Sempre
foi assim. O homem do interior, especialmente de Mato Grosso, só tem o seu
valor reconhecido se conseguir o selo de qualidade de um centro mais
desenvolvido.
Há
anos os nativos denunciam o abandono do nosso Estado. São vistos por aqui como
pessimistas.
Com
o advento do agronegócio a imprensa tupiniquim esqueceu os nossos problemas de
infraestrutura – que alavancaria o desenvolvimento do Estado - e criou heróis e
mitos desta atividade econômica.
Surgiram
assim os defensores políticos da agricultura, os reis, os barões e os
eficientes e modernos empresários. Na verdade, eles são verdadeiros
predadores das nossas riquezas naturais.
Encheram
os bolsos de dinheiro fácil e, sempre protegidos por poderosos lobistas
incrustados em todos os setores da vida pública, passaram a imagem de
benfeitores.
Conseguiram
poder político, inicialmente utilizando-se de laranjas. Depois tomaram coragem
e assumiram o poder.
Sempre
submissos ao poder central, nunca endureceram o jogo para as nossas
reivindicações.
Mato
Grosso é o maior produtor de grãos do Brasil. Precisa colocar esse produto no
mercado internacional.
Nesses
últimos vinte anos assistimos várias inaugurações da nossa ferrovia.
Duas
com FHC (oito anos no poder) e companhia. Depois algumas com Lula-Dilma (até
agora, dez anos no governo). Basta haver uma eleição para que a turma de
candidatos apareça em uma foto dentro do trem.
Chegar
aos portos de Santarém (Pará), Itaqui (Maranhão) e Santos (São Paulo) - que é
bom, o Fantástico mostrou e chocou ao Brasil.
Todo mundo viu a trajédia das nossas rodovias, desespero dos agricultores e
humilhação dos caminhoneiros, produto de governos incompetentes.
E
o transporte terrestre, fluvial e ferroviário é quase inexistente por estas
bandas.
Somos
ricos, e não usufruímos das nossas riquezas por puro descaso dos nossos
governantes e desinteresse da nossa gente.
Quem
lucra com essa tragédia são os grandes fazendeiros, que compram toda a produção
do pequeno agricultor - pois ele não tem armazéns para estocamento -, e pagam
fretes rodoviários em estradas esburacadas, tornando a sua mercadoria não
competitiva no mercado internacional.
Esses
fatos, que eram conhecidos apenas pelo homem do interior, tal qual um
furúnculo, rompeu espontaneamente na telinha da Globo para conhecimento de toda
a nação.
E
o causador da disseminação dessa pouca vergonha nacional não foram os profetas
do caos, tampouco os torcedores do quanto pior, melhor.
A
notícia do nosso abandono veio de fora e em embalagem de luxo, ingredientes de
credibilidade para a gente do interior.
A
Europa diminuiu seu comércio com o Brasil, e após catorze anos comprando mais,
agora venderam mais para nós. Isso foi comemorado com festas na terra da Rainha
da Inglaterra.
O
pior é que a China, nosso principal cliente, por causa do “Custo Brasil”, está
procurando países mais estruturados para o comércio internacional.
A
curto e médio prazos, não há soluções para investimentos fortes em
infraestrutura para atender as necessidades de transporte dos produtos do
agronegócio até aos navios.
Muito
se desperdiçou em dinheiro nesses últimos anos com obras faraônicas abandonadas
por pura negligência.
Estamos
perdendo dinheiro. Os motivos são vários. Falta de planejamento e corrupção são
os principais.
Seria
patriótico se a nossa imprensa fizesse permanentemente uma verdadeira blitz
nesses fatores causadores do nosso atraso e denunciasse os responsáveis.
Jogar
no lixo dinheiro público não acontece por acaso.
Alguém
se aproveita disso.
Os
santos de pés de barros não resistiriam impunemente a uma ação esclarecedora da
opinião pública e desapareceriam para o bem do nosso país.
Vamos
dar credibilidade ao homem sofredor do interior, que não reclama, e sim,
implora por providências.
Ferrovia
para Cuiabá, por enquanto, só aquela do carnaval da Mangueira.
E
a nossa safra, apodrecendo.
Gabriel Novis Neves
22-04-2013
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