Sempre
fui um apaixonado pelas estatísticas. Quando diante de alguma delas
lembro-me do Embaixador Roberto Campos.
Economista
globalizado, sempre trabalhou com números e estatísticas, ferramentas vitais
nas economias capitalistas.
Certa
ocasião, viajando com ele pelo interior de Mato Grosso, conversamos sobre esse
assunto e suas interpretações.
Falei
para o experiente planejador e financista macro, da minha quase total descrença
em dados estatísticos.
Ele
ouviu-me com muita atenção. Ao final, educadamente, ele perguntou se eu tinha
conhecimento da sua posição sobre as estatísticas.
Disse
desconhecê-la, mas imaginava-o um escravo delas para as suas decisões.
Com
um ‘debochado’ sorriso disse-me que “estatística é igual a um biquíni, mostra
tudo e esconde o essencial”.
Esse
era o Roberto Campos, fraseólogo e gozador.
O
Embaixador tinha toda razão. Como elas são manipuladas! - principalmente pelos
homens do poder.
Neste
início de 2013 os preços de quase todos os produtos dispararam. Destaque para
os combustíveis. A nossa ex-poderosa Petrobrás está com desempenho pior que as
obras da Copa do Mundo em Cuiabá.
Fui
surpreendido por uma inusitada estatística divulgada pela “rádio que toca
notícia” sobre os dois primeiros dias do carnaval no Rio de Janeiro.
O
locutor informa que a briosa polícia do Rio prendeu cerca de seiscentas
pessoas, de ambos os sexos e nacionalidades diferentes, fazendo xixi nas ruas
da nossa ex- Cidade Maravilhosa!
O
curioso dessa estatística curiosa é que, dos presos, mais de cinquenta eram
mulheres.
Homem
fazer xixi na via pública depende de poucas habilidades e mais da esperteza.
Já
com as mulheres a anatomia não colabora, e elas tornam-se presas fáceis dos
implacáveis homens das leis.
O
ser humano não domina a natureza. Quando o recipiente coletor de excreção renal
atinge certo nível de distensão da musculatura lisa da bexiga, surge o reflexo
incontrolável da micção.
Para
que o esvaziamento fisiológico de um órgão excretor em lugares públicos seja
politicamente correto, são necessárias providências das nossas autoridades -
como a construção de banheiros públicos. E não, prisões com divulgação pela
mídia.
Caso
típico de estatística enganosa. Querem passar a imagem de que o povo é
baderneiro e mal educado. Estes dados publicados são iguais o biquíni. Mostra o
que todos viram, mas esconde o essencial: falta de planejamento para grandes
eventos, como o carnaval de rua no Rio de Janeiro.
Esse
descaso social se repete por todo o Brasil, impressionando desfavoravelmente os
nossos turistas.
Uma
sugestão para o próximo carnaval: peço à Prefeitura do Rio de Janeiro, e outras
cidades momescas, que providenciem a compra de fraldões geriátricos com
distribuição gratuita aos foliões de rua.
Ficaremos
livres das estatísticas de prisão por atentado ao pudor e da fedentina das
excreções fisiológicas.
Gabriel Novis Neves
11-02-2013
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