sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Davos

Mais uma vez o poder mundial se concentra na pacata cidade suíça de Davos.
Como em todas as outras ocasiões, pouco ou nada de relevo acontece, a não ser a volúpia de gastos  em festas e orgias gastronômicas.
Tudo muito regado às mais sofisticadas marcas de champagne do país vizinho. Consta que foram sorvidas 1.500 garrafas do poderoso néctar.
Cerca de 100 representantes de diversos países se locupletaram nesses festins, inclusive a nossa atuante gestora.
Como sempre, assuntos de vital importância como o massacre na Síria e a crescente tensão na Ásia (entre China e Japão) são exaustivamente debatidos, mas jamais resolvidos.
A desigualdade mundial fica bem mais focada, e essas reuniões sempre terminam com o protesto dos mascarados nas ruas. Como tudo na terra da organização, essas manifestações começam e terminam com hora marcada e com o rumo da marcha previamente divulgado pela imprensa local.
Reclamações da população, muitas, mas, principalmente aquelas relativas ao barulho causado pela grande movimentação dos helicópteros.  Lá eles só são permitidos para serviço de resgate.
Deve ser bom sediar reuniões que absolutamente não dizem respeito aos habitantes locais, já que a Suíça, além de ser considerado o país mais ordeiro do mundo, está totalmente livre das “chuvas e trovoadas” que a todos os outros atacam, principalmente as de crises financeiras. Guerras aqui, guerras acolá, sangue banhando o planeta, mas o país continua sempre em águas plácidas...
Enfim, tudo na mais perfeita ordem, coerente com o país que mais se beneficia das grandes distorções mundiais. Afinal, a fatia do dinheiro mundial da tão falada desigualdade estaria ali concentrada e protegida dos olhos famintos de toda a humanidade.
Afinal, quem manda atualmente nas relações mundiais internacionais?
Foram vistos inúmeros manifestantes gritando que o capitalismo está morto. Muito protesto também contra o arrocho econômico europeu, principalmente na Grécia. Alguém foi visto, inclusive, em apoio às manifestações de rua no Brasil. Tudo muito ordeiro e disciplinado, sem emoção.
A nossa presidente, pela primeira vez no fórum, bradou sobre as vantagens dos investimentos estrangeiros no nosso país.
Esqueceu-se apenas que ocupamos a 116ª posição no que se refere ao item burocrático do Banco Mundial quanto a "Facilidade em se Fazer Negócios”, num total de 189 nações. Isso sem falar nas nossas estratosféricas taxas tributárias.
Enfim, um belo cenário, de alto custo, para que nos sintamos importantes na conjuntura mundial.

Gabriel Novis Neves
29-01-2014

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