terça-feira, 13 de julho de 2010

O iconoclasta

Como tenho algumas horas vagas no dia, resolvi fazer um curso básico de Direito Penal. Não chega a ser uma especialização. Pela carga horária diria que se trata de um curso básico mesmo. Básico dos básicos. É importante que todos tenham certas noções de Direito Penal, principalmente para os que escrevem – mesmo os clandestinos, como é o meu caso. É importante para podermos nos resguardar e evitar o terrível esparadrapo na boca, as infindáveis audiências de conciliações e as estratosféricas despesas com advogados. Sem falar das frequentes ameaças que recebemos, constrangimentos a que somos submetidos e campanhas difamatórias de que somos alvo. Eu já tive a minha cota de campanha difamatória: a “das faixas”, lembram?

O meu professor é competente e compreensível - às vezes me orienta até fora de hora. Hoje em dia é difícil encontrar um mestre como o meu. Na semana passada o assunto da aula foi: tipos de homens. Desconhecia completamente a existência de vinte e três espécies de homens. Tipos interessantíssimos somos nós! Ontem a aula foi sobre o iconoclasta. O nome não lembra coisa de receituário médico? Mas não é nada nem parecido. Aí de nós se ele não existisse! O iconoclasta é aquele tipo de homem que “prova com suas blasfêmias que este ou aquele ídolo não passa de uma besta e deixa dúvidas, pelo menos num dos que o ouvem.”

Após deixar passar os murmurinhos na sala, levantados pelo impacto da definição de iconoclasta – principalmente no “Índio Véio” - o nosso sábio professor continua a explanação nos contando uma parábola: “a mente humana avançou muito desde que alguns gaiatos depositaram gatos mortos em santuários e depois saíram pelas ruas espalhando que aquele deus no santuário era uma fraude - provando a todo mundo que a dúvida era uma coisa legítima.” Levantei o indicador da minha mão direita e disse ao professor que esse texto era de 1924, de Mencken. Tranquilamente ele me responde: “O que abunda não prejudica.”

A partir daquele dia, comecei a reconhecer virtudes nessa área anatômica citada pelo meu professor de Direito Penal. Acho que sou iconoclasta.

Gabriel Novis Neves (7.5 + 05)
11/07/2010

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