quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

ENTRELINHAS


A formação de opinião costuma ser automática desde que não nos habituemos a ler o mais importante, as entrelinhas.
Os mecanismos de lavagem cerebral são muitos e perfeitos. Sabemos também que qualquer mentira bem elaborada pode ser transformada em verdade absoluta.
Isso tem sido frequente nos dias atuais.
Dentro da economia, qualquer produto pode atingir recordes de venda desde que submetido a um excelente marketing. Aliás, os marqueteiros são pessoas extremamente valorizadas nas economias de mercado.
É sempre importante questionar o que há por trás, numa dimensão subliminar, de tudo que lemos, ou que e por que consumimos.
Caso contrário estaremos sempre sendo lesados e submetidos a propagandas enganosas.
Algumas vezes são tão sutis os métodos usados que mesmo as mentes mais especulativas podem se deixar levar pelas engenhocas fantasiosas.
Isso é válido, não somente para produtos, mas, principalmente, para ideias e pessoas.
As esparrelas em que caímos são diárias e independem do grau de inteligência de quem as consome.
Com relação à política isso parece patente. Alguns representantes do povo jamais estariam ocupando um lugar no legislativo ou no executivo não fora o engodo fabricado sobre seus feitos.
Imagino que, diante de tanto desencanto, as pessoas devam estar se perguntando sobre o que as levou a colocar em cargos vitais de mando seres tão descompromissados com a realidade e responsabilidade que os rodeiam!
Aí entra a brutal máquina econômica que, através de seus artifícios, transforma rapidamente lobos em cordeiros.
Cada povo tem os políticos que merece numa democracia como a nossa.
Então, antes de reclamar, é preciso que todos se conscientizem de que uma leitura, ou uma fala, só será válida se observadas atentamente as entrelinhas do discurso que, na maioria das vezes, não corresponde à prática.
No caso da fala, a mímica facial é de extrema importância e frequentemente trai o que as palavras tentam impingir.
Aconteceu comigo durante a transmissão de uma entrevista com um candidato à Presidente da República há alguns anos.
Ao ver na tela da televisão aquele personagem tão raivoso, totalmente disfórico, despido de qualquer tipo de equilíbrio emocional, apesar da excelente aparência, intuí na hora, ainda que concordando com algumas de suas plataformas políticas, que dele não seria o meu voto.
A figura, uma vez eleita por catalisar as necessárias vestimentas de salvador da pátria, comprovou o meu diagnóstico em muito pouco tempo.
Espero que com o treinamento de sucessivas eleições possamos aprender a interpretar melhor as linguagens oral e corporal dos candidatos e, através delas, fazer escolhas menos equivocadas.
Podemos fabricar expressões faciais ensaiadas, mas o olhar, essa porta de comunicação entre o que dizemos e o que sentimos, em algum momento trai o palestrante.
Com o texto é bem mais difícil, mas é um exercício a ser tentado.

Gabriel Novis Neves
07-11-2015

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