, ou suplente de senador, basta conseguir uma boa garupa para chegar lá.
Aqui, o vice-prefeito eleito para ser o escolhido pelo seu partido - aquele do Waldemar condenado recentemente pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no chamado processo do mensalão -, teve que bater de frente com o senador Presidente de Honra da secção estadual, que preferia outro candidato.
Os boatos sobre as possíveis causas dessa inusitada renúncia são os mais desencontrados possíveis.
Como os personagens envolvidos (prefeito e vice) na renúncia nunca me disseram nada, eu prefiro não dar ouvidos aos gritos das ruas.
Deve ter havido algum pedido pleiteado pelo vice, e não atendido pelo seu colega de chapa.
Mesmo aumentando em cinco vezes a verba do gabinete do vice, o agrado não foi suficiente para uma decisão tão radical.
Que essa história é estranha, ninguém duvida.
Até quando teremos que sustentar com os impostos pagos com o produto do nosso trabalho, os vices e suplentes?
Fala-se tanto em governar com transparência, e fatos como este da renúncia passa em brancas nuvens para os eleitores e contribuintes dos cofres públicos.
Por essas e outras é que o voto deveria ser opcional.
Em tempo: os recursos para a educação permaneceram inalterados.

Gabriel Novis Neves
16-12-2012

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Nós e os irracionais


A grande diferença entre nós e os outros animais é a nossa capacidade de transformar a natureza.
Eles, apenas extraem dela a sua sobrevivência. Nascem, vivem e morrem sem grandes percalços durante esse ciclo de vida, desde que não ocorram catástrofes telúricas.
Seu sistema imunológico, não sendo atingido por fatores emocionais como no nosso caso, consegue protegê-los de uma maneira eficaz das inúmeras pragas e doenças apenas ocorrendo eventualmente algumas zoonoses em função de distúrbios ambientais.
Nós, com as constantes inseguranças psicológicas, ficamos, igualmente, sujeitos a quedas frequentes do tônus cortical e dessa maneira, com muita frequência, dada a baixa imunidade, desprotegidos de todo tipo  de doença, inclusive as provocadas por vírus e bactérias.
Com relação ao tão propalado benefício do exercício físico, os animais só o fazem em condições de perigo ou durante a caça, para sobrevivência.  No restante do tempo, muitos alongamentos, estes sim extremamente necessários e entrega total ao descanso.
Os racionais aqui, motivados por uma propaganda diária contundente, se exaurem nas academias  em busca de corpos esculturais que teoricamente os levariam a experiências afetivo-sexuais  mais intensas e duradouras  e quem sabe à juventude eterna.
A observação geral é, entretanto de que todo o inverso ocorre na maioria dos casos e o saldo final é de um grande número de pessoas com o seu sistema osteo articular lesionado, algumas vezes de maneira grave.
Ao menor sinal de doença, os animais imediatamente param de comer, saem à procura das ervas específicas para a sua cura, sempre por eles intuída, e entram em absoluto repouso como forma de comportamento.
Entretanto, na convivência com os humanos,  podem se tornar obesos, neuróticos, diabéticos, cancerosos, cardíacos  e sempre dependentes de cuidados veterinários uma vez que passamos  para eles as inúmeras agressões que fazemos à nossa espécie, sejam elas alimentares, sexuais, ambientais e principalmente psicológicas.
Enfim, de tudo isso concluímos que respeitadas às diferenças genéticas, seríamos bem mais equilibrados se agredíssemos menos a natureza.
Na nossa imensa sede de "TER", nos entregamos de uma maneira desvairada a consumir cada vez mais e desordenadamente com se isso fosse a nossa única finalidade de vida.
Na verdade, o modelo de felicidade cabe num recipiente bem menor.
Vivemos numa sociedade em que “A Depressão” é um dos maiores males e isso justifica uma reflexão profunda sobre as suas possíveis causas.
Entretanto, regidos por sistemas de produção perversos, dificilmente em curto prazo poderemos nos livrar desses apelos que levam ao dito ‘Sucesso’, afastando-nos de nossa origem primitiva animal.

