domingo, 18 de julho de 2010

DOMINGO NO SÉCULO XXI

Antigamente o domingo era um dia especialmente dedicado à leitura dos jornais e revistas. Eu lia tudo, até os anúncios nos velhos semanários. Os jornais dos domingos daquela época, eram tão volumosos, possuíam tantos encartes, que eram vendidos por quilo após terem sido lidos. De um modo geral, os leitores sempre recortavam algum artigo do seu interesse para guardar, antes de serem vendidos.

Hoje pela manhã o porteiro do meu edifício me entregou uma carga pesada de jornais e revistas. Após dar uma lida verifiquei que praticamente não se aproveita nada. A internet acabou com as surpresas e furos de reportagens nos jornais e revistas – neste aspecto a Internet é implacável e insuperável. Os escribas dos jornais, salvo raras exceções, seguem a pauta segundo os interesses políticos da empresa.

Com relação aos jornais e revistas locais, salvo também algumas exceções, só posso dizer que sinto um grande desgosto ao lê-los. É um verdadeiro escárnio. Difícil de suportar. A maioria participa daquela famosa “taxa de zelo”. Imposição dos governos. Temos revistas caríssimas editadas em São Paulo - com genética no Palácio Paiaguás - e outras em Goiânia. Justiça seja feita – algumas são editadas, e muito bem editadas, aqui mesmo em Cuiabá. Quase todas as matérias desses veículos de comunicação são oficiais. Mostram ao descuidado leitor – eleitor – o que não existe. Ah, sim, claro! A distribuição é gratuita. Fico aqui me perguntando: como uma empresa consegue fabricar um produto e não cobrar por ele? Eu, heim! Esse pessoal do poder acha que somos otários, ou no mínimo, ingênuos.

Só sei de uma coisa: o domingo perdeu a sua característica de leitura e comentários sobre os fatos importantes da cidade. Estevão de Mendonça, que escreveu a história de Mato Grosso baseado em recortes de jornais, hoje estaria aposentado com salário mínimo pelo INSS e contando suas histórias aos notívagos. Triste transformação deste país, que um dia produziu Machado de Assis e Rui Barbosa! Hoje produzimos os “que têm”, despreocupados com “aqueles que são”. Não é à toa que os principais jornais do Brasil e de Cuiabá fecharam as suas portas. Acabou o diálogo, o contraditório, a luta pelas idéias e pelos ideais.

Triste domingo do século XXI!

Gabriel Novis Neves (7.5 + 11)
17-07-2010

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