sábado, 1 de dezembro de 2012

VIRGINDADE E POLÍTICA


Grande parte da nossa sociedade tem a crença de que dinheiro tudo compra.
Há milênios este pensamento domina os seres humanos. O avanço da ciência e as conquistas sociais fazem com que esta convicção fique ainda mais arraigada.
Compram-se órgãos para transplantes, bebês, crianças, sangue, justiça, virgindade e políticos.
A mídia nacional e a internacional durante semanas deram destaque à venda da virgindade de uma jovem brasileira de Santa Catarina.
O negócio foi realizado pela internet. O ganhador foi um cidadão japonês que arrematou o troféu pela bagatela de setecentos e oitenta mil dólares, livre de impostos e pagamento para corretor.
Esta transação comercial é complicada em termos legais. Um grupo de juristas estuda como será efetuado o pagamento do objeto adquirido em um leilão internacional.
O ato só poderá ser consumado em águas internacionais.
Compra mais complexa que essa só a dos mensaleiros, quando integrantes do governo Lula compraram apoio de parlamentares no Congresso Nacional.
Essas transações, tanto a venda da virgindade como a da compra de parlamentares, mostram o poder do dinheiro.
Sobre o certo e o errado desses comércios amplamente divulgados pela imprensa, só juristas e filósofos para nos orientar.
Eminentes professores de direito, inclusive ex-ministros de Estado, dizem que a transação da venda da virgindade é legal, pois houve acordo entre as partes sem prejudicar terceiros.
Porém, quando o dinheiro sai do tesouro nacional aí a história muda.
Roubar dos cofres públicos dinheiro da merenda escolar, creches, saúde pública, segurança - como no caso do mensalão - é crime. Causa danos a terceiros.
Professores de filosofia condenam essas duas transações.
Acham que estão levando longe demais o conceito que tudo tem um preço.
Quem acha que o dinheiro pode comprar tudo na verdade não valoriza nada.
Vender virgindade deprecia a intimidade das pessoas.
Comprar apoio político prostitui a democracia.
Estes são verdadeiros comércios ilegais, já punidos no Brasil quanto à compra de apoio político.
A virgindade está no campo ético e moral, embora seja um preconceito obsoleto no século XXI.
Diante da coragem do Ministro Joaquim Barbosa do Supremo Tribunal Federal ao condenar os assaltantes dos cofres públicos e a divulgação pela internet da venda da virgindade da moça de Santa Catarina, nada melhor como recordar o refrão do filósofo da Rua Nova:
“Não existem virgens na política.”

Gabriel Novis Neves
24-11-2012

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