quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

MUSEU RONDON


Recebi o seguinte email de um professor da nossa Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT):
“Fiquei sabendo que o departamento de antropologia quer mudar o nome do Museu Rondon. Parece que levaram a solicitação à atual reitora, que teria dito que, na administração dela, nada seria mudado. Fiquei estarrecido com essa triste notícia.”
Tratando de assunto de uma universidade pública famosa internacionalmente com apenas quarenta e dois anos de existência, se verdadeiro, o fato não é somente estarrecedor, mas também, inacreditável, inaceitável e criminoso.
A UFMT é hoje o que é, graças aos ensinamentos de Rondon, um dos poucos heróis nacionais.
O legado do sertanista, considerado um dos cinco maiores andarilhos deste planeta, com relação ao papel do conhecimento produzido na nossa universidade para a ocupação racional da Amazônia, respeitando os povos da floresta e o meio ambiente, foi o compromisso da Universidade da Selva, que viabilizou e consolidou a UFMT em uma década.
A primeira obra construída na UFMT foi exatamente o Museu Rondon, marco de um novo tempo para o “estado curral”.
Rondon foi por mérito pessoal um dos poucos a ter o seu nome encaminhado à política Academia da Suécia para receber o Prêmio Nobel da Paz.
Por pertencer a um país de bananas, viu o seu nome preterido por grandes assassinos da humanidade.
Injustiçado e esquecido, Rondon teve a sua memória restaurada, em parte, pela antiga universidade da utopia.
Agora, o departamento de antropologia quer banir Rondon da sua casa – logo este departamento, quem diria!
Talvez tenha recebido ordens superiores para essa cassação e colocar em seu lugar um dos inúmeros equívocos históricos criados nesses últimos anos!
Nunca, jamais, em tempo algum, vi em toda a minha vida sinal mais evidente de alienação acadêmica.
Enquanto índios xavantes lutam pelos seus direitos, aquele departamento tem como meta mudar o nome do museu. A exemplo de Rondon deveria, isto sim, encontrar soluções para a pacificação dos povos pré-colombianos.
A atual reitora participou da implantação da UFMT, e lembra-se da função do Museu Rondon naquele momento histórico.
Durante o seu mandato nada será feito, mas nada nos garante que esse projeto de apagar a memória de Rondon do nosso campus universitário do Coxipó, não seja uma missão a ser cumprida.
O governo conseguiu acabar com a nossa educação.
Agora é apagar a memória nacional.
Pobre país que construímos para os nossos filhos!
Péssimo exemplo aos jovens, que perdem as suas referências.
Mudar o nome do nosso Museu Rondon!

Gabriel Novis Neves
15-12-2012

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