quinta-feira, 22 de julho de 2010

Casa de enforcado

“Em casa de enforcado não se fala em corda”, diz a sabedoria popular. Por estas bandas é aconselhável não falar de “serra” e “índio”. Não dá certo. Ainda mais falar mal! Nem em pensamento, eu diria! Principalmente agora, com as eleições se aproximando. É uma temeridade, nos alertam os mais velhos.

Pois bem. A candidata oficial ao governo do Brasil - que nem precisa nos visitar para pedir votos, já que tem o apoio integral dos que por aqui dizem ter votos - esta semana em Uberlândia (MG) falou mal de “serra” e “índio.” Essa notícia foi matéria nos principais jornais do Brasil e Mato Grosso. O jornalista responsável foi Brás Henrique de Uberlândia - AE. Em virtude desse fato, acho oportuno esclarecer à candidata, caso tenha a pretensão de visitar o nosso Estado – apesar de achar uma visita desnecessária – que ela, por favor, evite tocar no polêmico assunto “serra” e “índio”. Se assim for, com certeza criará sérios constrangimentos aos seus apoiadores, na maioria com traumas de “serra” e “índio.” Por quê? Ora bolas! Se não fosse “serra,” o que seria do nosso estado? Apenas, e tão somente, uma enorme floresta - habitada por “índio.”

O nosso ecossistema não daria motivos para o surgimento dos ambientalistas, que na sua imensa maioria apareceu após a destruição do nosso meio ambiente.

Não é aconselhável na terra de Rondon falar mal de “índio.” Atualmente os “índios” estão mais ou menos distribuídos no nosso território, em trinta e oito etnias. É uma civilização de origem pré-colombiana, com a sua língua, cultura e organização social de acordo com as suas crenças e temores. Eu falei é? Desculpem-me! Era, mas não é mais. A civilização que falei existiu, porém, antes da “serra.”

Os índios de Mato Grosso hoje possuem nova roupagem. As aldeias são dotadas de computadores, telefones móveis, GPS, carros, tratores, caminhões, aviões, contas bancárias, fazendas, e alguns são políticos dos partidos dos brancos.

Então fica assim: em Mato Grosso é proibido falar mal de “serra” e “índio.”

É fria.

Gabriel Novis Neves (7.5 + 15)

21-07-2010

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