A
nossa gramática necessita de uma urgente e necessária revisão. Muitas palavras
nela encontradas caíram em desuso ou mudaram o seu significado.
Não
confundir com o português arcaico, que é correto e ainda empregado em pequenos
núcleos do nosso Estado, nem misturar com vícios de linguagem, tão comuns no
nosso meio.
Estou
me referindo a certas palavras, como humanização. Ela é empregada entre nove de
nossos dez políticos neste período de cata a votos. Onde quer que estejamos,
especialmente no charmoso mundo oficial, a falação sobre a humanização dos
serviços públicos é grande.
“Precisamos
humanizar isso e aquilo”. “Sem humanização a vida é bem mais amarga”. “A
humanização nos serviços aumenta a produtividade e as pessoas são mais felizes”.
Existem
até prêmios para os hospitais do SUS que preencham os requisitos do Ministério
da Saúde que, além de mais recursos, lhes conferem o título de ”Hospital
Humanizado”, orgulhosamente exibido nas lotadas salas de espera para
atendimento desumanizado.
As
campanhas de “humanização” estão em todos os setores da vida pública, incluindo
nesse pacote os hospitais privados.
O
resultado é cada vez pior, pois, quem humaniza os serviços oferecidos ao
público são pessoas, e hoje poucos sabem que humanizar é tratar o próximo com
ética e solidariedade.
Como
humanizar um país socialmente tão injusto e desumanizado?
Quem
nunca se sentiu desconfortável diante da violência que é a prática da
desumanização?
Basta
comparecer aos corredores do nosso Pronto Socorro e verificar como são tratados
os nossos pacientes.
É
total a falta de respeito humano ao cidadão fragilizado por uma doença.
O
pior é que essa doença social, produto do “capitalismo selvagem”, egoísmo e da
competição antiética para conquista de valores materiais, deixou o nosso país
em situação humilhante perante nações com escolaridade.
Esse
mal atinge todas as camadas sociais, não respeitando idade, sexo, raça,
religião e escolaridade do cidadão.
A
humanização em nosso país é uma das hipocrisias que está se tornando a nossa
moeda oficial.
Para
evitar este constrangimento diário de não respeito ao ser humano em locais
“decorados” com lindas placas de “este local é humanizado”, proponho um estudo
para a exclusão da palavra humanização dos nossos dicionários.
Gabriel
Novis Neves
08-10-2014
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