Não
conheço nada mais impiedoso que o tempo. Ele é cruel! Tem o poder de destruir
tudo, inclusive nossas emoções.
Na
natureza acabam com as árvores, riachos, córregos, cachoeiras, rios, plantas e,
finalmente, com a nossa existência na terra.
No
ser humano a sua capacidade de destruição é deletéria, transformando em
cinzas tudo que nos fascinava como valores eternos, fossem eles físicos
ou emocionais.
A
sabedoria indiana absorve bem essa filosofia com o seu ditado popular
"isto também passará”.
O
tempo consome com uma força avassaladora até os nossos bons momentos, que
sabemos não serem duradouros.
É
ele o timoneiro do nosso dia-a-dia, responsável, inclusive, pelo direito e pelo
dever de sermos felizes.
Hoje,
tenho certeza que era mesmo eu, quando olho para trás e percebo que em
determinados momentos fui infeliz. Antes, eu fazia como todo mundo - procurava
não pensar nisso.
A
alienação existencial é uma forma de proteção, ou pelo menos, assim nos fazem
crer. Hoje em dia sei que isso não é verdadeiro.
Brincar
de robô realmente não é a melhor opção de vida.
O
único remédio para tolerar o tempo, é aproveitar cada minuto da nossa vida como
se fosse o último (desculpe o chavão).
Já
fui crítico feroz de pessoas muito imediatistas, que sorvem a vida a grandes
goles, sôfregas na realização dos seus desejos.
Hoje,
depois de tantos anos vividos, consigo vê-las como sábias.
Afinal,
planos para o futuro são sempre planos e, por isso mesmo, adiamos
decisões que poderiam ter mudado o rumo do tempo e da vida em si mesma.
É
uma tremenda injustiça não usufruir o que esse período no crepúsculo da nossa
existência tem a nos dar, arraigados que somos, cada dia mais, às amarras
culturais. Esses condicionamentos são muito difíceis de serem desmanchados,
mesmo com um treinamento diário nesse sentido.
No
âmbito do coletivo, o quadro é ainda mais aflitivo quando olhamos à nossa
volta.
Como
verdadeiros sobreviventes, somos as testemunhas vivas da maior
transformação vivida pela humanidade em todos os tempos.
Tudo
aconteceu nos últimos oitenta anos.
Só
um desvairado é capaz de se sentir feliz neste mundo que herdamos, e que
deixaremos muito pior para os nossos descendentes.
Se
fosse possível apagar o tempo passado como se apaga a nossa história
verdadeira, e reescrevê-lo longe de todas as guerras sofridas pelos povos do
nosso planeta, a nossa vida seria bem melhor em qualidade e humanismo.
Infelizmente,
não haveria tempo suficiente para a realização desta etapa.
O
tempo ... essa invenção do homem...
Melhor
seria simplesmente deixá-lo passar, sofreríamos menos.
Gabriel
Novis Neves
19-12-2013
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