domingo, 4 de julho de 2010

Ingenuidades sociais

O que se percebe hoje em dia é um excesso de credulidade das pessoas. Em outras palavras posso dizer que a cada dia aumenta em nossa cidade o número de pessoas dotadas de grande ingenuidade. Pessoas simples, do povo, de boa vontade que acreditam que podem resolver problemas que afligem certa parcela da população, somente com a ajuda da sociedade.

A área social é o grande alvo dessas pessoas. A calamitosa situação do nosso “social” é a responsável por criar um terreno propício à propagação de obras assistenciais clandestinas, criadas com o único intuito de tentar resolver esses problemas inadiáveis. Crêem em demasia no apoio da população para a sustentabilidade de suas obras. Dessa forma são inauguradas creches, escolas de qualidade canadense, centros de recuperações destinados aos dependentes químicos, alojamentos para pobres que saem do interior procurando atendimento médico, clínicas de apoio às gestantes precoces, enfim, a lista, infelizmente, é longa.

O que me revolta e intriga, é que todas essas importantes medidas tomadas e necessárias são de responsabilidades do governo. O mais revoltante ainda é que o Governo cobra, e o povo paga, altíssimos impostos – correspondente a cinco meses de trabalho. Essa arrecadação vultosa, na mais das vezes, se extravia pelo caminho da corrupção e o trabalhador não vê seus impostos se frutificarem em benefícios sociais.

As eleições se aproximam, e o que mais escutamos dos políticos são promessas de uma atuação radical na área do social. Mas qual! Já somos gatos escaldados em matéria de promessas feitas e não cumpridas. Votar bem ainda é a esperança da maioria, mas não a solução de todos os nossos problemas. E o povo vota porque é obrigação.

Fico pensando no volume de dinheiro arrecadado e jogado fora em ações inúteis. A sua falta inviabiliza o sonho de muita gente. É uma loucura retirar esses deveres, principalmente das secretarias de saúde e educação. É louvável o trabalho dos ingênuos, que sonham com um mundo maravilhoso, e iniciam os seus projetos, sem um mínimo de condições. Também desconhecem a lei da responsabilidade, que proíbe o início de qualquer obra sem os recursos destinados a sua total execução e posterior custeio. Essa aventura de começar sem nada e depois captar recursos, eu só conheço no comércio da fé, explorando justamente aqueles que precisam de saúde, educação e trabalho. Fico comovido com tanta gente nos semáforos pedindo dinheiro para os seus sonhos, não contando com os tradicionais telefonemas de entidades filantrópicas (!). O que me consola é que “a ingenuidade não foi feita para durar”.

Gabriel Novis Neves
28/05/2010

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