O
Ministro da Saúde encontrou um jeito de resolver o problema de transplantes de
órgãos no Brasil.
“Chamou
para o front, como parceiro, o Facebook, apostando ampliar o número de
transplantes feitos no Brasil”.
Alguma
coisa está errada. Ou o Ministro da Saúde está em outro planeta ou eu preciso
urgente de uma internação em manicômio para pessoas de alta periculosidade.
Não
tenho notícias de lugar nenhum do planeta Terra que faça transplantes de órgãos
sem hospitais, equipes de saúde multidisciplinares qualificadas, treinadas e
motivadas.
Vejamos
o que poderá fazer o Facebook em nosso Estado para realizar transplantes de
órgãos.
Não
existe nenhum hospital público ou privado credenciado para esse tipo de
procedimento, com exceção de transplante de córneas feito em uma clínica
privada.
Oportuno
lembrar que, há mais de vinte anos, em um hospital beneficente administrado por
uma sociedade civil sem fins lucrativos - o antigo Hospital Geral e Maternidade
de Cuiabá - hoje gerenciado por uma instituição privada de ensino - o Hospital
Geral Universitário (HGU) - foi realizado o primeiro transplante renal em Mato
Grosso.
Posteriormente,
mais dois hospitais privados, com eficiência, faziam esse procedimento,
contando nas estatísticas mais de trinta transplantes de rim.
Com
o desmonte da nossa precária saúde pública, há mais de cinco anos não se
realiza um transplante na região onde funcionam três escolas médicas, e no
Estado que abrigará mais duas a partir do próximo ano (Rondonópolis e Sinop).
A
promessa do governo federal, em parceria com o Estado, de construir ou adaptar
um hospital para transplantes de órgãos, foi mais um daqueles factoides que
surgem em período eleitoral.
Com
as ruas pedindo a reabertura de, pelo menos, o setor de transplante renal, pelo
número elevado de pacientes que nos centros de hemodiálise aguardam a morte
anunciada, o governo do Estado anunciou a liberação de metade dos recursos
federais para o Hospital de Transplantes, que atenderia todo o nosso território
e Estados vizinhos como Rondônia e Acre, principalmente.
O
restante dos recursos estava empenhado! A farsa foi tamanha que alugaram um
excelente hospital privado fechado, para reforma e adequação.
Por
muito tempo pagaram aluguel do local onde seriam realizados transplantes de
coração, fígado, rim, medula óssea, pele, osso e córnea, em um primeiro
momento.
Tudo
plantado para alavancar a candidatura do candidato do sistema à prefeitura de
Cuiabá. O castigo veio a galope e o candidato oficial perdeu as eleições.
Nunca
mais falaram na tal solução, que será resolvida pelo Facebook.
Típico
caso de crime eleitoral contra a população.
Falta
vontade política e credibilidade ao governo criador de factoides, que causa
tantas mortes de inocentes, assim como suas esperanças para resolver esse
urgente problema.
Existem
doadores de órgãos neste Estado, mas a presença do poder público é nula. Não
temos hospitais apropriados nem equipes médicas treinadas e preparadas para a
retirada de órgãos humanos, e suporte técnico para o encaminhamento desses
órgãos aos centros mais desenvolvidos do Brasil.
O
pior é quando um paciente pobre consegue atendimento fora do nosso Estado.
Quando retorna e vai à busca dos medicamentos contra a rejeição fornecida pela
Farmácia de Alto Custo, não os encontra, perecendo da mesma forma como centenas
que vivem graças às máquinas de diálise.
A
baderna instalada na nossa saúde pública é incompatível com um país civilizado.
Quando
a população vai às ruas protestar contra o abandono que estão, são chamados de
baderneiros!
Essa
é a nossa realidade - com um imenso abismo separando classes sociais.
A
ética pública há tempo foi sepultada pelo governo, que só pensa em eleições,
fazendo acordos até com o demônio para perpetuar-se no poder, esquecendo-se de
cuidar da vida da nossa população.
Talvez
pelo Facebook do Ministro da Saúde, teremos também acesso à educação de
qualidade para todos, segurança, transporte e uma vacina contra a inflação que
recidivou, diminuindo os postos de serviço e matando o nosso crescimento
econômico.
Que
solução, senhor ministro! Haja criatividade tecnológica!
Gabriel
Novis Neves
09-08-2013
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