quinta-feira, 9 de outubro de 2014

DÉCADAS PERDIDAS


Encostando na oitava década de uma vida ativa e participativa, fica o lamento em  ver que muito mais poderia ter sido feito.
Décadas e décadas não foram aproveitadas, enquanto outros países que estavam em nosso patamar, avançaram.
O mais triste das perdas aconteceu na primeira década do século vinte e um.
Conseguimos perder na educação, saúde, ciência, inovações tecnológicas e, principalmente, no Índice de Desenvolvimento Humano – IDH.
Ganhamos no conservadorismo daqueles que vivem dos favores do poder e avançamos muito na corrupção e na impunidade.
A falta de vergonha dos nossos homens públicos tomou conta deste país.
Nosso orgulho, que era a qualidade do ensino superior da Universidade de São Paulo – USP, considerada a mais qualificada da América Latina, perdeu seu posto recentemente para a Pontifícia Universidade Católica do Chile, um país de menos de vinte milhões de habitantes, porém, detentor de dois Prêmios Nobel de Literatura onde foram laureados, Gabriela Mistral e Pablo Neruda.
Continuamos com um número apreciável de Universidades, sendo que apenas trinta por cento delas são públicas, e dependem de bolsas do Governo para subsídio aos seus estudantes.
Traduzindo, o mérito não vale no Ensino Superior desta pátria, e sim a cor, a etnia e a renda familiar.
Continuamos insistindo em não alfabetizar as nossas crianças - utilizando a língua pátria e a língua universal, que é o inglês, o idioma do império que domina o mundo atual.
Em tempos modernos é inimaginável um aluno de Universidade não dominar fluentemente a língua do ‘Tio Sam’.
Nosso corporativismo na educação é uma das causas do nosso atraso.
Formamos milhares de mestres e doutores apenas para melhorar os holerites dos mesmos.
São professores efetivados precocemente, e o Governo não apresenta nenhum interesse no investimento nessa área.
Pesquisadores desmotivados e sem função ou conexão com o mundo produtivo representam um ônus pesado aos cofres da União.
Essa década perdida poderá ser fatal para transformar nossa Nação, que jamais ganhou um prêmio Nobel, em país periférico global.
Ficaremos como local ideal para eventos de massa, como o futebol e o carnaval.
O pior é que não vislumbramos nenhum candidato nas próximas eleições que tenha o perfil necessário para transformar e fazer alavancar esta rica pobre Nação.
Não suportaremos mais outra década perdida!

Gabriel Novis Neves
02-10-2014

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