Cada
vez mais a raça humana vem retardando o corte de seu cordão umbilical em termos
de real preparo para a vida adulta.
Isso
impede o amadurecimento das pessoas por muito mais tempo do que o que seria
desejado. Nos países mais desenvolvidos esse desmame é mais precoce, e
obrigatório.
Em
países como o nosso, mais paternalistas, não raro vemos adultos com mais de
trinta anos vivendo a expensas dos pais. Esse corte do cordão umbilical tão
prorrogado impede o desenvolvimento das aptidões individuais e transforma, não
raramente, as relações familiares num pesado fardo.
Atitudes
hiperprotetoras não só prejudica a quem as recebe como também a quem as
transmite, pois, se colocando em situação superior, contribui para que haja uma
baixa autoestima progressiva nos seus subjugados, social e economicamente
dependentes.
Precisamos,
entretanto, pensar que, a partir do fim do século passado e início deste,
grandes crises econômicas têm assolado a humanidade e ficou muito difícil que
recém-formados nas diversas carreiras, conseguissem sobreviver com suas
próprias rendas. Note-se também que os jovens atuais já querem começar com o
mesmo padrão de vida em que estariam terminando seus pais e avós.
A
propaganda, ávida de consumo, acena para valores praticamente inatingíveis.
Como não tínhamos essas tentações, nos contentávamos com um padrão progressivo
de bem estar através dos anos vividos - e sempre conseguido com muito trabalho
e obstinação.
Por
outro lado, pais e avós que poderiam estar usufruindo plenamente o resultado do
seu trabalho, veem as suas parcas aposentadorias, ou o que conseguiram
amealhar, serem tragadas por essa nova carga de responsabilidades,
outrora impensável.
Fomos
a última geração a cuidar dos seus ascendentes, empenhados que éramos em que
nada lhes faltasse na velhice.
A
inversão de valores ocorrida nos tempos modernos condicionou descendentes muito
mais egocêntricos e sempre muito mais preocupados com as leis de herança, e
menos com a verdadeira entrega de afeto aos idosos, tão vulneráveis aos
desencantos nessa última etapa de vida.
Assustam-me
sempre histórias em que interesses econômicos explícitos, nublam os
relacionamentos entre pais, filhos e avós. Claro que nesse processo, sempre os
mais velhos e, portanto, os mais fragilizados física e emocionalmente, são os
grandes derrotados.
Infelizmente,
um grande número não resiste à triste realidade que se lhe apresenta ao final dessa
viagem e sucumbe em absoluta penúria emocional.
Gabriel Novis Neves
08-05-2013
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