quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Sintomas


Nem sempre um sintoma significa uma patologia grave. Na maioria das vezes é consequência de uma defesa do nosso organismo perante uma agressão.
Basta valorizarmos esse alarme biológico para corrigi-lo, sem necessidade de uso de fármacos.
O nosso organismo é extremamente vulnerável à insatisfação, seja no trabalho, na família, na economia e nesse mar de lama em que vivemos, e que cada vez aumenta mais.
Outras vezes, um simples sintoma revela uma doença gravíssima.
Uma leve dorzinha no peito pode ser o sintoma de uma isquemia do miocárdio.
Citei um sintoma médico, assim como poderia pinçar sintomas sociais, econômicos, trabalhistas, afetivos e tantos outros.
Gostaria de pedir ajuda ao leitor sobre o significado da preferência do engenheiro responsável pelas necessárias obras da Copa do Mundo pela Secretaria de Obras do município.
As obras comandadas pelo engenheiro demissionário seriam entregues em curto prazo de tempo, coroando profissionalmente o engenheiro competente, trabalhador e honesto, nessa verdadeira revolução no nosso sistema modal.
Assumindo uma Secretaria de Obras de um município que tão bem ele conhece, cujo orçamento da prefeitura é inferior ao do VLT, que será inaugurado daqui a dezoito meses, fica difícil julgar esse sintoma como simples.
Então essa permuta do engenheiro das obras da Copa, todas de grande visibilidade e cuja conclusão é determinada pela FIFA para que Cuiabá receba os jogos, é um sintoma gravíssimo.
O discreto e trabalhador engenheiro para tomar essa decisão, que deixou muito mal o governo do Estado, talvez tenha recebido influência do poeta Vandré: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.
O excelente profissional sentiu que o convite honroso que recebera, seria uma boa oportunidade para sair - para não ficar como responsável pela não conclusão das obras da Copa.
A vaidade sem limite dos homens que se ofereceram para bancar obras caríssimas em um Estado pobre de recursos do Tesouro, e com necessidades básicas inadiáveis não atendidas, vai fazer com que não vejamos as obras da Copa concluídas.
Deixará sem dúvida algumas para o seu sucessor, um Estado falido e com problemas de toda ordem.
Ninguém costuma trocar o certo pelo duvidoso, especialmente em se tratando de obras públicas pagas pelo contribuinte.
Fiquei alegre e preocupado com essa decisão do engenheiro.
Alegre, porque o novo prefeito não poderia ser mais feliz na escolha, trazendo um profissional de currículo invejável para ajudá-lo na transformação de Cuiabá.
Preocupado, porque nenhum profissional correto deixaria por livre e espontânea vontade, ainda mais em sua cidade, um projeto quase concluído.
Essa permuta é um sintoma gravíssimo. É um forte indicador que as obras da Copa estão embananadas e sem os recursos necessários para atender todas as frentes de trabalho.
O governo federal só faz barulho.
Empenha verbas que nunca chegam a tempo útil para atender o cronograma do caderno da FIFA.
Recentemente foi publicada a situação das obras dos estádios nas doze cidades sedes. Recebemos a classificação de cinquenta por cento de conclusão da tal da Arena Pantanal.
Essa construção está sendo custeada com recursos estaduais e empréstimos que o governo fez para a conclusão de um futuro elefante de quase um bilhão de reais.
Torço para que tenha me equivocado nesse diagnóstico, pois amo Cuiabá.
Nasci nesta cidade, assim como meus filhos e netos. A minha mulher descansa na Piedade.
Se esse sacrifício de endividamento do Estado irá contribuir para seu desenvolvimento, é tarefa da história.

Gabriel Novis Neves
22-12-2012

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