domingo, 24 de março de 2013

ACABRUNHADO


O termo acabrunhado, aliás, muito pouco usado, mostra bem o estado de espírito em que se encontram os brasileiros mais sensíveis.
Uma mistura de timidez com apatia justifica bem o desencanto que as novas práticas políticas vigentes nos trouxeram.
Cinismo generalizado - moda no mundo pós-moderno - nos mostram criaturas desinteressadas pelo momento presente e, o mais grave, incrédulas num futuro promissor.
A participação plena na cidadania, e também nas demais atividades na vida, precisa, prioritariamente, de entrega total ao que se faz.
Quando condições adversas de desencanto tomam conta dos nossos sentimentos, imediatamente o nosso sistema nervoso reage através de apatia ou de violência.
Estamos observando no momento a hipertrofia de ambas, igualmente maléficas.
No âmbito pessoal, dado os grandes desencontros afetivos que a sociedade moderna nos propõe, o acabrunhado é uma figura muito comum, fruto de uma sequência de ansiedades e decepções.
O nível fantasioso, de um modo geral é muito alto. Manifesta-se desde a infância e vai sendo estimulado pela vida afora. Somos constantemente tentados a comprar estados de felicidade perenes que nos oferecem, seja através de aquisições de objetos de consumo, seja através da propaganda do erotismo, seja através da hipertrofia das relações afetivo-sexuais.
Como sempre, as expectativas são sempre muito maiores que a realidade.
Daí resulta porque vemos com tanta frequência os chamados acabrunhados ambulantes, um bando de seres vagando do pouco para o nada e nos quais está ausente o lindo brilho do olhar.
Nesse contexto, é fácil entender esse estado de acabrunhamento, já que as forças necessárias para o desenvolvimento da plena cidadania vão se perdendo na avalanche aterradora dos fatos.
Enfrentamento demanda sempre muita saúde física e mental.

Gabriel Novis Neves
15-03-2013 

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