sábado, 11 de janeiro de 2014

Mistério

Não conheço nada mais impiedoso que o tempo. Ele é cruel! Tem o poder de destruir tudo, inclusive nossas emoções.
Na natureza acabam com as árvores, riachos, córregos, cachoeiras, rios, plantas e, finalmente, com a nossa existência na terra.
No ser humano a sua capacidade de destruição é deletéria, transformando em cinzas  tudo que nos fascinava como valores eternos, fossem eles físicos ou emocionais.
 A sabedoria indiana absorve bem  essa filosofia com o seu ditado popular "isto também passará”.
O tempo consome com uma força avassaladora até os nossos bons momentos, que sabemos não serem duradouros.
É ele o timoneiro do nosso dia-a-dia, responsável, inclusive, pelo direito e pelo dever de sermos felizes.
Hoje, tenho certeza que era mesmo eu, quando olho para trás e percebo que em determinados momentos fui infeliz. Antes, eu fazia como todo mundo - procurava não pensar nisso.
A alienação existencial é uma forma de proteção, ou pelo menos, assim nos fazem crer. Hoje em dia sei que isso não é verdadeiro.
Brincar de robô realmente não é a melhor opção de vida.
O único remédio para tolerar o tempo, é aproveitar cada minuto da nossa vida como se fosse o último (desculpe o chavão).
Já fui crítico feroz de pessoas muito imediatistas, que sorvem a vida a grandes goles, sôfregas na realização dos seus desejos.
Hoje, depois de tantos anos vividos, consigo vê-las como sábias.
Afinal, planos para o futuro são sempre planos  e, por isso mesmo, adiamos decisões que poderiam ter mudado o rumo do tempo e da vida em si mesma.
É uma tremenda injustiça não usufruir o que esse período no crepúsculo da nossa existência tem a nos dar, arraigados que somos, cada dia mais, às amarras culturais. Esses condicionamentos são muito difíceis de serem desmanchados, mesmo com um treinamento diário nesse sentido. 
No âmbito do coletivo, o quadro é ainda mais aflitivo quando olhamos à nossa volta.
Como verdadeiros sobreviventes, somos as testemunhas vivas da maior  transformação  vivida pela humanidade em todos os tempos.
Tudo aconteceu nos últimos oitenta anos.
Só um desvairado é capaz de se sentir  feliz neste mundo que herdamos, e que deixaremos muito pior para os nossos descendentes.
Se fosse possível apagar o tempo passado como se apaga a nossa história verdadeira, e reescrevê-lo longe de todas as guerras sofridas pelos povos do nosso planeta, a nossa vida seria bem melhor em qualidade e humanismo.
Infelizmente, não haveria tempo suficiente para a realização desta etapa.
O tempo ... essa invenção do homem...
Melhor seria simplesmente deixá-lo passar, sofreríamos menos. 

Gabriel Novis Neves

19-12-2013 

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