terça-feira, 20 de agosto de 2013

PROFISSÃO ESTADISTA

Deveria existir uma carreira de estadista para quem quisesse se alvoroçar em se tornar um Chefe de Estado.
No Brasil isso não tem sido muito levado em conta. Nos últimos vinte anos apenas o sociólogo Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República, apresentava qualidades para o exercício dessa função.
Gostando ou não de suas ideias neoliberais, havia uma espécie de orgulho nacional quando ele ocupava tribunas no mundo todo falando fluentemente em quatro idiomas.
A necessidade de dominar a língua em que o idioma está sendo falado é fundamental para a veracidade do que se diz.
Nem tradutores, muito menos as máquinas de tradução simultânea, conseguem transmitir a emoção do palestrante.
Vivenciamos isso com a vinda do Papa Francisco. Seus melhores discursos foram feitos na sua língua materna, de improviso.
Foi quando pôde mostrar todo o brilho e rapidez de seu raciocínio, tanto no discurso para a comunidade argentina feito na Catedral do Rio de Janeiro, como no proferido ao final de sua estada no Sumaré para os bispos.
Ficou evidenciado para todos a sua grande inteligência, cultura e facilidade de comunicação.
Se o Papa tivesse feito os discursos que fez num português fluente, teria sido mais convincente, uma vez que os proferidos em espanhol foram disparados muito melhores.
Quem sabe aí fique uma sugestão para que os próximos candidatos a cargos públicos exponenciais se dediquem a cursos especiais, talvez até os exigidos para ingressar na carreira diplomática, a fim de que possam nos representar plena e convincentemente em vários idiomas.
Precisamos, urgentemente, pelo menos voltar a admirar a nossa classe política do ponto de vista cultural, mesmo discordando de algumas de suas práticas.
Será tão difícil voltarmos a ter políticos éticos, cultos e inteligentes e que tanto nos encantavam com a sua retórica?
Pena que o “esperanto”, ideal de uma língua universal, teve os seus dias contados.
Interessante observar que os últimos estudos em neurociência comprovam que pessoas que falam vários idiomas possuem um cérebro mais elaborado, estando, inclusive, mais protegidos das doenças cerebrais degenerativas.
Escolas americanas já estão colocando em seus currículos o aprendizado de mais um ou dois idiomas, coisa até então inimaginável, já que o inglês é considerado uma língua universal.
Claro que não nos esquecemos da China, que está na corrida pela hegemonia da economia mundial, daí a grande procura por aulas de mandarim.

Gabriel Novis Neves
03-08-2013

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