sexta-feira, 2 de agosto de 2013

SEM LENÇO

Na época dos Festivais da Música Popular Brasileira, transmitidos pela incipiente televisão brasileira, houve uma canção que marcou uma época: Alegria, Alegria, com o famoso refrão “sem lenço, sem documento”.
A pressão das ruas para que se resolva imediatamente o grave problema da nossa Saúde Pública, obrigou o governo a tomar medidas emergenciais que só surtirão efeitos - se houver sucesso – lá pelo ano 2022, segundo os especialistas nesta área.
Existe um abismo de nove anos nos separando deste sonho.
Neste período milhares de inocentes continuarão morrendo por total incompetência do governo, que só se preocupa com a perpetuação no poder.

A medida do governo federal em esticar o Curso de Medicina de seis para oito anos foi a solução encontrada para amansar a carneirada.
Nem irei analisar o aspecto jurídico da tal decisão. Qualquer calouro do Curso de Direito sabe ser inconstitucional essa proposta.
Sob o ponto de vista prático, a iniciativa é de uma alienação total. Obrigar um recém-graduado a trabalhar em municípios sem as mínimas condições de atendimento primário em saúde é um crime hediondo.
Além do mais, esses jovens médicos não terão apoio de uma necessária estrutura acadêmica.
O objetivo do governo é colocar, em mais de mil municípios brasileiros, um médico recém-graduado com licença especial dos Conselhos Regionais de Medicina para, durante dois anos, prestarem serviço social obrigatório.
O governo irá ter uma mão de obra barata e desqualificada para os pobres.
Essas medidas não foram tomadas por gente honesta, mas por poucos habitantes do Palácio do Alvorada, e de uma maneira autoritária, sem ao menos ouvir aqueles que conhecem o sofrimento dos pacientes.
São burocratas burros, loucos pela perpetuação desse grupo  que tanto mal fez, e faz, ao Brasil no poder.
E pensar que há dez anos está parado no Congresso Nacional um projeto de lei que resolveria, em curto prazo, a fixação do médico no interior. Mais um apertão das ruas e seria aprovado, a toque de caixa, a criação da carreira de estado de médico de Atenção Básica de Saúde.
Concurso imediato, e por classificação, os aprovados iriam povoar nossos desérticos e desumanos municípios, pressionando governadores e prefeitos a lhes oferecerem condições mínimas de trabalho.
Essas espatafúrdias e infundadas providências tomadas pelo governo das passeatas e das vaias transmitem ao povo brasileiro a ideia de um governo “sem lenço, sem documento”.
Pobre povo brasileiro!

Gabriel Novis Neves
 11-07-2013

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