terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Reta final


“Quem bejô, bejô, quem não bejô não bejâ mais”.
Assim é caracterizado pelo cuiabano o mês de dezembro, o mais festivo e curto, apesar dos seus trinta e um dias.
Tudo termina logo no início do mês dos feriados prolongados.
Os empenhos das dívidas contraídas pelo Estado no decorrer do ano por falta de pagamento, e para manter a tradição de estado caloteiro e irresponsável, ficam num tal de restos a pagar.
Serão saldados após a liberação do contingenciamento do próximo orçamento, dependendo do “humor” do governo em cumprir com os seus compromissos junto aos seus credores.
Isso ficou bem claro com a posição do Tribunal de Contas do Estado, quando um conselheiro auditor concursado, aquele que não compra vaga para pertencer à corte, denunciou o crime cometido na área da saúde com relação aos repasses dos recursos.
Se o prefeito é adversário político do governador, esses repasses que são constitucionais, não são feitos.
Amigos recebem. Futuros aliados recebem acima do teto a que tem direito. Muitos sem visibilidade eleitoral são ignorados.
Restos a pagar são negociados com o governo a preço de banana, levando muitas firmas à falência.
Em dezembro o dinheiro do Tesouro está mais curto que os trilhos do VLT.
Os funcionários recebem o seu 13º constitucional.
O rapa do fundo do tacho do Tesouro é enviado sem cortes e dentro do prazo previsto aos poderes legislativo, judiciário e tribunal de contas. O resto é o resto.
O governo e os poderes constituídos iniciam na primeira semana de dezembro as suas festinhas de amigo oculto para comemorar o fato de que os nossos problemas serão solucionados no Ano Novo.
E toca o sininho do velhinho com o seu ho, ho, ho.
Nesta reta final, quando deixamos a Ano Velho e jogamos nossas esperanças no Ano Novo, seria bom se deixássemos para sempre nossas vaidades e preconceitos.
Não confundamos a felicidade com a rolha saltitante da boca da garrafa do espumante e abraços de tamanduá.
Não esqueçamos que a nossa felicidade vem de dentro para fora.
Em dezembro o tempo todo é ocupado pelas festanças - de quê, não sei.
O menos lembrado nesse período natalino é Jesus, o Cristo que veio ao mundo para nos salvar.
O ano termina com a liquidação das lojas e o início das festas do carnaval.
A Escola de Samba Primeira de Mangueira “homenageará” a nossa capital com a chegada do trem da ilusão trazendo sambistas conduzidos pelo maquinista Cartola.
Dezembro está aí.
Agora é manter a tradição e começar o Ano Novo fingindo que não herdamos os problemas do Ano Velho.

Gabriel Novis Neves
02-12-2012

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