terça-feira, 20 de julho de 2010

REESTRÉIA

Ontem, a noite foi marcante para mim. Tive a honra de ser convidado para um programa de televisão, no horário nobre, para dar uma entrevista ao vivo. São as minhas preferidas – as entrevistas ao vivo. Então, após um longo período afastado da TV, ali estava o cidadão, eu no caso, pronto para enfrentar os “ataques” do Quico e Marcelo, jovens jornalistas que acabara de conhecer nos estúdios da TV Cuiabá.

Não senti o tempo passar, sinal que a dupla de entrevistadores é da melhor qualidade profissional. Falamos de tantas coisas sérias, num ritmo para serem levadas a sério - o humor. O tempo do programa se esgotou. Notei certa frustração no Quico e Marcelo. Havia uma pauta a ser seguida, com o foco principal na área da saúde. O tempo acabou e nem dez por cento da pauta foi cumprida, embora discutíssemos o tempo todo, inclusive sobre saúde.

Jovens jornalistas! Eles não devem conviver muito com idosos! Não sabem que os velhos nunca deixam esgotar um assunto. Esse comportamento é proposital, para se criar o hábito do retorno para a conclusão do assunto sem fim, evitando a solidão. Para mim a comunicação humana é um dos três prazeres fundamentais do ser humano. É o oxigênio que não deve faltar nunca, especialmente para quem está dobrando “O Cabo da Boa Esperança.”

De retorno à minha casa, ligo o computador e encontro uma mensagem. Era de uma amiga que assistiu a entrevista. Sua mensagem: “- Gostei do gel no cabelo”. Pelo visto o meu cabelo chamou mais a atenção do que o conteúdo da entrevista. Tudo bem, pelo menos um ponto positivo.

Hoje pela manhã ao chegar ao Hospital para trabalhar, o porteiro do estacionamento ao abrir o portão, me cumprimenta assim “- Boa a entrevista do senhor, doutor.” Agradeci, e ele continuou: “- Nunca tinha pensado que o tão difamado Pronto Socorro é o que tem menos culpa no péssimo atendimento da saúde em Cuiabá. Agora sei que não tem um responsável, mas vários. É bom saber dessas coisas, especialmente agora (referindo se as eleições). Ele emenda: “- É por isso que gosto de assistir esses programas.” Agradeço ao meu colega de trabalho e chego ao consultório.

Fiquei satisfeito com essas observações, feitas quando grande parte da população ainda dorme aproveitando o friozinho, tão raro na nossa cidade. Obrigado jovens. Descobri que não há choque de gerações num ambiente despido de vaidades, onde todos são iguais e a etiqueta não tem valor.


Gabriel Novis Neves (7.5 + 08)
14/07/2010

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.