terça-feira, 27 de julho de 2010

Pequenas tarefas

Nasci no mês de julho. Motivo principal que me arrancou da minha toca hoje à tarde. Aproveitei que ia mesmo sair, para executar pequenas outras tarefas que exigiam a minha atenção. Calculei que ficaria no máximo uma hora na rua. Mas qual! Essas pequenas tarefas me tomaram a tarde toda.

Como o frio foi embora, graças a Deus, deixei o carro na garagem e fui a pé. Queria evitar o aborrecimento de tentar encontrar uma vaga para estacionar o carro nesta cidade. Um horror!

Nasci no mês de julho, como falei. Por isso tive que me apresentar a um órgão do governo federal para provar que continuo vivo. Isto tem um nome burocrático: recadastramento dos funcionários públicos federais aposentados! Os que estão em atividade são controlados pela assinatura do ponto. Ainda dizem que neste país não há fiscalização e controle! Neste caso tem. A funcionária que me atendeu me informou que enquanto eu estiver vivo, todos os anos, no mês do meu aniversário, eu tenho que ir à repartição provar que ainda não morri. Assinei alguns papéis e pronto, estava liberado. Este pequeno procedimento burocrático demorou quase uma hora. Meu relógio marcava tres horas da tarde quando cheguei. O motivo da demora: simplesmente os funcionários ainda não tinham chegado. E eram tres horas da tarde! A garrafa térmica azul, com o tradicional cafezinho, deixada no piso da ante-sala, atestava o atraso dos funcionários. É hábito no serviço público a distribuição do cafezinho às duas horas da tarde. O café já devia até estar frio quando os funcionários resolveram ir trabalhar.

Vou para a minha segunda tarefa do dia. Desta vez em um banco privado, para levar os meus boletos de cobrança de aluguel do meu consultório no hospital, para serem creditados em conta. Pensei que isso seria rápido, pois existe até uma lei determinando o tempo que um cliente deve esperar na fila para ser atendido. Mesmo amparado pela lei dos idosos, que permite furar fila, nunca utilizei deste direito. O tempo de espera levou a lei da permanência para ser atendido, para as cucuias. Quando chegou a minha vez de ser atendido um jovem muito forte, com a proteção da atendente do banco, passa na minha frente. O assunto deveria ser muito importante para tal fato acontecer. Eu reclamar? Nunca! Pensei em tantas coisas importantes que poderiam estar por trás daquele ato, que permaneci na fila. Como a demora estava se estendendo muito, sou chamado para ser atendido por outra funcionária. Falei que o meu caso era uma bobagem e entreguei-lhe os meus boletos até dezembro. Impossível atender a minha solicitação, me diz a funcionária. Só com o cartão de crédito. Como não tenho, fui embora. Frustrado, claro!

Vou para a minha última tarefa. Fazer uma cópia da chave do meu consultório. “Seo” João, o chaveiro, me informa que o modelo solicitado está em falta, e deve chegar até o final da semana. Outra frustração.

Volto para casa desacorçoado, e já estava anoitecendo! Difícil executar pequenas tarefas hoje em dia! Afinal passei à tarde na rua só para provar ao governo, que estou vivo.

Gabriel Novis Neves (21 + 15)

21-07-2010

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