Nem
sempre o que se canta, exuberantemente, sobre a família é verdadeiro.
No
final do ano, com a proximidade do Natal, um grande número de pessoas começa a
repensar a veracidade de seus laços familiares, já que algumas festas
comemorativas se transformam em obrigações insuportáveis.
Aí
são expostos os conflitos de egos, as vaidades, as competições econômicas e,
principalmente, os reais distanciamentos afetivos entre os familiares.
Diante
deste quadro, inúmeras crises depressivas podem surgir nessas festividades,
muitas vezes atribuídas a outras causas, pois família é tabu intocável em nossa
sociedade.
No
entanto, é compreensível que um sentimento de desencanto com relação a alguns
membros da família surja em alguns casos, porquanto não nos é dado a opção de
escolher pais e irmãos, muito menos em que tipo de organização familiar seremos
inseridos. Torna-se difícil neste caso falar do amor inquestionável pela
família.
Conflitos
assim são muito mais frequentes do que imaginamos, principalmente nas pessoas
mais sensíveis habituadas a questionar o imposto pelas normas sociais.
As
demais somatizam um grande número de patologia, sabem-no bem os médicos e
paramédicos plantonistas nas confraternizações de fim de ano.
A
natureza nos oferece sustento integral em nossa chegada ao mundo.
Os
animais, muito precocemente, abdicam de esteio, até porque eles são empurrados
para seu dever de perpetuação da espécie o mais rápido possível.
Nós,
na maioria das vezes, permanecemos atados - alguns durante toda a vida - a um
cordão supostamente protetor, embora a nos aprisionar a regras de condutas
preestabelecidas, impedindo o pleno crescimento do ser.
Não
temos a medida animal de permitir que aqueles por nós gerados conheçam, o mais
rapidamente possível, o grande prazer da liberdade, essencial à nossa
plenitude.
Por
outro lado, leis nem sempre justas de herança fazem com que os idosos se tornem
reféns dos mais jovens, na busca de arrimo inverso, a ocorrer com o passar dos
anos.
Frequentemente
nos deparamos com olhares distantes e desencantados de pessoas de faixas
etárias mais avançadas, cuja percepção de haverem se comportado quais doadores
inglórios, fica visível para todos.
Sempre
que possível, devemos exercitar o congraçamento prazeroso e salutar com pessoas
que realmente nos tornam felizes, sejam familiares ou deliciosos parentes por
nós escolhidos durante a vida. Compartilhar as mesmas características
sanguíneas não confere a ninguém a certeza de uma total cumplicidade.
Uns
raros espécimes, socialmente considerados egoístas, conseguem se livrar dessas
convenções tão adoecedoras.
Que
os mais jovens também reflitam sobre isto, pois em um futuro não tão distante,
tudo isso também lhes dirá respeito.
Um
Feliz Natal e Novo Ano, sempre com os que verdadeiramente amamos e pelos quais
nos sentimos amados, numa busca incansável de eliminar as hipocrisias que nos cercam.
Gabriel Novis Neves
17-12-2012
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