quinta-feira, 28 de março de 2013

OPÇÃO


Passados três meses que o engenheiro responsável pelas gigantescas obras da Copa do Mundo abandonou o cargo para ocupar a pasta de Secretário de Obras da prefeitura de Cuiabá, e começamos a entender o verdadeiro motivo da permuta.
Acho que o discreto e eficiente engenheiro, já naquela ocasião, tinha certeza daquilo que hoje está acontecendo com os majestosos projetos para levar Cuiabá rumo à modernidade.
Pau que nasce torto nunca mais se endireita, diz o velho e conhecido ditado popular.
O projeto Copa, desde a sua escolha em Cuiabá como uma das subsedes do evento, vem enxertado de vícios pouco explícitos, como por várias vezes denunciou o deputado federal pelo Rio de Janeiro, o tetracampeão mundial Romário.
Nossos dirigentes daquela época foram com muita sede ao poço. Interesses políticos misturados a uma boa dose de vaidade e expectativas demasiadas em ajudas do governo federal, e até em parcerias com os ricos homens deste Estado, era o cenário apresentado.
Os empresários foram os primeiros a pularem fora do barco, evitando o tal chamamento para as parcerias público-privadas (PPP) que ficariam responsáveis pela construção do novo Verdão.
Depois não se interessaram pela história de sociedade com o governo para mudar o transporte modal BRT pelo VLT, mais moderno e cujo custo seria quatro vezes superior, sem nenhum estudo de operacionabilidade e viabilidade econômica.
A saída para o Estado seria vestir a ideologia da humildade de São Francisco de Assis e abdicar, nessas condições, dessa honraria.
Países escolhidos como sede da Copa do Mundo já haviam dado esse exemplo.
Continuamos cometendo novos erros, conseguindo autorizações especiais da Assembleia Legislativa para empréstimos bancários.
Perdemos totalmente a noção do endividamento, hoje superior a três bilhões de reais, em um Estado que se encontrava impossibilitado de contraí-los.
Tudo foi feito em nome da Copa para melhorar a cidade e, principalmente, a vida dos seus moradores.
Naquela ocasião o engenheiro responsável por essas obras já sabia que sem uma mudança de atitude administrativa e, acima de tudo, seriedade com a coisa pública, as obras se transformariam num caos.
Se permanecesse no cargo teria que mentir. Preferiu então o ostracismo de pequenos reparos em prédios municipais, distante dos holofotes da mídia.
Reservadamente, o pessoal do governo não nutre mais esperanças sobre o final desse enredo megalomaníaco cheio de mistérios.
O próprio pai da Copa para Cuiabá declarou preocupação com o atraso das mesmas. Inclusive sugeriu ao governador mudança de comando na direção da empreitada, rechaçada prontamente pelo ocupante do Paiaguás.
Sabe que as dificuldades atuais e o insucesso têm pai reconhecido pela população.
Os otimistas chegam até a acreditar que o campo de futebol ficará concluído.
Temem pelo legado jurídico e financeiro desse grandioso sonho.
Não há estudos jurídicos nem para saber qual o subsídio que caberá à prefeitura para a operação do VLT, e como fazer com os contratos em vigor com as empresas que exploram o transporte coletivo em nossa cidade.
A cobrança dos empréstimos bancários está prestes a iniciar. Como pagá-los?
Seria abusar da paciência dos leitores desfilar com o rosário de erros cometidos no projeto Copa em Cuiabá.
Ficou demonstrado que não temos políticos influentes em Brasília, e que Mato Grosso é um Estado tratado com desdém pelo governo federal.
A esta altura só nos resta lamentar a falta de conhecimento dos ensinamentos de Machado de Assis:
“Defeitos não fazem mal, quando há vontade e poder de os corrigir.”

Gabriel Novis Neves
24-03-2013

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