Grande
parte da nossa sociedade tem a crença de que dinheiro tudo compra.
Há
milênios este pensamento domina os seres humanos. O avanço da ciência e as
conquistas sociais fazem com que esta convicção fique ainda mais arraigada.
Compram-se
órgãos para transplantes, bebês, crianças, sangue, justiça, virgindade e
políticos.
A
mídia nacional e a internacional durante semanas deram destaque à venda da
virgindade de uma jovem brasileira de Santa Catarina.
O
negócio foi realizado pela internet. O ganhador foi um cidadão japonês que
arrematou o troféu pela bagatela de setecentos e oitenta mil dólares, livre de
impostos e pagamento para corretor.
Esta
transação comercial é complicada em termos legais. Um grupo de juristas estuda
como será efetuado o pagamento do objeto adquirido em um leilão internacional.
O
ato só poderá ser consumado em águas internacionais.
Compra
mais complexa que essa só a dos mensaleiros, quando integrantes do governo
Lula compraram apoio de parlamentares no Congresso Nacional.
Essas
transações, tanto a venda da virgindade como a da compra de parlamentares,
mostram o poder do dinheiro.
Sobre
o certo e o errado desses comércios amplamente divulgados pela imprensa, só
juristas e filósofos para nos orientar.
Eminentes
professores de direito, inclusive ex-ministros de Estado, dizem que a transação
da venda da virgindade é legal, pois houve acordo entre as partes sem
prejudicar terceiros.
Porém,
quando o dinheiro sai do tesouro nacional aí a história muda.
Roubar
dos cofres públicos dinheiro da merenda escolar, creches, saúde pública,
segurança - como no caso do mensalão - é crime. Causa danos a terceiros.
Professores
de filosofia condenam essas duas transações.
Acham
que estão levando longe demais o conceito que tudo tem um preço.
Quem
acha que o dinheiro pode comprar tudo na verdade não valoriza nada.
Vender
virgindade deprecia a intimidade das pessoas.
Comprar
apoio político prostitui a democracia.
Estes
são verdadeiros comércios ilegais, já punidos no Brasil quanto à compra de
apoio político.
A
virgindade está no campo ético e moral, embora seja um preconceito obsoleto no
século XXI.
Diante
da coragem do Ministro Joaquim Barbosa do Supremo Tribunal Federal ao condenar
os assaltantes dos cofres públicos e a divulgação pela internet da venda da
virgindade da moça de Santa Catarina, nada melhor como recordar o refrão do
filósofo da Rua Nova:
“Não
existem virgens na política.”
Gabriel Novis Neves
24-11-2012
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