Observo
que alguns edifícios da cidade, ainda que discretamente, já apresentam sinais
que indicam que o ano está terminando.
Poucas
sacadas de apartamentos exibem a decoração natalina característica – cordão com
pequenas lâmpadas de cores diferentes.
Caminhando
pela cidade um ou outro Papai Noel já se faz presente.
Gostaria
de saber o sentido cultural do Natal, que para os católicos é o nascimento do
filho de Deus, com as tais lâmpadas coloridas.
Alguns
cordões mais sofisticados ficam o tempo todo com as lâmpadas piscando para
quebrar a monotonia da imobilidade colorida.
Há
pouco tempo um arretado administrador da nossa cultura oficial teve a ideia de
encapar o mais belo prédio de Cuiabá com os cordões de lâmpadas, em uma
imitação grosseira àquela feita em Curitiba - no prédio central do
falecido Banco Bamerindus.
Acho
que a evolução do embelezamento da cidade neste período de festas de final de
ano ou estão muito atrasadas ou a decoração da cidade será tão pobre como a
manjedoura onde Cristo nasceu.
Se
eu pudesse decoraria a minha cidade colocando em prática todos os programas
festejados este ano como conquistas sociais, e que terminaram na festança da
inauguração.
O
mais importante deles foi o recém-falecido programa de Consultório da Rua, onde
equipes multidisciplinares iriam cuidar da população cada vez maior dos
moradores de rua, na sua maioria dependente químico.
Seria
uma bela demonstração de fé e solidariedade humana se em vez de cobrir com
lâmpadas coloridas o majestoso Palácio da Instrução ou enrolassem lâmpadas em
algumas árvores em pontos de grande visibilidade na cidade, investíssemos para,
pelo menos, minorar o sofrimento de adultos e crianças vítimas da doença do
século – as drogas.
Seria
um sonho utilizar o helicóptero - que durante alguns anos trazia o Papai Noel
para distribuir balas para as crianças pobres - para retirar das ruas as
pessoas marcadas pelo abandono, à espera somente do momento do seu
desaparecimento precoce, vitimadas pela lei do comércio das drogas.
“A
nossa resignação diante da repetição dessa crueldade explícita nos primeiros
sinais de uma festa comercial é um suicídio coletivo.” (Honoré de Balsac)
Gabriel Novis Neves
21-11-2012
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