quinta-feira, 15 de julho de 2010

Projeto Aripuanã 2010

Concebido em uma chácara no Coxipó da Ponte em 1971, nascido em Brasília em agosto de 1972, na 1ª Reunião dos Reitores das Universidades Públicas Brasileiras (CRUB), batizado em 1973, na Cachoeira das Andorinhas, no então maior município do mundo - Aripuanã.

A utopia da ocupação racional da Amazônia recebeu o nome de Cidade Científica de Humboldt. Esta cidade foi totalmente planejada e construída pela saudosa Universidade da Selva (UNISELVA). Uma verdadeira operação de guerra foi montada a partir de Vilhena, em Rondônia, para a ocupação da área. Isto só foi possível pelo apoio do governo federal, envolvendo vários ministérios e o entusiasmo de uma geração de utópicos. O mundo aguardava uma resposta científica para a nossa cobiçada Amazônia.

Estava materializado o grande sonho e a disciplina principal a ser estudada era a amazonologia. Cientistas brasileiros, especialmente os do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Evandro Chagas, do Pará e da Uniselva foram os seus primeiros moradores. Todos tinham um objetivo comum - promover o desenvolvimento sustentável da floresta (1971). O primeiro aviso que recebemos de Aripuanã naquela época pelo rádio, na base de operações do Coxipó, sede da UNISELVA, foi o pedido de imediata inversão do consagrado binômio ensino-pesquisa, para pesquisa-ensino. Assinava a mensagem, não um pesquisador com formação em Harvard, porém o homem da floresta, o maior conhecedor desse mundo até hoje fascinante com as suas surpresas. Nome do autor da mensagem? Ceremecê, o grande cacique xavante, nosso colaborador do saber amazônico. Justificativa: “Ninguém ensina o que não sabe, ainda mais em nível de universidade”.

Foi o Projeto Aripuanã que viabilizou a recém-nascida UNISELVA hoje UFMT. Também provocou a visita do futuro presidente do Brasil a nossa sede no Coxipó. Queria conhecer melhor a metodologia proposta de uma jovem universidade, em inverter ensino-pesquisa, montar uma cidade científica na selva, e assumir o compromisso de desenvolver Mato-Grosso, respeitando o meio ambiente, onde os cientistas de todo o mundo participaria, juntamente com os saberes dos povos da floresta. Claro que não iríamos nos esquecer das artes e nossa cultura, como também com a formação de gente.

A nossa ambição maior era construir uma usina de conhecimentos na selva. Essa visita do futuro presidente do Brasil a nossa sede, foi o fator definitivo para, no seu governo, colocar em execução a sua velha tese da redivisão territorial do Brasil. Com essas duas ações imediatas - viabilização da UNISELVA e redivisão territorial de Mato-Grosso, o Projeto Aripuanã enfrentou grandes obstáculos. Internacionais, como a 2ª grande crise do petróleo, invibializando grandes distâncias em países em desenvolvimento. Nos governos atingidos como o Brasil, mudanças de rumo, retirando da prioridade os projetos de longas distâncias, entre outros Aripuanã. A pressão política dos migrantes, com dinheiro para o nosso estado, com a sua visão de progresso. Ele não significava o desenvolvimento que defendíamos.

Com boa bancada no Congresso Nacional e nas Assembléias Estaduais, a moto serra venceu a ciência para a nossa tristeza. As conseqüências desse desastre passaram às novas gerações. Desenvolvimento sustentável da Amazônia virou agora mote de campanha política. Reparem nos próximos programas eleitorais gratuitos. Mande alguém contar quantas vezes ouviremos esta frase dos destruidores das nossas florestas. Nunca mais quis saber notícias de Dardanelos, Cachoeiras das Andorinhas e da Fumaça que era na época o radar dos nossos pilotos. Quantas vezes na longa e angustiante viagem em monomotor sentíamos alívio ao identificar a fumaça produzida pelas quedas das águas.

Reencontrei Aripuanã 2010. O sonho não acabou. Uma nova fonte de recursos para pesquisa na região está surgindo para a nossa UFMT - herdeira da UNISELVA. Os tempos são outros, mas a compreensão atual é da UNISELVA. Precisamos da ciência e do conhecimento - única porta para se entrar no mundo civilizado.

Gabriel Novis Neves (7.5 - 02)
07/07/2010

Um comentário:

  1. meu querido adolescente magnifico REITOR GABRIEL é lamentável descobrir atraves de jornais a noticia que indios de 11 etnias mantem como refens trabalhadores na construção da usina de energia eletrica de DARDANELOS e que a UFMT não está tomando conhecimeto que esta luta das etnias é para manter os lugares sagrados como o cemitério onde estão enterrados os seus ancestrais e possivelmente CEREMECE que ensinou a esta UFMT que ninguem ensina o que não sabe mas já começa a administrar os recursos provenientes da energia gerada por DARDANELOS. A UFMT poderia entrar nesta luta até para defender o seu patrimonio histórico. Com a palavra a administração, a adufmat, a assunt, o dce e outros congeneres.

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