sábado, 3 de julho de 2010

IMPREVISÍVEL

Se a política é a ciência do imprevisível, imagine o futebol. Esta semana o nosso Presidente fez um discurso e repetiu uma frase antiga - a predileta dos nossos políticos para justificar o injustificável. Uns dizem que a autoria dessa frase, que faz parte do currículo de qualquer aspirante a um cargo eletivo, é de uma velha raposa mineira. São tantos os autores atribuídos a esta máxima, que não me arrisco a citar um nome: “Política é igual nuvem. Você olha pela manhã, ela tem uma configuração. À tarde a configuração é outra, ou nem existe mais.”

Nosso Presidente lançou mão dessa frase para tentar justificar certas alianças que tem patrocinado pelo Brasil afora. A mais imprevisível foi a do Maranhão. Aqui em nosso estado é incompreensível o que fizeram com a nossa Senadora. Foi uma nuvem que desapareceu, depois de freqüentar por longos anos o nosso céu de esperança por um Brasil mais justo e solidário. Se na política os nossos representantes são nuvens que desaparecem pelos ventos da vaidade, traição e interesses pessoais imaginem o resultado de um jogo de futebol.

Esta Copa no continente africano ofereceu diariamente resultados para alguns imprevisíveis, chamados de zebras. Interessante notar que as maiores vítimas, são as seleções dos países do continente das zebras e países colonizados por europeus. Até hoje quem está fugindo da zebra no continente americano, são as seleções da Argentina, Paraguai e Uruguai. Pelo andar da carruagem, essa Copa acabará em um país da América do Sul - salvo se um tufão provocar o deslocamento das nuvens. A dificuldade dos povos africanos para explicar o fiasco das suas seleções que sempre brilharam nas Copas da Europa será maior que a do Dunga. A eliminação do Brasil era tão previsível, que o meu compadre comentou - “aconteceu o acontecido”!

As seleções riquíssimas da Europa de tantos títulos mundiais e eliminadas prematuramente, a justificativa para o fracasso será a mesma que atormenta o nosso Presidente para explicar o inexplicável. Nesta Copa está acontecendo de tudo em termos de resultados. Foram montadas várias seleções, representando diferentes países com jogadores de clubes europeus. Assim como na política, estão montando coligações de partidos cujos critérios são apenas os minutos de televisão e rádio. Os resultados eleitorais têm tudo para serem iguais aos resultados das partidas da COPA.

A FIFA, que é uma das principais empresas multinacionais, esquece que a ganância pelo dinheiro retirou o público das “arenas” e acabou com a paixão do torcedor. Este torce pelo jogador do seu time. O eleitor, pela ideologia e história do seu partido. Como fazer um velho e apaixonado botafoguense, vibrar com um gol marcado por um jogador do Sevilha! É mais fácil ele vibrar com um gol uruguaio marcado pelo “Loco Abreu,” atacante do campeão carioca 2010. Com seleção de craques brasileiro-estrangeiros vestindo a amarelinha não há emoção que resista.

O mesmo acontece com certas coligações políticas que misturam comunistas com grandes empresários rurais. Representantes das fichas não limpas, com defensores da moral e ética. A política e o futebol lutam sempre por um objetivo comum: a vitória. Pouco se importando se a vitória for resultado de um desempenho brilhante ou produto de um erro do árbitro. Assim o imprevisível torna-se previsível e a mudança da nuvem não merece nem explicação. Está tudo explicado.

PS. A seleção de ex- jogador de clubes brasileiros chega ao Rio de Janeiro na madrugada de domingo...

Gabriel Novis Neves
02/07/2010

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