segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Sofrimento antecipado


De todas as doenças que estudei a mais incomodativa, em minha opinião, é a do sofrimento antecipado.
Sou vítima dessa patologia e sei o que isso significa para a saúde humana.
Dia desses fiz um exame de prevenção dentária.  Procedimento simples: exame da arcada dentária e retirada de tártaros (depósitos de cálcio que se formam nos dentes), mais intensa em velhos.
Poucos dias depois, a secretária da clínica me telefonou para confirmar o meu retorno e solicitou que eu chegasse um pouquinho mais cedo. Eu seria examinado por um odontólogo especialista em implante dentário. 
Pronto! Estava instalado em mim o sofrimento antecipado.
Algo de muito grave fez com que a minha periodontista solicitasse um parecer especializado.
Só me tranquilizei após o exame do cirurgião que me liberou dizendo que tudo estava normal para a minha idade.
Que alívio! Interessante que nesta fase da vida sempre que procuro um profissional de saúde ouço essa sentença – “para a sua idade tudo está normal!”.
Entendo que os desgastes naturais sofridos pelo nosso organismo no decorrer dos anos são considerados normais até o fechamento do nosso ciclo vital.
Os que sofrem por antecipação passam horas, dias, semanas e meses sempre pensando na pior das hipóteses.
No caso da revisão odontológica, o mínimo que imaginei foi um implante de dentes e, na pior das hipóteses, numa moderna dentadura.
Isso vale para as outras surpresas que a vida nos aponta.
No ambiente político nacional e internacional o sofrimento antecipado é uma realidade.
Há séculos estão mexendo com fogo no Oriente Médio, tendo como pano de fundo a religião e as riquezas naturais.
Recentemente, o resultado foi o maior ato terrorista contra a cidade mais charmosa do mundo, deixando centenas de inocentes vítimas.
Aqui na terrinha de Pedro Álvares Cabral o desmando administrativo, símbolo da falta de governo, é o nosso maior sofrimento por antecipação.
O mundo precisa passar por uma grande terapia analítica para encontrar a paz e se libertar do terrível sofrimento do que provavelmente virá, nem sempre confirmado.
Quanto mais pavor, mais precisamos manter a racionalidade. Isso serve para tudo na vida.
Precisamos muito da leveza do viver...

Gabriel Novis Neves
19-11-2015

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