“Selfie”,
palavra inglesa, neologismo de “selfie portrait”, ou seja, nova tendência a
autorretratos compartilhados pela internet.
Normalmente
é a própria pessoa que tira a foto, graças a dispositivos especiais dos
modernos smart phones, com a precípua finalidade de compartilhamento.
A
isso está se denominando cultura “selfie”, e é a onda do momento.
A
palavra “selfie” foi considerada a palavra do ano de 2013, uma vez que teve um
aumento de 170.000 na sua aplicação - de acordo com os responsáveis pelos
dicionários Oxford.
Sites
de humor já se proliferam postando caras, ora imitando animais, ora com ares
sedutores, sempre buscando o lado cômico do ser humano.
Analisando
do ponto de vista psicológico, é bastante saudável que uma dose de narcisismo
esteja presente em todos nós.
Segundo
Freud, essa dose é símbolo de boa saúde mental.
Ao
contrário, os portadores de baixa autoestima, além de se bloquearem
afetivamente, impedem qualquer tipo de troca emocional possível.
Entretanto,
o que vemos atualmente na internet é a “cultura do selfie”, essa verdadeira
praga das postagens e das autopromoções.
É
como se todos necessitassem provar aos outros, e principalmente a si mesmos,
que são sucesso em tudo que fazem.
Nunca
tantas fotos, tantas palavras autoelogiosas, tantos símbolos de felicidade
explícita, foram louvados com tanta intensidade.
O
grande poeta português, Fernando Pessoa, aborda em seu “POEMA EM LINHA RETA”,
esse lado altamente narcísico e mentiroso do ser humano. Leitura imperdível
para os amantes do comportamento social.
Logicamente,
esse é o lado doentio da prática narcisista, que apenas evidencia uma grande
alienação afetiva.
A
anulação do outro passa a ser automática, já que sempre somos os mais belos, os
mais elegantes e os mais bem sucedidos.
Alastrada
como praga através das redes sociais, o fenômeno está se transformando num
grande problema a ser estudado pelos psicólogos e psiquiatras.
O
ensimesmamento daí decorrente é extremamente preocupante, já que agride uma das
características da nossa espécie, que é totalmente gregária.
Vamos
torcer para que isso seja apenas mais um modismo, e não o prenúncio de uma nova
cultura robotizada despida de qualquer tipo de acréscimo mútuo.
Gabriel Novis Neves
08-01-2013
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