A
cidade onde nasci - muito mais que agarrativa e linda - é a cidade das
oportunidades.
Moderna,
na concepção filosófica de perdoar as fraquezas humanas, a minha quase
tricentenária cidade é de uma generosidade surpreendente.
Acolhe,
sem preconceitos, todos aqueles que a procuram: trabalhadores, empresários,
intelectuais, estudantes, artistas, desocupados, gente com passado respeitável
e outros nem tanto - estende a eles a sua compreensão infinita.
O
tecido social hoje da ex-Cidade Verde é constituído do que há de disponível em
termos humanos.
Não
conheço outro lugar onde tantos equívocos se reuniram para tomar conta dos
nossos destinos.
A
maioria dos cuiabanos devotos de São Benedito deixou-se envolver com a fantasia
de alguns migrantes.
Os
nativos não estão se importando, especialmente com a genética dos ocupantes dos
cargos de mando neste Estado.
Gente
que em país civilizado dificilmente estaria caminhando nas ruas, aqui são
professores de moral e ética.
Preocupo-me,
e muito, em saber que essa gente que tanto mal causa aos moradores desta terra,
gostou do poder conquistado pela vontade de interesses que não são os mesmos
dos nativos da terra agarrativa e linda.
Encastelados
e protegidos pelas armas do poder transformam esta relíquia que é Cuiabá, em
ponto de negócios para as suas ilimitadas ambições.
O
que mais se ouve nesta terra abençoada é sobre falcatruas de alguns poderosos.
A
rendição do bem produziu condições ideais para a instalação do mal entre nós.
Como
cidadão, sinto-me envergonhado com os valores dominantes na minha cidade.
Contrariando
sabedorias milenares, para recuperar Cuiabá dos seus algozes, teremos de seguir
exemplos, não de cima, mas aqueles que estão no fundo do poço das nossas
misérias.
Triste
cidade agarrativa e linda que, no seu desespero sedutor, não se preocupou em
separar o joio do trigo.
Mas
nada se perde quando sentimos a força da nossa história.
Gritemos
um basta a essa ocupação despreparada e desenfreada de aproveitadores e
assaltantes do nosso passado.
Cuiabá
continuará cidade agarrativa e linda, com a limpeza de tantos santos de pés de
barro em trânsito por aqui.
Paciência
sim, negociar com a desonra, jamais.
Gabriel Novis Neves
22-12-2012
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