quarta-feira, 4 de março de 2015

Zé Pereira


No século XIX existia em Portugal uma diversão carnavalesca conhecida como Zé Pereira.
Foi introduzida na folia carioca com uma música adaptada e traduzida de uma peça teatral francesa - e se transformou no nosso verdadeiro hino carnavalesco, sendo tocado até hoje.
“E viva o Zé Pereira, pois a ninguém faz mal, e viva a bebedeira nos dias de carnaval”.
Essa brincadeira europeia adquiriu feições tipicamente brasileiras. Associando-se à alegria característica das ruas da folia do Rio de Janeiro, espalhou-se por todo o nosso território.
Ainda assistimos em algumas cidades brasileiras ao desfile de Zé-Pereira de forma muito parecida à tradição portuguesa.
Esta velha marchinha portuguesa foi inspiração para o surgimento de muitas outras cantigas carnavalescas.
Quando criança assistia aos blocos de foliões cantando e dançando nas ruas e praças de Cuiabá a animada marchinha.
Era o nosso carnaval de rua. No imaginário infantil pensava tratar-se de algum personagem local sendo homenageado pelos seus moradores.
O mundo para mim era a minha pequena Cuiabá e o bar do meu pai onde o bloco se reunia para o desfile. Zé Pereira continua inesquecível para as antigas gerações.
Moro próximo a um grande “centro de vivência” - a Praça Popular, localizada no bairro mais nobre da cidade.
Tudo acontece e comemora-se na pracinha do metro quadrado mais caro de Cuiabá, infestado de bares, cantinas, restaurantes, boutiques etc.
Comemorações esportivas, fala de políticos famosos garimpando votos, batucadas de carros de som, passeio para os carentes de notoriedade é, ali, o ponto ideal.
Este ano o silêncio “momesco” foi tão intenso que chegou a incomodar seus antigos moradores, saudosos da marchinha do Zé Pereira.
Ele talvez tenha se mudado daqui, entristecido com a nossa situação econômica, política e social.
Nosso carnaval foi comemorado antecipadamente por ocasião dos jogos da “Copa das Copas”, quando a nossa pracinha ficou lotada com gente dançando, bebendo e extravasando alegria em vários idiomas.
Lamento que a eterna capital de Mato Grosso venha sendo descaracterizada culturalmente nestes últimos anos, dando lugar ao nada.
Carnaval e futebol é a alma do povo. Não podemos ser uma cidade esqueleto!
Viva o Zé Pereira!

Gabriel Novis Neves
01-03-2015

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