Há mais de vinte anos
realizava-se no antigo Hospital Geral de Cuiabá, hoje hospital Geral
Universitário (HGU), o primeiro transplante de rins.
Depois o Hospital Santa
Helena realizou também o seu, e o Hospital Santa Rosa ficou conhecido como o
hospital referência nesse tipo de procedimento.
Todos esses hospitais não
são do Estado, e atendiam os pacientes do SUS mediante convênios e filantropia.
Apesar de todas as
dificuldades tecnológicas, mais de trinta transplantes de rins foram
realizados.
Em 2004, após humilhações
inexplicáveis sofridas na Delegacia de Polícia instalada dentro da Secretaria
de Saúde do Estado, o médico chefe daquele serviço pediu o seu
descredenciamento do Ministério da Saúde para poder realizar transplante de
rins no Brasil.
O Hospital Santa Rosa, que
atendia o SUS, também se descredenciou e deixou de fazer essa cirurgia, para
infelicidade dos pobres.
Há três anos não se pratica
transplante de rins em uma cidade que possui profissionais qualificados para
esse procedimento e tecnologia de apoio local, como laboratórios para exames
genéticos, enfermagem preparada, além de possuir duas excelentes escolas de
medicina.
O hospital onde o governo
do Estado investiu para transplante de rins, não possui alvará da Vigilância
Sanitária que permita a realização desse ato cirúrgico.
Apenas uma enorme placa
com o nome de dezenas de autoridades do Estado responsáveis pelo empreendimento
está presente.
Dinheiro foi perdido e, em
breve, o Centro Cirúrgico Renal e a UTI serão utilizados como espaço
burocrático.
E o nosso dinheiro
investido?
Aguardemos o parecer do
Tribunal de Contas. Os responsáveis por esse ato de vandalismo com o sofrimento
humano e com o dinheiro público têm que ser punidos.
Este ano, em plena
campanha política, o governo do Estado, aliado ao governo federal, anunciou que
o Ministro da Saúde - em perfeita sintonia com o partido do governador -
iria construir aqui o Hospital dos Transplantes de Órgãos.
Inclusive foi declarado o
valor dos recursos que estariam sendo repassados.
Pois bem. O candidato
alinhado perdeu as eleições e não se fala mais no tal hospital dos
transplantes.
O que se discute são
trincheiras e o ambicioso projeto do VLT, com sérios problemas perante o
Tribunal de Contas da União, pois os recursos para as obras não estão sendo
liberados e o trenzinho não ficará concluído para a Copa.
O governo passado
“inaugurou” também o setor de transplante de medula óssea, o Banco de ossos e o
de pele.
Não possuímos nem
condições de retirar órgãos de doadores, e muitas famílias não têm o seu desejo
atendido por ineficiência e negligência dos gestores da cidade da Copa do
Mundo.
Vários governos estaduais
e municipais desta nação criaram a Lei do auxílio-funeral de incentivo às
famílias de doadores de órgão.
Nós também possuímos a
nossa. É a Lei Nº 7423/01, que instituiu o auxílio-funeral para os doadores de
órgãos, de autoria do Deputado Carlos Brito.
Único setor que funcionava
com eficiência em transplantes, terminando com as filas da desumanidade, era
praticado em hospital privado, o excelente Hospital de Olhos.
Esse hospital chegou a
realizar até quarenta transplantes de córnea por mês.
O governo do Estado deixou
de pagar a taxa de auxílio funeral alegando falta de recursos (!).
O serviço praticamente
parou, realizando dois ou três transplantes de córnea por mês!
O pior é que a nossa
gente, a não ser os necessitados, ignora mais esse crime cometido contra os
pobres.
Triste cidade materialista
e desumana!
Até quando iremos assistir
diariamente a esses atos criminosos na passividade?
Os pobres estão sem voz.
Não possuem representantes.
Está tudo dominado pelo
terrorismo dos poderosos.
Gabriel Novis Neves
07-12-2012
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