domingo, 25 de julho de 2010

A história da caixa preta

Como admirador da sétima arte lembro-me dos últimos filmes exibidos em Cuiabá. Não obedecendo à ordem cronológica, posso facilmente relembrar alguns. Garanto que muita gente também irá ter saudades (!). “Quebra de paradigmas”, “O jeito novo de governar”, “Objetividade”, “Transparência e ética”, “Polícia militar no comando do executivo”, “Diz-me com quem andas”, “Os mafiosos” e o de maior sucesso no meu entender, “A Caixa preta”.

Já assisti a inúmeros governos nascendo e morrendo. O nascimento é ruidoso, “espetaculoso”, grandioso. A primeira ação do novo governante é destruir o seu antecessor utilizando-se de todas as armas - a preferida é a calúnia. É tiro certeiro e mortal no adversário vencido, numa demonstração de total falta de educação política: entender que terminado o embate político, o vitorioso tem que trabalhar e solucionar os problemas da população que acreditou em suas propostas elegendo-o. Ao derrotado resta lamber as feridas da derrota até a sua cicatrização. É assim o início.

O final do governo geralmente é melancólico. Os ratos começam a abandonar o porão do navio prestes a afundar. Se o comandante é religioso e crente em Deus, chegou o momento de pedir perdão. Muitos dos ofendidos já partiram deste plano encurtando a sua permanência entre nós por não suportarem a perseguição. Hoje descansam como é o caso do “homem da caixa preta” ou “o mafioso”. Temos uma polícia de primeiro mundo. Onde está a caixa preta? Foi apenas um filme mortal, creio. E os mafiosos que morreram pobres deixando como herança a maldição da covardia e imaturidade a que foram submetidos? A hora do perdão chegou. Geralmente é escolhida para este ato de perdão, a pessoa mais idosa da família ofendida. Outra maldade. O idoso é fragilizado, sofre com as mazelas do mundo e fácil e inocentemente se entrega ao “santo perdoador”.

Que tristeza! O último perdão que tomei conhecimento me deu a exata dimensão da pequenez das pessoas. E o mistério da caixa preta que matou física e moralmente muita gente?

O diretor do filme afirma que tudo não passou de uma obra de ficção. Qualquer semelhança com acontecimentos ou pessoas, vivas ou mortas, é mera coincidência.

Gabriel Novis Neves

13-09-2009

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