Todos
nós temos o direito de viver com qualidade e dignidade. Viver sem a presença
desse binômio é sobreviver.
O
nosso mundo está tão cruel, que a lei que impera hoje é a de cada um por si e
Deus por todos.
Com
imensa tristeza acompanho o que acontece hoje na área médica. Praticamente
inexiste o grande instrumento de trabalho do médico, que é o tempo dedicado aos
seus clientes.
Os
de melhor poder aquisitivo, possuem um plano de saúde, que não lhes dá direito ao
tempo ideal para uma consulta. Nesse sistema, o médico sobrevive com a
quantidade de atendimentos, e não, com a qualidade dos seus serviços.
A
maioria da população brasileira pertence ao plano do governo para os pobres,
que é o SUS - sem comentários.
Com
180 escolas de medicina funcionando e produzindo médicos, esse profissional
fica retido nas grandes cidades, que lhes oferecem o mínimo de condições para
exercer a sua profissão.
Há
falta de médicos no interior, onde o governo demonstra toda a sua incompetência
para criar condições para a fixação desses profissionais.
Resultado
da falta de políticas públicas na saúde: a hiperconcentração de médicos nas
melhores cidades. E, com isso, entra em cena a lei da oferta e da procura. Com
muita oferta, o salário dos médicos chega a ser aviltante.
Este,
para sobreviver, é obrigado a manter vários empregos. Com honorários tão
indignos, o tempo do médico para atender pacientes de planos de saúde privados
e do SUS, cada vez se reduz mais.
Com
relação aos pacientes do SUS, mesmo com mandado judicial, eles não conseguem
internação. A espera para uma consulta é de meses, e um exame laboratorial é
uma aventura.
Isso
ocorre hoje aqui em Cuiabá. Não estou para ditar regras de ética ou de moral,
mas posso dizer que o governo foi o único responsável pela retirada do médico
da casa do doente e pela desumanização do ato médico. Ah! Isso ele fez
com perfeição.
A
presidente cobra tratamento mais humano e digno através do SUS, e procura um
hospital particular para se tratar. Lançou dois programas para os pobres, que
são difíceis de sair do papel: Melhor em Casa, que já existe - pois os
pacientes do SUS não têm para onde ir -, e o reforço do atendimento nos Prontos
Socorros.
Programas
de resultados em longo prazo, enquanto que o problema dos Prontos Socorros é
urgentíssimo, como verificou o JN do Ar.
A
população que procura serviços de saúde só tem queixas quando é atendida. Os
médicos perderam o respeito que gozavam na sociedade.
Enfim,
todos perderam. Essa não é a medicina humanizada, matéria obrigatória em todos
os Congressos Médicos.
Viver
sim, mas com dignidade no exercício da nossa profissão e qualidade no
atendimento aos pacientes.
Gabriel Novis Neves
13-11-2011
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