Acredito
que as relações amorosas estejam basicamente fincadas num tripé formado pela
sensualidade, afetividade e cumplicidade.
Este
último é fundamental para que as descargas químicas iniciais não se percam logo
após contatos voluptuosos.
Sem
a cumplicidade, paixões avassaladoras podem se transformar em nuvens de fumaça,
não deixando as tão esperadas marcas, sem as quais os relacionamentos se tornam
aventuras despidas de emoção.
Pena
que poucos encontros na vida consigam se manter
fortes e íntegros, fruto da quebra de uma das escoras do tripé. O
desencanto e o tédio são os passos seguintes.
Vemos
com frequência uniões duradoras, cujo prolongamento se deve muito mais à
obediência das instituições sociais do que propriamente à presença do tripé
amoroso. São os ditos casais anestesiados que se muletam reciprocamente na
tentativa de passarem uma imagem de equilíbrio, principalmente para a prole.
O
item sensualidade, mais fácil de ser encontrado em pessoas saudáveis, quando
aliado à cumplicidade, é o selo da entrega amorosa. Sem ela, a sensualidade e a
afetividade tendem a desaparecer.
A
ausência do tripé amoroso em um relacionamento faz com que os parceiros se
tornem dois estranhos, apenas vinculados aos preceitos sociais que compõem as
tediosas relações familiares estabelecidas.
O
brilho do olhar e os carinhos, frequentes nos primeiros tempos de enamoramento,
quando se esvaem, perde-se a alegria de viver.
Pessoas
sábias e corajosas sabem fechar as cortinas antes que a peça se torne um
fiasco.
Gabriel
Novis Neves
27-09-2014
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