Passados
três meses que o engenheiro responsável pelas gigantescas obras da Copa do
Mundo abandonou o cargo para ocupar a pasta de Secretário de Obras da
prefeitura de Cuiabá, e começamos a entender o verdadeiro motivo da permuta.
Acho
que o discreto e eficiente engenheiro, já naquela ocasião, tinha certeza
daquilo que hoje está acontecendo com os majestosos projetos para levar Cuiabá
rumo à modernidade.
Pau
que nasce torto nunca mais se endireita, diz o velho e conhecido ditado popular.
O
projeto Copa, desde a sua escolha em Cuiabá como uma das subsedes do evento,
vem enxertado de vícios pouco explícitos, como por várias vezes denunciou o
deputado federal pelo Rio de Janeiro, o tetracampeão mundial Romário.
Nossos
dirigentes daquela época foram com muita sede ao poço. Interesses políticos
misturados a uma boa dose de vaidade e expectativas demasiadas em ajudas do
governo federal, e até em parcerias com os ricos homens deste Estado, era o
cenário apresentado.
Os
empresários foram os primeiros a pularem fora do barco, evitando o tal
chamamento para as parcerias público-privadas (PPP) que ficariam responsáveis
pela construção do novo Verdão.
Depois
não se interessaram pela história de sociedade com o governo para mudar o
transporte modal BRT pelo VLT, mais moderno e cujo custo seria quatro vezes
superior, sem nenhum estudo de operacionabilidade e viabilidade econômica.
A
saída para o Estado seria vestir a ideologia da humildade de São Francisco de
Assis e abdicar, nessas condições, dessa honraria.
Países
escolhidos como sede da Copa do Mundo já haviam dado esse exemplo.
Continuamos
cometendo novos erros, conseguindo autorizações especiais da Assembleia
Legislativa para empréstimos bancários.
Perdemos
totalmente a noção do endividamento, hoje superior a três bilhões de reais, em
um Estado que se encontrava impossibilitado de contraí-los.
Tudo
foi feito em nome da Copa para melhorar a cidade e, principalmente, a vida dos
seus moradores.
Naquela
ocasião o engenheiro responsável por essas obras já sabia que sem uma mudança
de atitude administrativa e, acima de tudo, seriedade com a coisa pública, as
obras se transformariam num caos.
Se
permanecesse no cargo teria que mentir. Preferiu então o ostracismo de pequenos
reparos em prédios municipais, distante dos holofotes da mídia.
Reservadamente,
o pessoal do governo não nutre mais esperanças sobre o final desse enredo
megalomaníaco cheio de mistérios.
O
próprio pai da Copa para Cuiabá declarou preocupação com o atraso das mesmas.
Inclusive sugeriu ao governador mudança de comando na direção da empreitada,
rechaçada prontamente pelo ocupante do Paiaguás.
Sabe
que as dificuldades atuais e o insucesso têm pai reconhecido pela população.
Os
otimistas chegam até a acreditar que o campo de futebol ficará concluído.
Temem
pelo legado jurídico e financeiro desse grandioso sonho.
Não
há estudos jurídicos nem para saber qual o subsídio que caberá à prefeitura
para a operação do VLT, e como fazer com os contratos em vigor com as empresas
que exploram o transporte coletivo em nossa cidade.
A
cobrança dos empréstimos bancários está prestes a iniciar. Como pagá-los?
Seria
abusar da paciência dos leitores desfilar com o rosário de erros cometidos no
projeto Copa em Cuiabá.
Ficou
demonstrado que não temos políticos influentes em Brasília, e que Mato Grosso é
um Estado tratado com desdém pelo governo federal.
A
esta altura só nos resta lamentar a falta de conhecimento dos ensinamentos de
Machado de Assis:
“Defeitos
não fazem mal, quando há vontade e poder de os corrigir.”
Gabriel Novis Neves
24-03-2013
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