quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Solução

O Ministro da Saúde encontrou um jeito de resolver o problema de transplantes de órgãos no Brasil.
“Chamou para o front, como parceiro, o Facebook, apostando ampliar o número de transplantes feitos no Brasil”.
Alguma coisa está errada. Ou o Ministro da Saúde está em outro planeta ou eu preciso urgente de uma internação em manicômio para pessoas de alta periculosidade.
Não tenho notícias de lugar nenhum do planeta Terra que faça transplantes de órgãos sem hospitais, equipes de saúde multidisciplinares qualificadas, treinadas e motivadas.
Vejamos o que poderá fazer o Facebook em nosso Estado para realizar transplantes de órgãos.
Não existe nenhum hospital público ou privado credenciado para esse tipo de procedimento, com exceção de transplante de córneas feito em uma clínica privada.
Oportuno lembrar que, há mais de vinte anos, em um hospital beneficente administrado por uma sociedade civil sem fins lucrativos - o antigo Hospital Geral e Maternidade de Cuiabá - hoje gerenciado por uma instituição privada de ensino - o Hospital Geral Universitário (HGU) - foi realizado o primeiro transplante renal em Mato Grosso.
Posteriormente, mais dois hospitais privados, com eficiência, faziam esse procedimento, contando nas estatísticas mais de trinta transplantes de rim.
Com o desmonte da nossa precária saúde pública, há mais de cinco anos não se realiza um transplante na região onde funcionam três escolas médicas, e no Estado que abrigará mais duas a partir do próximo ano (Rondonópolis e Sinop).
A promessa do governo federal, em parceria com o Estado, de construir ou adaptar um hospital para transplantes de órgãos, foi mais um daqueles factoides que surgem em período eleitoral.
Com as ruas pedindo a reabertura de, pelo menos, o setor de transplante renal, pelo número elevado de pacientes que nos centros de hemodiálise aguardam a morte anunciada, o governo do Estado anunciou a liberação de metade dos recursos federais para o Hospital de Transplantes, que atenderia todo o nosso território e Estados vizinhos como Rondônia e Acre, principalmente.
O restante dos recursos estava empenhado! A farsa foi tamanha que alugaram um excelente hospital privado fechado, para reforma e adequação.
Por muito tempo pagaram aluguel do local onde seriam realizados transplantes de coração, fígado, rim, medula óssea, pele, osso e córnea, em um primeiro momento.
Tudo plantado para alavancar a candidatura do candidato do sistema à prefeitura de Cuiabá. O castigo veio a galope e o candidato oficial perdeu as eleições.
Nunca mais falaram na tal solução, que será resolvida pelo Facebook.
Típico caso de crime eleitoral contra a população.
Falta vontade política e credibilidade ao governo criador de factoides, que causa tantas mortes de inocentes, assim como suas esperanças para resolver esse urgente problema.
Existem doadores de órgãos neste Estado, mas a presença do poder público é nula. Não temos hospitais apropriados nem equipes médicas treinadas e preparadas para a retirada de órgãos humanos, e suporte técnico para o encaminhamento desses órgãos aos centros mais desenvolvidos do Brasil.
O pior é quando um paciente pobre consegue atendimento fora do nosso Estado. Quando retorna e vai à busca dos medicamentos contra a rejeição fornecida pela Farmácia de Alto Custo, não os encontra, perecendo da mesma forma como centenas que vivem graças às máquinas de diálise.
A baderna instalada na nossa saúde pública é incompatível com um país civilizado.
Quando a população vai às ruas protestar contra o abandono que estão, são chamados de baderneiros!
Essa é a nossa realidade - com um imenso abismo separando classes sociais.
A ética pública há tempo foi sepultada pelo governo, que só pensa em eleições, fazendo acordos até com o demônio para perpetuar-se no poder, esquecendo-se de cuidar da vida da nossa população.
Talvez pelo Facebook do Ministro da Saúde, teremos também acesso à educação de qualidade para todos, segurança, transporte e uma vacina contra a inflação que recidivou, diminuindo os postos de serviço e matando o nosso crescimento econômico.
Que solução, senhor ministro! Haja criatividade tecnológica!

Gabriel Novis Neves

09-08-2013

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