quinta-feira, 23 de maio de 2013

Miséria


Animador imaginar que a miséria, assim como a morte, não existe.
Sim, porque a morte é a decorrência natural de um final de ciclo de vida, enquanto que a miséria é fabricada e, o que é pior, industrializada.
Mecanismos perversos de distribuição de rendas internacionais, avalizados por grupos de países poderosos, nutrem esse verdadeiro estupro moral, que tanto sofrimento causa à humanidade.
O fato de perdermos no mundo, a cada cinco segundos, uma criança com menos de cinco anos vitimada pela fome, não parece mobilizar os cinco países mundiais supostamente responsáveis para essa finalidade.
Os donos do mundo são três organizações capitalistas - o Fundo Monetário Internacional (FMI), que abriga as cinco maiores potências mundiais, o Banco Mundial (BM), que congrega oito nações e a Organização Mundial do Comércio (OMC), com cento e quarenta e sete países membros, sem direito a voto.
A função da OMC é apenas a de cobrar os países, e sempre mais. Séculos se passam e apenas nos eximimos de culpas de uma maneira simplista, através de esmolas ridículas cujo efeito é, tão somente, apaziguar os sentimentos de culpa dos alienados e dos inescrupulosos.
A quantidade de alimentos no mundo, segundo as últimas estatísticas da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), seria suficiente para nutrir doze bilhões de pessoas, enquanto somos, no total, seis bilhões no momento.
Apenas práticas internacionais perversas, dirigidas cada vez mais para maiores lucros, impedem a modificação desse quadro. Uns poucos países ricos impõem as suas regras devastadoras à imensa maioria pobre do planeta.
Quem sabe um dia se consiga uma reunião de cúpula com poder decisório, não apenas de cinco ou oito países ou mais sem direito a voto, como é o caso da OMC, mas com todos os representantes da terra, no momento esmagados em sua maioria?
Não é mais possível suportar que todos os anos milhares de pessoas morrem de fome no mundo, embora sejamos muito ricos.
O humanismo, ou qualquer escrúpulo moral, simplesmente não são possíveis no mundo onde reina o cinismo mais violento. Onde só temos o direito de aceitar o que os outros decidem.
O mundo foi transformado em um imenso manicômio, onde há um verdadeiro matadouro de pessoas. Existem poucas nações ricas, cuja população é pobre, pois quem exerce o poder mundial são os grandes grupos econômicos.
Temos o dever de lembrar a presença de economia de arquipélagos, tudo com o objetivo do lucro máximo. “Não há como exterminar a pobreza, a não ser lutando contra a riqueza”, afirma Eduardo Galeano, um dos maiores pensadores do século XXI. A pobreza é o justo castigo que a ineficiência política causa, conclui o filósofo sul-americano.
Enquanto, passivamente, assistirmos o mundo gerar a pobreza e miséria, o genocídio nas nações pobres, especialmente as africanas, continuará.
Temos que corrigir essa injustiça, para sermos livres e dignos. Essa realidade perversa, no momento, é intocável, onde o dinheiro está matando a esperança.

Gabriel Novis Neves
04-05-2013

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