quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

O NATAL E A FAMÍLIA


Nem sempre o que se canta, exuberantemente, sobre a família é verdadeiro.
No final do ano, com a proximidade do Natal, um grande número de pessoas começa a repensar a veracidade de seus laços familiares, já que algumas festas comemorativas se transformam em obrigações insuportáveis.
Aí são expostos os conflitos de egos, as vaidades, as competições econômicas e, principalmente, os reais distanciamentos afetivos entre os familiares.
Diante deste quadro, inúmeras crises depressivas podem surgir nessas festividades, muitas vezes atribuídas a outras causas, pois família é tabu intocável em nossa sociedade.
No entanto, é compreensível que um sentimento de desencanto com relação a alguns membros da família surja em alguns casos, porquanto não nos é dado a opção de escolher pais e irmãos, muito menos em que tipo de organização familiar seremos inseridos. Torna-se difícil neste caso falar do amor inquestionável pela família.
Conflitos assim são muito mais frequentes do que imaginamos, principalmente nas pessoas mais sensíveis habituadas a questionar o imposto pelas normas sociais.
As demais somatizam um grande número de patologia, sabem-no bem os médicos e paramédicos plantonistas nas confraternizações de fim de ano.
A natureza nos oferece sustento integral em nossa chegada ao mundo.
Os animais, muito precocemente, abdicam de esteio, até porque eles são empurrados para seu dever de perpetuação da espécie o mais rápido possível.
Nós, na maioria das vezes, permanecemos atados - alguns durante toda a vida - a um cordão supostamente protetor, embora a nos aprisionar a regras de condutas preestabelecidas, impedindo o pleno crescimento do ser.
Não temos a medida animal de permitir que aqueles por nós gerados conheçam, o mais rapidamente possível, o grande prazer da liberdade, essencial à nossa plenitude.
Por outro lado, leis nem sempre justas de herança fazem com que os idosos se tornem reféns dos mais jovens, na busca de arrimo inverso, a ocorrer com o passar dos anos.
Frequentemente nos deparamos com olhares distantes e desencantados de pessoas de faixas etárias mais avançadas, cuja percepção de haverem se comportado quais doadores inglórios, fica visível para todos.
Sempre que possível, devemos exercitar o congraçamento prazeroso e salutar com pessoas que realmente nos tornam felizes, sejam familiares ou deliciosos parentes por nós escolhidos durante a vida. Compartilhar as mesmas características sanguíneas não confere a ninguém a certeza de uma total cumplicidade.
Uns raros espécimes, socialmente considerados egoístas, conseguem se livrar dessas convenções tão adoecedoras.
Que os mais jovens também reflitam sobre isto, pois em um futuro não tão distante, tudo isso também lhes dirá respeito.
Um Feliz Natal e Novo Ano, sempre com os que verdadeiramente amamos e pelos quais nos sentimos amados, numa busca incansável de eliminar as hipocrisias que nos cercam.

Gabriel Novis Neves
17-12-2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.