Gabriel Novis Neves
30/11/2012

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

O NATAL E A FAMÍLIA


Nem sempre o que se canta, exuberantemente, sobre a família é verdadeiro.
No final do ano, com a proximidade do Natal, um grande número de pessoas começa a repensar a veracidade de seus laços familiares, já que algumas festas comemorativas se transformam em obrigações insuportáveis.
Aí são expostos os conflitos de egos, as vaidades, as competições econômicas e, principalmente, os reais distanciamentos afetivos entre os familiares.
Diante deste quadro, inúmeras crises depressivas podem surgir nessas festividades, muitas vezes atribuídas a outras causas, pois família é tabu intocável em nossa sociedade.
No entanto, é compreensível que um sentimento de desencanto com relação a alguns membros da família surja em alguns casos, porquanto não nos é dado a opção de escolher pais e irmãos, muito menos em que tipo de organização familiar seremos inseridos. Torna-se difícil neste caso falar do amor inquestionável pela família.
Conflitos assim são muito mais frequentes do que imaginamos, principalmente nas pessoas mais sensíveis habituadas a questionar o imposto pelas normas sociais.
As demais somatizam um grande número de patologia, sabem-no bem os médicos e paramédicos plantonistas nas confraternizações de fim de ano.
A natureza nos oferece sustento integral em nossa chegada ao mundo.
Os animais, muito precocemente, abdicam de esteio, até porque eles são empurrados para seu dever de perpetuação da espécie o mais rápido possível.
Nós, na maioria das vezes, permanecemos atados - alguns durante toda a vida - a um cordão supostamente protetor, embora a nos aprisionar a regras de condutas preestabelecidas, impedindo o pleno crescimento do ser.
Não temos a medida animal de permitir que aqueles por nós gerados conheçam, o mais rapidamente possível, o grande prazer da liberdade, essencial à nossa plenitude.
Por outro lado, leis nem sempre justas de herança fazem com que os idosos se tornem reféns dos mais jovens, na busca de arrimo inverso, a ocorrer com o passar dos anos.
Frequentemente nos deparamos com olhares distantes e desencantados de pessoas de faixas etárias mais avançadas, cuja percepção de haverem se comportado quais doadores inglórios, fica visível para todos.
Sempre que possível, devemos exercitar o congraçamento prazeroso e salutar com pessoas que realmente nos tornam felizes, sejam familiares ou deliciosos parentes por nós escolhidos durante a vida. Compartilhar as mesmas características sanguíneas não confere a ninguém a certeza de uma total cumplicidade.
Uns raros espécimes, socialmente considerados egoístas, conseguem se livrar dessas convenções tão adoecedoras.
Que os mais jovens também reflitam sobre isto, pois em um futuro não tão distante, tudo isso também lhes dirá respeito.
Um Feliz Natal e Novo Ano, sempre com os que verdadeiramente amamos e pelos quais nos sentimos amados, numa busca incansável de eliminar as hipocrisias que nos cercam.

Gabriel Novis Neves
17-12-2012

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Está certo!


A sociedade brasileira acostumou-se tanto a tolerar a hipocrisia, que está difícil viver com ética, respeito, solidariedade e humanismo.
Neste final de ano três assuntos ocupam o espaço da mídia.
O provável encerramento do julgamento dos mensaleiros pelo Supremo Tribunal Federal, agora acoplado ao escândalo do escritório da Presidência da República em São Paulo.
A engenharia sem as curvas e a beleza do Niemayer nos arranjos das equipes dos futuros prefeitos, onde a obra final é semelhante a uma colcha de retalhos, produto das concessões partidárias.
Os salários dos prefeitos e vereadores do Brasil, muitos acima do teto determinado pela Constituição Federal.
Dos cento e quarenta e um municípios mato-grossenses, a maioria vive de repasses constitucionais.
O município de Cuiabá no próximo ano terá um orçamento pouca coisa maior do que o da Secretaria da Casa Civil do governo do Estado.
Ao que me consta, essa secretaria de articulação política do governador não possui uma estrutura burocrática como a Prefeitura da nossa capital - carente de ações imediatas que requerem dinheiro para minorar, pelo menos, a saúde pública.
Acho também que não possui uma Câmara de Vereadores, tão obesa com aumento de “representantes do povo” e custo operacional altíssimo.
Como certas coisas só acontecem em Cuiabá, proporcionalmente ao número de habitantes, a nossa ex-Cidade Verde possui quase dez vezes mais vereadores que a cidade mais rica do Brasil que é a capital do Estado de São Paulo.
Somos generosos também com o número de secretarias criadas para atender a faminta base de sustentação do governo municipal, cujo orçamento mal paga o salário do pessoal.
O futuro prefeito, num ato de lucidez, pensou em fundir algumas dessas inutilidades, verdadeiras aspiradoras do nosso caríssimo IPTU.
Claro que os poucos privilegiados fantasiados como defensores da cultura e turismo, acusaram o golpe e gritaram.
Acho pouco que, com esse orçamentinho, o nosso município tenha de continuar com essa gigantesca máquina administrativa inoperante, deixando de atender as emergências da nossa população.
Temos mais secretarias ornamentais e ociosas que postos de saúde e creches em funcionamento, o que é um absurdo insuportável de falta de respeito aos mais carentes, principalmente.
Mauro foi eleito para transformar Cuiabá em uma cidade moderna e mais humana.
Medidas duras a favor da população devem ser tomadas no primeiro dia de governo. Nossa gente não tem mais paciência para ouvir discursos e promessas de que vamos fazer ou estamos estudando o caso.
Não elegemos um prefeito para realizar mudanças?
Queremos transformações.

