quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

SELFIES

“Selfie”, palavra inglesa, neologismo de “selfie portrait”, ou seja, nova tendência a autorretratos compartilhados pela internet.
Normalmente é a própria pessoa que tira a foto, graças a dispositivos especiais dos modernos smart phones, com a precípua finalidade de compartilhamento.
A isso está se denominando cultura “selfie”, e é a onda do momento.
A palavra “selfie” foi considerada a palavra do ano de 2013, uma vez que teve um aumento de 170.000 na sua aplicação - de acordo com os responsáveis pelos dicionários Oxford.
Sites de humor já se proliferam postando caras, ora imitando animais, ora com ares sedutores, sempre buscando o lado cômico do ser humano.
Analisando do ponto de vista psicológico, é bastante saudável que uma dose de narcisismo esteja presente em todos nós.
Segundo Freud, essa dose é símbolo de boa saúde mental.
Ao contrário, os portadores de baixa autoestima, além de se bloquearem afetivamente, impedem qualquer tipo de troca emocional possível.
Entretanto, o que vemos atualmente na internet é a “cultura do selfie”, essa verdadeira praga das postagens e das autopromoções.
É como se todos necessitassem provar aos outros, e principalmente a si mesmos, que são sucesso em tudo que fazem.
Nunca tantas fotos, tantas palavras autoelogiosas, tantos símbolos de felicidade explícita, foram louvados com tanta intensidade.
O grande poeta português, Fernando Pessoa, aborda em seu “POEMA EM LINHA RETA”, esse lado altamente narcísico e mentiroso do ser humano. Leitura imperdível para os amantes do comportamento social.
Logicamente, esse é o lado doentio da prática narcisista, que apenas evidencia uma grande alienação afetiva.
A anulação do outro passa a ser automática, já que sempre somos os mais belos, os mais elegantes e os mais bem sucedidos.
Alastrada como praga através das redes sociais, o fenômeno está se transformando num grande problema a ser estudado pelos psicólogos e psiquiatras.
O ensimesmamento daí decorrente é extremamente preocupante, já que agride uma das características da nossa espécie, que é totalmente gregária.
Vamos torcer para que isso seja apenas mais um modismo, e não o prenúncio de uma nova cultura robotizada despida de qualquer tipo de acréscimo mútuo.

Gabriel Novis Neves
08-01-2013

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