domingo, 12 de maio de 2013

CORDÃO UMBILICAL


Cada vez mais a raça humana vem retardando o corte de seu cordão umbilical em termos de real preparo para a vida adulta.
Isso impede o amadurecimento das pessoas por muito mais tempo do que o que seria desejado. Nos países mais desenvolvidos esse desmame é mais precoce, e obrigatório.
Em países como o nosso, mais paternalistas, não raro vemos adultos com mais de trinta anos vivendo a expensas dos pais. Esse corte do cordão umbilical tão prorrogado impede o desenvolvimento das aptidões individuais e transforma, não raramente, as relações familiares num pesado fardo.
Atitudes hiperprotetoras não só prejudica a quem as recebe como também a quem as transmite, pois, se colocando em situação superior, contribui para que haja uma baixa autoestima progressiva nos seus subjugados, social e economicamente dependentes.
Precisamos, entretanto, pensar que, a partir do fim do século passado e início deste, grandes crises econômicas têm assolado a humanidade e ficou muito difícil que recém-formados nas diversas carreiras, conseguissem sobreviver com suas próprias rendas. Note-se também que os jovens atuais já querem começar com o mesmo padrão de vida em que estariam terminando seus pais e avós.
A propaganda, ávida de consumo, acena para valores praticamente inatingíveis. Como não tínhamos essas tentações, nos contentávamos com um padrão progressivo de bem estar através dos anos vividos - e sempre conseguido com muito trabalho e obstinação.
Por outro lado, pais e avós que poderiam estar usufruindo plenamente o resultado do seu trabalho, veem as suas parcas aposentadorias, ou o que conseguiram amealhar, serem  tragadas por essa nova carga de responsabilidades, outrora impensável.
Fomos a última geração a cuidar dos seus ascendentes, empenhados que éramos em que nada lhes faltasse na velhice.
A inversão de valores ocorrida nos tempos modernos condicionou descendentes muito mais egocêntricos e sempre muito mais preocupados com as leis de herança, e menos com a verdadeira entrega de afeto aos idosos, tão vulneráveis aos desencantos nessa última etapa de vida.
Assustam-me sempre histórias em que interesses econômicos explícitos, nublam os relacionamentos entre pais, filhos e avós. Claro que nesse processo, sempre os mais velhos e, portanto, os mais fragilizados física e emocionalmente, são os grandes derrotados.
Infelizmente, um grande número não resiste à triste realidade que se lhe apresenta ao final dessa viagem e sucumbe em absoluta penúria emocional.

Gabriel Novis Neves
08-05-2013

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