Estas têm que começar de cima para baixo e não demitindo pequenos funcionários, trocando móveis dos gabinetes ou mudando de prédio.

Mauro: modernize o Palácio Alencastro e trabalhe com uma enxuta máquina administrativa ao seu lado.
Siga o exemplo da universidade onde você estudou que, aos quarenta e dois anos de existência e famosa internacionalmente, não possui sede própria para reitoria, que ocupa (usucapião) uma pequena área da Biblioteca Central.
E a sua universidade, nesse simples espaço físico, comanda uma rede de filiais nas principais cidades do Estado.
Faça uma cirurgia radical nessas quase vinte secretarias municipais. Reduza-as para seis núcleos, e colha resultados imediatos percebidos pela nossa desesperada população à procura de soluções para os seus problemas.
Represálias políticas acontecerão, mas a vontade do povo é soberana e este não lhe faltará.
Não se torne um refém dos velhos e ultrapassados métodos de governar.
Não siga os exemplos dos governos Estadual e Federal, totalmente engessados e inoperantes.
Repito Mauro: o momento é de fusão “ampla, geral e irrestrita” para salvar a minha cidade.
Você não deve nem pensar na mesmice, ouvindo caciques políticos profissionais.
Coragem novo prefeito!
O povo quer aplaudi-lo por promover o desenvolvimento de Cuiabá.
A prefeitura não é casa de filantropia.

Gabriel Novis Neves
11-12-2012

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

SOCIEDADES VIOLENTAS


Os massacres nas escolas americanas causam sempre um grande impacto no mundo todo. Logo em seguida, são facilmente esquecidos, e sempre explicados como oriundos de distúrbios psiquiátricos isolados.
Simples, também, atribuir o fato à constituição americana, a permitir a qualquer cidadão a compra de armas de qualquer tipo, até pela internet.
É muita ingenuidade ou má fé omitirmos  ser o grande  e poderoso lobby da indústria de armas, no qual até hoje nenhum presidente dos EUA ousou tocar, o maior  desencadeador de todos  esses acontecimentos. Do final do século XIX até os dias presentes, já foram catalogados cerca de 280  ataques à escolas em diferentes pontos do país.
Logicamente, existe nos meios estudantis uma cultura propícia a esse tipo de acontecimento, pois uma enorme competitividade entre os  jovens, desde muito cedo, começa a dividi-los  entre os perdedores  e as celebridades vencedoras. 
Inúmeros são os campeonatos existentes nas  escolas,  e assim, a verdadeira preocupação em formar pessoas solidárias, valor  totalmente descartado,vai-se perdendo pela vida afora.
Somente os que se tornaram celebridades terão os aplausos e as glórias da comunidade
Além de tudo, inúmeros clubes de tiro proliferam, sendo  os próprios pais os incentivadores dos filhos  à prática de tal atividade. Isso sem falar no aspecto da pseudo virilidade, enaltecida pela  indústria de armas através das diferentes mídias.
Interessante observar: dos 280 casos de ataque registrados, apenas dois  foram cometidos por mulheres.
As armas usadas são sempre de última geração, com um enorme e rápido poder de destruição de muitas vidas em poucos minutos.
Dessa forma, da mistura de tais fatores está feito o caldo perverso  para a continuidade de acontecimentos do mesmo tipo.
O quadro não é muito diferente em países da América Latina, como o nosso, no qual ocorrem mais de 50 mil assassinatos e 45 mil mortes no trânsito, em apenas um ano.
Para o mundo, as manchetes nos rotulam de selvagens, ignorantes, dignos de desprezo.
E aí, elite cultural e econômica do mundo não seriam os casos citados as duas faces de uma mesma moeda?
Vocês,  germinando e incentivando, no dia a dia, a competitividade excessiva, a violência dos costumes, a anulação da solidariedade.
Nós, ainda muito jovens, massacrados pela miséria, pelo analfabetismo, cuja extinção a  ninguém preocupa,  pelos governantes corruptos, por nós eleitos, e com os hipócritas disfarçados de boas intenções que deles se locupletam.
Com certeza um mundo melhor e mais justo virá no dia em que nos transformarmos em seres humanos verdadeiros, irmanados num mesmo propósito de paz.
Preciso acreditar nisso.

Gabriel Novis Neves

15-12-2012