Animador
imaginar que a miséria, assim como a morte, não existe.
Sim,
porque a morte é a decorrência natural de um final de ciclo de vida, enquanto
que a miséria é fabricada e, o que é pior, industrializada.
Mecanismos
perversos de distribuição de rendas internacionais, avalizados por grupos de
países poderosos, nutrem esse verdadeiro estupro moral, que tanto sofrimento
causa à humanidade.
O
fato de perdermos no mundo, a cada cinco segundos, uma criança com menos de
cinco anos vitimada pela fome, não parece mobilizar os cinco países mundiais
supostamente responsáveis para essa finalidade.
Os
donos do mundo são três organizações capitalistas - o Fundo Monetário
Internacional (FMI), que abriga as cinco maiores potências mundiais, o Banco
Mundial (BM), que congrega oito nações e a Organização Mundial do Comércio
(OMC), com cento e quarenta e sete países membros, sem direito a voto.
A
função da OMC é apenas a de cobrar os países, e sempre mais. Séculos se passam
e apenas nos eximimos de culpas de uma maneira simplista, através de esmolas
ridículas cujo efeito é, tão somente, apaziguar os sentimentos de culpa dos
alienados e dos inescrupulosos.
A
quantidade de alimentos no mundo, segundo as últimas estatísticas da FAO
(Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), seria
suficiente para nutrir doze bilhões de pessoas, enquanto somos, no total, seis
bilhões no momento.
Apenas
práticas internacionais perversas, dirigidas cada vez mais para maiores lucros,
impedem a modificação desse quadro. Uns poucos países ricos impõem as suas
regras devastadoras à imensa maioria pobre do planeta.
Quem
sabe um dia se consiga uma reunião de cúpula com poder decisório, não apenas de
cinco ou oito países ou mais sem direito a voto, como é o caso da OMC, mas com
todos os representantes da terra, no momento esmagados em sua maioria?
Não
é mais possível suportar que todos os anos milhares de pessoas morrem de fome
no mundo, embora sejamos muito ricos.
O
humanismo, ou qualquer escrúpulo moral, simplesmente não são possíveis no mundo
onde reina o cinismo mais violento. Onde só temos o direito de aceitar o que os
outros decidem.
O
mundo foi transformado em um imenso manicômio, onde há um verdadeiro matadouro
de pessoas. Existem poucas nações ricas, cuja população é pobre, pois quem
exerce o poder mundial são os grandes grupos econômicos.
Temos
o dever de lembrar a presença de economia de arquipélagos, tudo com o objetivo
do lucro máximo. “Não há como exterminar a pobreza, a não ser lutando contra a
riqueza”, afirma Eduardo Galeano, um dos maiores pensadores do século XXI. A
pobreza é o justo castigo que a ineficiência política causa, conclui o filósofo
sul-americano.
Enquanto,
passivamente, assistirmos o mundo gerar a pobreza e miséria, o genocídio nas
nações pobres, especialmente as africanas, continuará.
Temos
que corrigir essa injustiça, para sermos livres e dignos. Essa realidade
perversa, no momento, é intocável, onde o dinheiro está matando a esperança.
Gabriel Novis Neves
04-05-2013
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