A
intolerância muitas vezes é gerada pelo preconceito. E o preconceito leva as
pessoas a discriminarem tudo aquilo que não está em sintonia com seus valores,
conceitos, crenças e hábitos. Quando a intolerância é extrema, pode desencadear
atitudes e ações de desrespeito e violência – em alguns casos, culmina na morte
do discriminado.
Os
jornais ultimamente têm dado destaque à intolerância contra os homossexuais.
Segundo uma pesquisa, 99% dos brasileiros têm preconceito contra os
homossexuais. Mas são poucos os que assumem esta postura publicamente. A
maioria possui uma intolerância velada contra os gays, lésbicas, transexuais ou
travestis – talvez fruto das leis severas contra qualquer tipo de
discriminação.
São
tantos casos de intolerância e preconceito que já presenciamos na nossa
civilização! O Holocausto foi o mais marcante de todos. Hoje claramente
percebemos as intolerâncias que estão mais em moda: religiosa, racial,
regional, ideológica, econômica e sexual.
Durante
o período eleitoral elas ficaram bastante expostas. Rita Lee, por exemplo,
declarou que não votava em Marina porque ela tinha cara de quem estava sempre
com fome. Ficou claro nesta declaração a intolerância regional, racial,
econômica, ideológica e religiosa. Marina é evangélica.
Dilma
foi considerada uma mulher sem fé religiosa - uma agnóstica. Foi flagrada pelos
fotógrafos se atrapalhando ao fazer o sinal da cruz numa missa na Basílica de
Nossa Senhora Aparecida – padroeira do Brasil. A manchete foi de intolerância
religiosa: “Dilma não sabe fazer o sinal da cruz!” A sua presença na missa foi
considerada um engodo.
Serra
foi vitimizado no Nordeste pelo slogan: “Ele não gosta de pobre, vai cortar
todas as bolsas e benefícios dos desempregados e dos mais carentes.”
Intolerância regional, econômica e racial.
A
discussão sobre o aborto em palanque eletrônico, com orientação dos
marqueteiros, foi uma demonstração de intolerância generalizada. Ninguém se
posicionou claramente sobre o assunto, com exceção da candidata evangélica - a
única com posição bem definida.
A
intolerância à ideologia é de uma mesquinhez maquiavélica! Os adeptos desse
tipo de intolerância só admitem como certo as suas idéias, crenças ou
doutrinas. Muitos deles pararam no tempo, esquecendo-se que aquelas são
produtos de uma situação histórica. Podemos citar, por exemplo, a eleição
indireta de Tancredo Neves à Presidência da República. O partido de oposição
foi rigorosa e raivosamente contra, e não participou da eleição. Este mesmo
partido, fechado em suas idéias, não aprovou a Constituição cidadã do doutor
Ulysses. Mas, bastou ser governo para mudar sua ideologia. A intolerância
ideológica continuou, apenas mudou de lado e de parceiros.
Apontar
problemas sempre foi tarefa das mais fáceis. E a solução? Como sempre a
educação, no meu entender, é a solução para a maioria dos nossos problemas. A
começar pela recuperação e resgate das escolas públicas.
As
gerações atuais perderam o seu grande laboratório de ética que sempre foi a
sala de aula de uma escola pública. Era o local onde crianças de todos os
níveis sócio-econômico-culturais mantinham uma convivência pacífica. Local onde
a diversidade – própria da condição humana - era reconhecida e respeitada, base
para a coexistência tolerante com as diferenças.
Acredito
ser este um dos caminhos para que a tolerância se instale nas mentes das
pessoas, e, dessa forma, se tente eliminar ou diminuir o sentimento de
intolerância que domina o nosso dia-a-dia.
Gabriel Novis Neves
17-04-2013
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